Capítulo 1

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4 anos antes

Meu nome é Clarisse Ribeira, hoje é meu aniversário de 12 anos, minha família toda veio na minha festa. Meus primos e eu estávamos brincando de pega pega no quintal enquanto os adultos conservam e preparando os doces e bolo por parabéns, até ouvi grito do meu primo mais velho:

- Tem um gato de rua aqui. - aprontou para um gato branco com pontinhos pretos, estava debaixo de uma mesa.

- Tire ele daqui - gritou meu pai.

- Pode deixar, tio. - meu primo pegou uma vassoura e cercou o gato - É fim gatinho.

- Não faz isso - gritei indo na frente dele e peguei o gato.

- Clarisse, esse gato é todo sujo.

- Ele é ser vivo como você.

Indo por portão, o abri e deixei o gato no chão.

- Pronto, assim não vão te machucar.

Depois de fechar o portão, ele continua me encarando. Antes de virar pra volta, ouvi uma voz masculino:

"Obrigado"

Olhei para atrás assustada e o gato tinha sumido. Voltei por outros com a dúvida sobre a voz desconhecido.

Depois da festa, todos foram embora. Antes de dormir a minha mãe entrou no meu quarto com sorriso no rosto e segurando um presente.

- Aqui está presente para minha filha querida - me entregou e eu já abrir.

Dentro é um colar dourado com pingente em formato de coração com asas.

- Obrigada, é muito lindo. - peguei o colar animada - Colocar em mim.

Mamãe colocou o colar no meu pescoço e deu braço forte.

- Te amo - disse sorrindo.

- Também te amo.

- Agora é hora de dormir, meu anjo- me colocou na cama e me cobriu - Gostou da festa?

- Sim, muito.

- O que pediu quando sobrou as velas?

- Quando eu crescer, quero cuidar dos animais e a natureza.

- Você vai fazer maravilhas - beijou minha testa - Boa noite, Clarisse.
Luzes apagadas, fechei os olhos e dormindo tranquilamente. Até aquele sonho aparecer.

Agora

Correndo numa floresta escura, seguindo um tigre correndo muito rápido em frente, eu estava tentando acompanhar mas o pedir de vista e fiquei sozinha cercada na escuridão. No meio das árvores apareceu algo longo e rastejando na minha direção com olhos verdes.
Clarisse... Clarisse...

- Clarisse - gritou minha mãe me acordando.

Sentei assustada e respirando fundo. Pra piorar, ontem a noite eu estava dormindo na minha cama e acordei deitada no chão da sala, meu corpo está todo suado e frio.

- Aquele pesadelo de novo? - disse mãe me acalmando.

- Sim - murmurei.

- Calma, lembre que é só um sonho, nada de mais, certo?

- Certo.

- Bom - me ajudou a levantar - Se arrumar ou vai se atrasar do colégio.

Depois do banheiro e me arrumando, olhei no espelho do quarto e me encarei, olhando pra garota confusa desde que tinha 12 anos. Antes eu era uma menina normal até esse pesadelo mudar tudo. O que isso significar e por que está acontecendo isso comigo?

Essa é pergunta que sempre faço pra mim desde então, tirei esse pensamento e voltei pegando coisas pra minha bolsa, abracei minha mãe e peguei a barra de cereal.

- Tchau mãe

- Tchau Clarisse

Andando para o colégio pensando mais sobre o sonho. Agora tenho 15 anos, em julho vou fazer 16 anos daqui algumas semanas. Faz 4 anos tenho esse sonho, correndo para floresta, seguindo o tigre, e uma figura assustadora, sempre repete uma vez por mês desde meus 12 anos.

Na primeira vez que contei o pesadelo por meus pais, sempre falam que é só um sonho, e estranharam que acordei no chão no quintal e nem lembro como fui no quintal à noite. Desde então foi repetindo o pesadelo e acordo em lugares diferentes.

Meus pais pediram ajuda de uma psicóloga, mas não adiantou nada, o pesadelo aparece cada mês e psicóloga falou que não podia mais ajudar e nem conseguiu explicar eu acordando em lugares diferentes.

Passando anos, eu notei que o pesadelo aparece na noite de lua nova e cada noite a mãe me olha quando estou dormindo. Ela é que está mais preocupada, sempre fala que eu acordo suada e gritando assustada, quando fala com pai, ele grita falando que é só um sonho.

"Sonhando acordada, Clarisse"

Assustei-me com essa voz, vi que é o velho amigo.

Sábio é um gato branco com pontinhos pretos. Também quando tinha 12 anos tive esse dom estranho de ouvir e falar mentalmente com os gatos, no começo tive medo, e então conheci o Sábio, sempre me ajudando nos momentos difíceis.

- Como está Sábio? - perguntei.

"Mesmo de sempre, achando o cantinho para dormir e correndo atrás de ratos."

- Como sempre.

"Está com cara de preocupada, teve aquele pesadelo?"

- Sim e acordei no chão da sala.

"Melhor que acordar no banheiro"

- Verdade

Quando tinha 14 anos, a mãe acordou de madrugada e assustou quando me viu dormindo no chão do banheiro.

"Pode deixar um pouco de carne quando voltar pra casa?"

- Posso, mas antes que meu pai chegue.

Meus pais não sabem sobre esse dom, primeiro lugar, nunca iam entender e em segundo lugar, eles não gostam de gatos. No colégio, por acidente um dos colegas me viram conversando com os gatos e meninas descobriram que passei um ano inteiro no psicólogo, agora as meninas e valentões zombam de mim fazendo piadas, me chamando de louca de gatos e estranha.

Agora eu chegando do colégio.

- Bom, até mais Sábio - despedindo.

"Não esqueça Clarisse, ignore essas pessoas, você é uma garota especial."

- Obrigada Sábio - falei acariciando sua cabeça.

Coração de TigresaOnde histórias criam vida. Descubra agora