- Vamos Clarisse, preste atenção. – gritou Ursão antes de me derrubar no chão.
Não consigo presta atenção no treinamento, fico pensando na notícia da equipe e não consegui dormir depois disso.
- O que está acontecendo, Clarisse? – perguntou Ursão me ajudando a levanta.
- Desculpa – desviei meu olhar e suspirei – Não dormir muito bem ontem à noite.
- Clarisse – disse Ursão tocando no meu ombro – Eu sei que está preocupada com as crianças e preocupada com a equipe, mas não é bom ficar preocupada o tempo todo, lembre que eles são fortes e estão unidos para conseguir trazer os remédios, entendeu?
- Entendi - respondi e ele bagunçou meu cabelo.
- Vai descansar depois que pegar os alimentos, como punição por não prestar atenção no treinamento.
Não reclamei, não estava concertada e achei que isso vai me distrair.
Fui ao norte da floresta, peguei muitos açaís e mangas, até que ouvi alguém se aproximando de mim e reconheci o cheiro familiar.
- Oi Luna – falei e ela estava escondida nas árvores.
- Não tem um dia que você não saber quando eu chego?! – Luna me abraçou forte – Ia perguntar como está, mas pela cara, vai mal.
- Por causa das crianças.
- Sei – suspirou Luna – Três crianças do meu clã estão doentes.
- Pior é a equipe – falei e fiquei brava por mim mesma por deixar escapar.
- Como assim? - Luna me encarou confusa.
- Não é nada – virei pra ir embora, mas Luna pegou minha cauda.
- Me falar o que aconteceu? – perguntou Luna bem séria – Você é minha amiga ou não é?
Ajoelhei e contei tudo, Luna ficou sem palavras.
- Se ninguém não fizer nada... – chorei – As crianças vão morrendo poucos a poucos, principalmente a Lisa.
- Você se apegou muito a Lisa.
- Ela é como minha irmãzinha, o problema é que eu não posso fazer nada.
- Clarisse, não se preocupa, eles são durões e aposto que vão conseguir achar um jeito.
Ouvimos um uivo alto ecoando na floresta.
- É meu pai, preciso ver as crianças - disse antes de ir embora e olhou pra mim - Depois a gente conversar.
Voltei à aldeia tentando agir normalmente. Dona Alise pediu pra eu levar os alimentos pois anciões, na cabana deles ouvi Sebastião (Humanimal Cervo), 65 anos, antigo guerreiro, ele estava contando suas batalhas e parou quando me viu.
- Olá Clarisse – falou com voz rouca – Finalmente veio trazer alimento pra nós.
- Desculpa – falei.
- Não precisa se desculpa, minha jovem – disse Maria – Alguns aprendizes estão ocupados, demais treinando e mais jovens estão doentes.
- Quando eu era jovem. –interrompeu Sebastião – Mesmo doente, eu estava lutava. E essa doença já aconteceu antes.
- A doença já aconteceu antes? – perguntei surpresa pela informação – Quando?
- Finalmente alguém que quer ouvir minhas histórias – Sebastião limpou a garganta e foi contando - Foram 50 anos antes, eu era um aprendiz naquela época, um dia os guerreiros acharam uma vaca morta, no dia seguinte eles adoeceram. Começou com as crianças, depois as mulheres, antigo líder Guaraci pediu um grupo para Pará e trazerem os remédios. No dia na chegada dos remédios, os Sombrios atacaram a aldeia, se não fosse o Guaraci e guerreiros saudáveis, a aldeia não estaria salvo.
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Coração de Tigresa
AdventureDesde que fez 12 anos, Clarisse sempre receber sonhos estranhos e um dom de entender os felinos. Uma garota vivendo na cidade, até que perto dos seus 16 anos, veio o sonho que a guiará para encontrar as respostas dos seus sonhos. Sua vida mudar comp...