Capítulo 24

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Crow

"Vocês entenderam tudo?" Pergunto ao repassar o plano para amanhã. Cada um dos motoqueiros assente, todos nós sabemos que esse plano depende de muitas coisas que podem ou não acontecer.

Era um bom plano, na teoria. Mas, na prática, haviam muitas, muitas coisas que podiam dar errado. Primeiro, nós nós dividimos em grupos. Joker, Snake e Rage iam verificar se a cerca, o local pelo qual Aqua fugiu, ainda estava cortada.

De acordo com Hacker, para concertar corretamente uma cerca de arame farpado, você tem que ter um certo material que, se não tem, demora para conseguir. O orfanato podia muito bem ter ou não.

Se eles tivessem, o trio mortal iria entrar, e, sigilosamente, andar até o edifício. De acordo com Aqua, as portas do lugar ficam abertas durante os cinco minutos que nós tínhamos para entrar. Os três teriam que entrar no edifício e andar sem serem notados até o armário da dispensa, que fica perto da entrada.

Iriam trocar suas roupas pelos uniformes de pacientes, carregar mais cinco uniformes para o resto de nós, e, com as armas escondidas, caminharem pelos corredores até a saída dos fundos. Nesse tempo, os guardas já teriam voltado, então o trio mortal teria que matá-los em silêncio, o que não seria muito difícil.

Na saída dos fundos, Wolf, Hacker, Ace, Rocket, que nós decidimos que é confiável o suficiente para nos ajudar,  e eu estaremos esperando, depois de entrar pela cerca cortada. Trocaremos rapidamente nossa roupa pela a dos pacientes e iríamos caminhando pelos corredores.

De acordo com Aqua, os funcionários não se importam muito que os pacientes caminhem por dentro da casa entre duas e três da tarde, que é o único horário de lazer, então o lugar estaria cheio de pacientes caminhando... Cheio o bastante para que nós não fossemos notados.

Hacker iria com Snake para o terceiro andar, onde ficavam os computadores para analisar as câmeras do local. Talvez tivessem que matar algumas pessoas no caminho, mas isso não seria um problema.

Ele teria que desativar a tranca do portão de arame farpado, para que todos os presos pudessem sair.

Sniper, que estaria lá fora com sua arma para nos dar cobertura, atiraria nós guardas que protegem a cerca e a porta do orfanato. Não poderíamos fazer isso sem que ninguém notasse, então é aí que as coisas iam começar a ficar agitadas.

Eu, Wolf, Ace, Rocket, Joker e Rage iríamos começar a matar os filhos da puta que trabalham no local bem no meio dos pacientes, o que ia instalar o caos. Eles iriam fugir, e os filhos da puta iríamos estar mortos.

Aqua, que estaria esperando fora do orfanato, iria encontrar a sua amiga e todos nós íamos para casa.

Na teoria, um bom plano... Mas, na prática, muitas fodidas coisas podiam ir mal.

Todo esse plano dependia do fato da cerca ainda não estar aberta... Se estivesse fechada, teríamos que fazer de outro jeito. Matar os guardas, arriscando que alguém nos visse, entrar no orfanato e, no tempo de cinco minutos, antes que muitos outros guardas chegassem, teríamos que matar o máximo possível de filhos da puta e liberar o máximo de pacientes que pudermos, Chelsea incluída. E, pior... Se isso acontecesse, Aqua teria que estar bem ao meu lado, para liberar sua amiga.

O que, claramente, também podia ir muito errado.

A última coisa que eu queria era minha menina nisso, mas eu também meio que admirava a sua lealdade com sua amiga. E sabia que nada que eu fizesse iria lhe impedir de salvar Chelsea. Se eu dissesse não, o mais provável era que a garota fosse sozinha, e isso não iria acontecer.

"Entendemos, chefe... Mas sabe que isso é arriscado para caralho, não é?" Rocket pergunta, e eu suspiro.

Eu, particularmente, não achava que ele era o rato, mas também não confiava nele com minha vida, como faria com os outros motoqueiros. Wolf foi quem sugeriu que o chamemos, e eu concordei.

"Não precisa ir, Rocket. Você tem uma mulher para voltar, e nós podemos lidar com isso." Digo, dando de ombros. A verdade é que ele seria de grande ajuda, mas eu não estava indo pedir ou implorar a ninguém.

Rocket da de ombros.

"Não estou dizendo que não vou, apenas dizendo a verdade. É arriscado para caralho... O que o torna um pouco divertido." Diz, um sorriso maldoso crescendo em seu rosto, e alguns dos motoqueiros soltam risadinhas.

Nesses últimos dias, Aqua tem sido estranhamente normal. Eu sei que ela estava com medo, podia ver isso em seus olhos, mas a menina estava tentando esconder. Não gostava disso, mas lhe dei seu tempo.

Hoje de manhã, eu a peguei me encarando como se fosse embora, e isso me enlouqueceu para caralho. Nos últimos tempos, adquiri uma estranha necessidade por essa garota... Eu fodidamente precisava que ela estivesse lá, porra.

Parte de mim sabia o que isso era, enquanto a outra parte ainda ouvia a mesma coisinha chata na cabeça.

Amar é para maricas, Jude... Você não é um maricas, é? Não quero que meu fodido filho seja uma bicha, porra. Não no meu clube.

Sim, esse era meu pai. Eu o conheci como Furry, e, para ser sincero, não sei seu verdadeiro nome. Ninguém sabe, já que ele nunca me disse.

Minha mãe era uma prostituta viciada em drogas que meu pai usou para foder uma vez e a camisinha estourou. Ele mandou que ela abortasse, mas ela se recusou, e aqui estou eu.

Quatro anos depois que eu nasci, Furry meteu uma bala no meio da testa da mulher que me pariu, apenas porque ela era um desperdício de espaço, de acordo com ele.

Depois disso, o velho só me odiou. Eu era uma fodida criança, e ele apenas me dizia que amar era um erro, amar era para fracos, e eu nunca seria fraco.

Por isso, mesmo que odeie o filho da puta com todas as minhas forças, não consigo tirar a maldita frase da minha cabeça. Não estava lá quando conheci Aqua, nem mesmo quando a peguei para mim... Mas estava lá agora.

Porra, o dia em que meu pai morreu foi o fodido dia mais feliz da minha vida.

"Relaxe, Rocket... Vamos ter um bando de diversão."

Crow- Flaming ReapersOnde histórias criam vida. Descubra agora