7. Mudanças

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O relógio da mesinha ao lado da minha cama já marcava 2:03 da manhã. Havia acabado de me deitar e Conner também. Foi uma noite divertida.

— Você pode ler mentes, certo? — perguntou Conner, quebrando o silêncio.

— É... mais ou menos isso. Eu consigo ver e sentir algumas coisas. É totalmente voluntário, só acontece se eu quiser. Mas eu ainda tô trabalhando nisso...

— Quer testar? — ele pergunta.

— C-como assim? — perguntei incrédulo.

Ele se levantou e se sentou do meu lado em minha cama.

— Leia a minha mente. — ele diz — diga-me o que estou pensando.

— E-eu não sei... — respondi — eu tô aprendendo isso ainda. Zatanna me ensinou uma técnica, mas...

— Tente. — insistiu.

— Porque?

— Quero saber se realmente pode me derrubar. Como o Batman falou.

— Como eu te derrubaria? lendo seus pensamentos?

— O maior medo dos seres vivos é expor a realidade, revelar seu verdadeiro eu.

— Exatamente por isso que não seria uma boa ideia eu visitar sua cabeça. — afirmei.

— Bem, eu quero correr o risco. Tenho que estar preparado, afinal sou seu responsável — ele diz soltando outro sorriso debochado.

— T-tudo bem.

Ele se sentou de pernas cruzadas na minha frente, esperando acontecer e fechou os olhos. Eu, sem muita noção do que fazia, coloquei as mãos em sua cabeça. Senti seu corpo tremer com meu movimento inusitado. Seu cabelo era ridiculamente macio e sedoso, a vontade era de acariciá-los com os dedos. Reprimi meus pensamentos e busquei me concentrar, também fechei os olhos.

— O que vê? — ele perguntou.

— Nada. — respondi.

— Você consegue, continue.

Sua cabeça estava quente. Comecei a sentir um desconforto incomum. Como uma necessidade de fazer algo, mas sem saber o que. Uma inquietação, ou... desejo.

O sentimento se transformou em prazer, uma sensação agradável, satisfação de uma vontade. O prazer se transformou em excitação. Esta sensação estranha que nunca havia sentido. Como se estivesse hipnotizado, como se quisesse desesperadamente alguma coisa. Abri os olhos e vi Conner com os olhos vidrados em mim, paralisado em meu rosto.

— Tudo bem? — perguntei.

Ele piscou e foi como se tivesse acabado de acordar de um transe.

— Como fez isso? — finalmente falou.

— O que foi que eu fiz?

— Eu...  Preciso ir ao banheiro!

Ele se levantou colocando as mãos abaixo da cintura e saiu correndo. O que diabos acabara de acontecer?

Me deitei. Tentando processar, mas a única coisa que consegui foi a agonia de pensar na besteira que poderia ter cometido. O que o levou a agir dessa forma? Me virei de lado e me cobri, não demorou muito para eu adormecer.

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O relógio marcava 11:30 da manhã. Isso sim é acordar tarde. Era domingo. Meu último dia de férias, pois amanhã começarei a frequentar a escola de Happy Harbor. Agora teria de me preocupar com mais isso. Me sentei e percebi que havia cabelo em minha boca e que estava totalmente suado. Mas nem estava quente ali... Conner ainda dormia na cama ao lado. Ao levantar, senti minha camisa um pouco apertada, o que era estranho, pois era uma das mais largas que tinha. Eu a tirei.

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