Perdão Para Um Inocente

Vítima De Sua Curiosidade...

           Dipper continuou tendo essas sensações estranhas... e ele recordou que não era a primeira vez que sentira isso. No dia anterior, ele sentira algo assim, quando voltavam da floresta. Afastou os pensamentos ruins, acreditando que era apenas sua imaginação fértil lhe pregando uma peça.

          De repente, um barulho estranho se ouviu e Dipper ficou assustado. Parecia que algo ou alguém estava mexendo na oficina do MacGucket. Dipper sabia que os outros ainda estavam dormindo ou, pelo menos, era o que acreditava. Ele deixou a tigela com a massa sobre a mesa e foi averiguar com cuidado. Ele desceu a escadaria devagar até chegar à parte da oficina.

            Ele deu uma olhada em volta, mas não percebeu nada de estranho. Havia muita coisa caída, pois o velho MacGucket era um bocado descuidado na questão da ordem. Na verdade, ele sempre dizia que não havia bagunça alguma. Uma porta lateral rangeu, alertando Dipper que estava aberta. O rapaz decidiu que iria avisar Ford, após dar uma olhada no lado de fora. Talvez fosse um texugo ou um guaxinim curioso que entrara. E que o MacGucket se esquecera de trancar a mesma, quando foi dormir.

           Ele olhou em volta, mas não viu nada de estranho novamente. Devia ter sido mesmo algum animal curioso. Talvez até aquele esquilo, ladrão de parafusos, que voltara a atacar. Ele ia entrar quando percebeu um vulto correndo em direção da floresta. Fora apenas por um instante, mas o tempo suficiente para Dipper reconhecer o capote. Ford o usava quando atravessara o portal para retornar a essa realidade. E ele continuou usando durante o Estranhagedon...

           Sem pensar, Dipper correu na direção em que a pessoa fora e tentou alcançá-la. Ele ficou curioso em descobrir porque Ford estava saindo furtivamente para a floresta, tão cedo e sem lhe chamar. Ele se escondeu e conseguiu ver claramente seu tio-avô. Ele estava de costas para ele e parecia observar algo... Dipper se aproximou devagar, mas pisou num galho seco que estalou e alertou-o. Este se voltou e ao ver o rapaz, correu para dentro da floresta ainda escura.

         "Tivô Ford? Espere-me, tivô Ford!" – Dipper chamou-o, mas ele não parou.

          Ele correu atrás do homem mais velho até o perder de vista. Ao parar, percebeu que não sabia ao certo onde estava. A penumbra tornava a floresta ainda mais assustadora. Ele estava perdido... Decidiu esperar o sol nascer para poder se orientar da direção correta. Só esperava que não encontrasse nenhuma criatura perigosa. Ele se agachou ao lado de um grande pinheiro e tentou ficar o mais quieto possível. Os sons da floresta eram cada vez mais assustadores e Dipper sentia-se observado.

         Ele ouviu passos lentos se aproximando e o farfalhar em alguns arbustos próximos... Algo grande o espreitava e estava chegando cada vez mais perto. Sem pensar, ele se levantou devagar e tentou se afastar bem devagar. Ele foi recuando para trás até que tropeçou numa raiz e caiu, batendo a cabeça contra uma pedra meio enterrada. A pancada o atordoou completamente, deixando-o sem forças para se defender. Um vulto enorme se aproximou devagar...

          "T-Tivô... Ford?"- murmurou Dipper antes de desmaiar.

         Ford acordou de supetão... fora apenas um pesadelo! Ele respirou fundo e olhou no relógio: sete da manhã! Não costumava acordar tão tarde normalmente. Calculou que devia ser por causa da aventura com Dipper no dia anterior. Eles caminharam bastante pela floresta enquanto caçavam estranhezas. Era natural o cansaço, pensou. E Dipper provavelmente estava dormindo ainda!

            Ford decidiu se levantar e ao abrir a porta de seu quarto notou a luz acesa na cozinha. Estranhou, pois tinha certeza que apagara as luzes, antes de dormir. Ao entrar na cozinha, viu que o fogão estava aceso e a água da chaleira estava fervendo, sinal que alguém estava acordado. Ao olhar sobre a mesa, viu a vasilha com massa de panquecas. Ford sabia que MacGucket não sabia preparar panquecas, imaginou que fora Dipper quem acendera o fogo.