Pagando Com a Língua...

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         Enquanto Sebastian cuidava de Dipper e de Camille na biblioteca, Bill se ocupava da ingrata tarefa de entreter a madame. Eles conversaram sobre alguns assuntos aleatórios como decoração, viagens e outras coisas dessa natureza. E a mulher elogiou o apartamento dele, porém não deixou de observar que a decoração lhe parecia muito simplória.

        "Eu gosto dele assim mesmo..."- respondeu Bill sem se abalar. "Ostentação é para pessoas pobres de espírito... Eu prefiro um ambiente mais confortável e iluminado."

         "Com certeza, Bill querido... mas acho que falta um toque feminino!" – insistiu ela. "Se quiser, posso lhe indicar um excelente profissional para redecorar esse lugar! Ele vai criar um ambiente ainda mais elegante e adequado."

           "Não estou entendendo a razão de seu interesse em minha casa, senhora..." – rebateu Bill tentando fazer a mulher revelar suas verdadeiras intenções. Ele podia ler a mente dela, se quisesse... mas, preferiu não se arriscar entrando em sua mente suja.

            "Ora, meu querido... eu só quero lhe ajudar!" – respondeu ela toda coquete. "Você é um homem tão refinado... Sabe até apreciar um bom chá! Só precisa fazer algumas pequenas mudanças. Seu mordomo, por exemplo, é perfeito! Porém, eu lhe recomendo despedir o outro criado imediatamente! Aquele garoto não tem classe nem competência para lhe servir adequadamente!"

           "O que disse... está me dizendo para despedir Dipper?" – Bill ficou chocado com o atrevimento dela!

            "Você não percebe, Bill querido? Ele não serve para ser seu empregado... é estúpido demais para isso! Nem sabe atender uma porta corretamente!" – insinuou ela, soltando seu desprezo contra o rapaz moreno.

           "BASTA! Eu não quero ouvir mais nada!" – Bill se levantou furioso. "A senhora conseguiu ultrapassar todos os limites da tolerância..."

           "Eu... eu não estou entendendo, Bill querido..." – balbuciou Mariette perplexa com a súbita fúria de Bill.

           "Em primeiro lugar: não me chame de querido, que eu não lhe dei essa intimidade..." – Bill começou a explicar.

           "Me... desculpe! Eu-eu pensei que... fôssemos amigos!" - Gaguejou ela.

          "Está errada... nós não somos amigos, Madame Snoby!" – atalhou Bill ante o espanto dela ao ouvir o apelido. "Eu apenas aceitei um convite seu, por curiosidade! Mas foi a experiência mais entediante e desagradável que já tive o desprazer de sentir!"

            "Como disse... você me acha entediante?"

            "Eu não vou dizer o que penso da senhora, pois sou um cavalheiro!" – continuou Bill sem dar chance para ela o interromper. "Em segundo lugar: a senhora vem até minha casa, sem ser convidada... nem mesmo avisa antes! Critica a decoração da minha casa, insulta os moradores e dá ordens como se fosse a dona de tudo! E tem a petulância de sugerir que eu mande embora um rapaz que não lhe fez nada de mal. Um rapaz que a senhora desprezou no momento que pôs os seus olhos nele!"

           "Eu só queria lhe ajudar... Não tive a intenção de ser impertinente!" – ela tentou se desculpar.

            "Você não foi impertinente, madame Snoby! Você foi grosseira, cruel e maldosa!" – Bill respondeu. "E eu não posso e nem quero despedir o rapaz que, aliás, se chama Dipper! Ele tem um nome, sabia? Ele não é apenas um objeto qualquer..."

          "Você está dando muito valor a um simples empregado..." – rebateu ela, irritada.

           "Dipper não é meu empregado! Ele é meu protegido e eu sou o seu guardião!" – Bill revelou. "E ele também é o verdadeiro dono deste apartamento! Eu coloquei esta cobertura no nome dele, quando a comprei... Foi um dos presentes que dei a ele, assim que o tomei sob meus cuidados!"

Perdão Para Um InocenteOnde histórias criam vida. Descubra agora