Uma Justificativa Aceitável...

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         Dipper engoliu em seco ao perceber que Ford também sabia sobre a sua tatuagem. Realmente, seu tio-avô não era nem um pouco tolo e percebia as coisas com muita facilidade. Sabendo que não adiantava negar, Dipper contou sobre o ritual feito, dias atrás. Disse que foi um modo que Bill arranjou para poder lhe proteger em caso de algo acontecer quando ele não estivesse presente.

        "Bill estava receoso em fazer, pois seria muito doloroso, mas eu quis assim mesmo!" – Dipper explicou. "E fizemos o ritual de união de mentes, juntos! Bill também carrega uma marca parecida com a minha. Ele disse que é uma tatuagem demoníaca que não pode ser apagada, de jeito nenhum!"

          "Então ele pode sentir o que você sente e vice versa..." – concluiu Ford, pegando seu caderno para anotar os detalhes. "Vocês estão ligados mentalmente."

           "Exatamente, tivô... e foi bom termos feito isso! Bill pôde salvar a mim e ao Tom quando o trio de valentões nos emboscou no banheiro da escola, no dia seguinte! Se não fosse ele, Big Louis e seus capangas teriam nos agredido covardemente!"

         "Dipper, você quer dizer que o que aconteceu àqueles rapazes foi obra do Bill?" – Ford ficou admirado. "E ele mandou dois deles para o hospital, todo arrebentados?"

         "Ele não tocou neles, tivô..." – Dipper o defendeu. "Bill parou o tempo no último instante antes do Big Louis me acertar um soco... Depois, ele mandou que eu tirasse Tom do banheiro e castigou-os. Bill manipulou as coisas para parecer que o Big Louis espancou seus amigos no banheiro. Ele fez o canalha acreditar que estava batendo em mim e no Tom... e deixou que os monitores entrassem no banheiro, assim que achou que era o suficiente!"

        "Devo admitir que não esperava essa atitude dele..." – Ford comentou. "O Bill que conheci teria torturado eles até a morte! E faria que sofressem bastante..."

         "Bill me prometeu que não mataria ninguém! Mas, não os deixaria escaparem impunes, dessa vez!" – Dipper respondeu. "Bill é um demônio de palavra!"

         "E imagino que Bill tenha feito de modo a causar bastante estrago: dois rapazes internados e um terceiro, preso, acusado de agressão e tentativa de homicídio!" – Ford completou.

         "Eram eles ou nós... e honestamente, eles mereceram o castigo!" – afirmou Dipper. "Podiam ter matado alguém com aquela bomba na lixeira... tudo foi planejado para que pudessem nos emboscar! Bill apenas os fez provar do próprio veneno!"

          "Pensando assim... você não está errado!" – concordou Ford, a contragosto. "Mas, espero que Bill não faça isso mais vezes!"

         "Ele só fará algo assim se for para me defender, tivô... E ele está aprendendo a resolver os problemas sem ter que sair por aí, matando todo mundo! A última coisa que Bill deseja é me deixar triste... E ele não quer quebrar os nossos acordos. Tanto o meu, quanto aquele que ele fez com o senhor!"

         "Isso é verdade... Dipper!" – recordou Ford.

         Eles terminaram o café em silêncio e, após limparem a cozinha, foram até o laboratório para examinar os materiais coletados no dia anterior... A análise dos cogumelos revelou que eram da mesma espécie, porém cada um tinha um elemento que os diferenciava. Seria necessário um estudo mais aprofundado para determinar as propriedades exatas de cada exemplar.

         Dipper só saiu do laboratório quando sentiu que Bill o chamava mentalmente. O demônio estava lhe aguardando do lado de fora da oficina, encostado no carro que os trouxera, no dia anterior. Ford o acompanhou e aproveitou para agradecer ao Bill por tudo.

Perdão Para Um InocenteOnde histórias criam vida. Descubra agora