Coração de Tigresa

Capítulo 4

1 semana depois

Depois das últimas aulas antes das férias, cheguei em casa vendo o Tio Manuel e meus pais me esperando. Tio Manuel é irmão mais novo do papai e é biólogo, viajar muitos pelas florestas por todo Brasil pra suas pesquisas e protegendo o ambiente que está em risco.

Na semana passada eu liguei pra ele e falei que queria na Amazônia, ele ficou bem feliz, já que ele tinha prometido desde que eu era criança que me levaria qualquer lugar que eu quisesse ir. Mas primeiro precisamos permissão dos meus pais. Desde que visitei a Gina e Mônica, não paro de pensar sobre Amazônia, não tenho escolha, preciso descobrir sobre meus sonhos.

Pai me chamou pra sentar com eles, suspirou antes de falar:

- Em todos os lugares... Tinha que ser justo na Amazônia?!

- Seu pai está certo - disse mãe preocupada - Curitiba, Paraná até na Amazônia.

- Por favor - implorei - Eu queria aproveitar as férias e ir pra Amazônia, ver a natureza e os animais.

- Eu vou estar com ela, mano - disse Tio Manuel - Vai ser como presente de aniversário para minha sobrinha favorita.

- Ela é sua única sobrinha - disse pai bem sério - Preocupo com minha filha ir tão longe, lugar tão longe e desconhecido pra ela.

- Eu prometo que farei tudo que Tio Manuel dizer e tomarei cuidado, ligarei para vocês se acontecer alguma coisa, por favor.

Eles disseram pra eu esperar por meu quarto enquanto conversam com Tio Manuel. Por um grande tempo depois de silêncio e eu torcendo muito, finalmente pai apareceu junto com Tio Manuel e disse sério:

- Ligue pra nós todo dia e tem voltar em 5 dias.

Corri e dei abraço forte nele.

- Obrigada, obrigada, obrigada.

***

Dois dias chegou dia do meu aniversário, meus pais fizeram churrasco no quintal, com doces e bolo, meus parentes chegaram e até Ana veio na festa. Levantei cedo arrumando as malas, Tio Manuel e eu vamos às 5 horas da madrugada no aeroporto, peguei que será útil e minha mãe preparou quase tudo pegando protetor solar, óculos de sol, roupas de frio, os de calor e etc.

A festa foi muito boa, brinquei muito com meus primos mais novos, Ana e eu conversamos com as primas mais velhas, ainda estão muitos quando souberam que vou na Amazônia.

Depois do bolo e jantar, eles já foram indo embora, Ana foi a última a ir.

- Foi muito legal, obrigada por tudo - disse Ana sorrindo.

- Eu que agradeço, por vir na festa.

Vimos o carro do pai dela chegando, abraçamos e despedimos.

- Tchau Clarisse - foi ao carro - Se diverte na floresta.

Ajudei arrumar a casa e faltando uma hora pra ir, minha mãe foi conferindo a mala pela terceira vez.

- Protetor solar, roupas de frio, repelente contra insetos, remédios...

- Calma mãe, vou ficar só cinco dias.

- Em numa floresta cheio de insetos e animais perigosos.

- Qualquer coisa vou estar com Tio Manuel e ligo pra vocês.

- Por que quer ir tanto pra Amazônia? - perguntou curiosa.

Não falar o verdadeiro motivo.

- Por causa do meu instinto aventureira e conhece maior floresta do nosso país.

- O que eu fiz pra der uma filha amante da natureza? - disse sorrindo.

- Só Deus saber.

- Minha aventureira está pronta pra dormir? - perguntou pai na porta do quarto - Amanhã será o grande dia.

- Quase.

- Lembrar que estou deixando porque seu tio vai acompanhá-la, qualquer coisa mandar uma mensagem.

- Tá bom pai.

Dormir cedo bem ansiosa pra viagem.

Na floresta bela com sons de pássaros cantando, vários animais no meu redor, chão coberto de flores coloridas e árvores altos com folhas verdes e lindos.
Fechei os olhos e as abrindo o cenário mudou.
As árvores todas cortadas, chão todo queimado e esqueletos de animais cobertos de sangue.
Na minha frente apareceram figuras assustados, rindo altos e mostrando dentes grandes afiados, e correram na minha direção. Corri mais rápido possível e do nada eu cair num buraco bem fundo, paredes tinham ossos humanos e chão foi aparecendo sangue sumido cada vez mais rápido.
Chorei e gritei implorando por ajudar até o sangue indo no meu pescoço, algo me puxou por fundo, me levando num lugar vazio. Na minha apareceu uma árvore grande e nas raízes está o tigre sentado e me encarando.

Acordei assustada e corpo todo suado, esse pesadelo é bem pior que outro. Olhei por celular para ver às horas e são 03:15, quase tempo pra acordar, mas depois desse pesadelo tenho medo de dormir, espero que na Amazônia tenha algo que me ajude.

Soltei grande suspiro e senti falta da companhia do Sábio.

Faz uma semana depois da casa da Gina e Mônica e desde então Sábio não aparece na minha casa e nem nas ruas. E ele só ficar sumido no máximo três dias.

Vestir as roupas de frio e devagar saindo de casa, fui à árvore mais alto do bairro onde Sábio vive, procurei entre as raízes e galhos, olhando no chão vi Sábio deitado. Aproximei e sentir medo ao vê-lo bem imóvel.

- Sábio - o chamei e nada.

O toquei sentindo o corpo gelado dele e duro, sentei chorando. Fiquei parada por uns minutos, limpei as lágrimas e fazendo um buraco entre as raízes da árvore.

Coloquei corpo do meu grande amigo gato dentro do buraco e o cobrindo com terra e folhas, fiquei ajoelhada em silêncio por um tempo e falei antes de levantar:

- Nunca vou te esquecer.

***

Quase na hora de ir, fomos nos portão esperando Uber. Mamãe me abraçou forte e quase chorando.

- Não esqueça de mandar mensagens todo dia e avisar quando chegarem.

- Não vou esquecer - prometi.

- Se divertir muito, minha princesa - pai me abraçou e beijou minha testa - Te amamos.

- Também amo vocês.

Ouvimos Uber chegando, despedi dos meus pais e entrei junto com Tio Manuel.

- Está preparada, aventureira? - perguntou sorrindo.

- Sim - falei depois que respirei fundo, bem ansiosa.