Capítulo 11

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Crow

Eu nunca passei a noite com uma mulher na minha vida. Eu fodi muito nos meus vinte e dois anos - consequência de perder a virgindade para uma prostituta que seu pai contratou quando você tinha doze anos para "te tornar mais homem" -, mas nunca, em todo esse tempo, uma cadela passou toda a noite comigo. Muito menos sem a parte da transa envolvida.

Quando acordei naquela manhã, Aqua ainda estava dormindo. Não pude evitar encará-la por alguns minutos, seu rosto completamente em paz, sem nenhum sinal de seu sofrimento em seu sono profundo. Seu cabelo estava espalhado pelo travesseiro branco, mais claro desde a última vez que a vi, suspeito que seja obra de Barbie.

Em silêncio e com cuidado para não acordá-la, saio da cama, boto o meu tênis e pego a minha jaqueta, saindo do quarto o mais rápido que puder sem fazer muito barulho. Porra, eu não devia ter dormido. O plano era esperar que ela dormisse, para que eu saísse depois.

Não é necessário dizer que eu tive a minha primeira boa noite de sono em anos.

Assim que abro a porta, dou de cara com Ace. O bastardo nem mesmo parece surpreso por me ver, um sorrisinho malicioso em seus lábios conforme ele me encara de cima a baixo. Eu o empurro delicadamente para ter espaço para sair do quarto e fechar a porta com cuidado atrás de mim.

Meu amigo tinha um estilo que você poderia considerar... Estranho. Hoje, ele usava uma camisa de botão sem mangas azul clara, as tatuagens em seu braço expostas, uma gravata borboleta amarela estampada com bolinhas azuis, uma calça preta social, sapatos chiques e o colete do MC. Seu cabelo, como sempre, sem um fio fora do lugar.

Eu nunca soube porque ele se vestia assim. Lhe perguntei uma vez, quando éramos menores, e Ace apenas deu de ombros e disse que os cavalheiros tem seu estilo próprio. Ou talvez fosse para irritar o filho da puta de seu velho, qualquer uma dessas opções funciona, eu acho.

"Acho que teve sua diversão." Murmura, divertido, e rolo meus olhos. O cara tinha um quarto aqui em cima também, então não era estranho nos esbarrarmos assim.

Tento o ignorar e passo direto por ele, mas, antes que possa descer as escadas e ir embora, Ace me chama.

"Hey, Prez!" Eu viro para trás, meu amigo encostado na parede. "Ela é sua?"

Suspiro, sem respondê-lo por um instante. Era? Meu pai costumava dizer que ter uma Old Lady era uma fraqueza que o Prez não podia ter... Ele nunca teve uma, já que minha mãe era uma prostituta que ele mesmo matou com uma bala na cabeça bem na minha frente quando ela se recusou a me abandonar. Bem, meu pai era um babaca. O próprio pensamento de algum desses motoqueiros encostando um dedo em Aqua faz meu sangue ferver.

"Sim, Ace. Ela é minha... Isso serve para você também, bastardo." Apenas o vendo, você nunca iria adivinhar, mas Ace gostava tanto de uma boceta tanto quanto o resto de nós.

Ele apenas tinha seus... Fetiches.

Meu amigo sorri mais ainda para mim, e eu apenas bufo e me viro, descendo as escadas. Tinha mais para lidar do que as merdas de Ace agora.

A situação do clube não é estranha para mim, então eu nem mesmo pisco ao encontrar Rage no sofá vermelho ao canto da sala - acho que a cor do móvel era originalmente branco -, com uma adaga cortando a sua própria pele e um olhar de êxtase no rosto e Snake e Wolf discutindo ao seu lado.

Não sabia porque Rage se cortava, e ninguém nunca perguntou. Acredito que os únicos que chegam perto de saber algo são Joker e Snake. Rage era o único motoqueiro do clube que não tinha uma tatuagem, por conta de sua paranoia em ser tocado. A última pessoa que tentou encostar um dedo sequer nele estava enterrada, assim como todas antes dessa.

Crow- Flaming ReapersOnde histórias criam vida. Descubra agora