Entrando na sala os alunos olhando pra mim e sussurrando abaixo. Eu fiquei só olhando pra frente e ficando na minha, sentando na minha cadeira já me assustei com a voz da Ana me chamando. Ana é única amiga no colégio, nos conhecemos no ano passado, ela implorou pra eu ajudá-la quando a gata dela, Kitty estava com dor estranha no estômago, gata foi me contando o que comeu e levamos no veterinário.
Desde então viramos amigas.
- Oi Clarisse - disse Ana sentado no meu lado.
- Oi Ana, como está?
- Bem animada com o passeio amanhã e as férias chegando e você?
- Bem
E chegou na sala a pessoa que eu nunca gosto de ver. Eric, garoto alto usando jaqueta de couro, é quem mais fala na aula e ele gosta de zoar de mim.
- Como está, estranha? - perguntou o Eric na minha frente.
Eu fui tentando não dar atenção nele.
- O gato comeu sua língua? - disse rindo.
- Deixar ela em paz, Eric - disse a Ana.
- Não sei como você é amiga dela, a maioria dos amigos dela são gatos.
Isso acendeu uma raiva dentro de mim e dei basta batendo na mesa.
- Eles são mais legais na conversa do que um chato irritante na minha frente - falei sem pensar.
- Ora, a quieta virou corajosa.
- Eric sentar no seu lugar. - fui salva pela professora de biologia entrando na sala.
Ele me encarou antes de sentar, soltei longo suspiro de alívio.
- Parabéns Clarisse - sussurrou Ana - Mostrou sua coragem para esse chato que não cuidar da própria vida.
Esse é outro problema complicado, sempre que eu fico irritada, eu sinto como se fosse outra pessoa me controlando. Por isso que tento ficar quieta e sozinha na maioria das vezes.
Na hora do recreio, Ana e eu fomos para o refeitório para pegar lanche.
- É sério Clarisse - disse Ana - Não ligar para o Eric disse.
- Só estou cansada de me chamarem de estranha.
- Eu acho você especial, tem muita sorte - disse tentando me animar - Eu queria esse dom, conversaria com a Kitty o tempo todo.
A conversa estava ficando boa, até que Eric jogou nossos lanches no chão.
- Desculpa, foi sem querer. - disse Eric dando sorriso falso.
- Me deixe em paz - gritei forte na cara dele.
- Valente estranha, por que não mostrar sua coragem fraca para todo mundo - disse alto.
Os alunos no refeitório nos encararam, chamei a Ana pra ir embora e dei as costas por Eric.
- Isso, vai embora como uma gatinha assustada como seus amigos felinos sujos.
Na hora que ele disse isso, raiva dentro de mim aumentou e meu corpo moveu sozinho. Virei e dei soco forte bem no rosto dele, ficou tão bravo que agarrou meu braço.
- Sua bizarra - ergueu o braço pra me bater.
Até que o zelador segurou seu braço.
- Eu não faria isso se eu fosse você - disse zelador ameaçando.
***
Fui salva mais um dia no colégio, Eric ganhou um grande castigo que até nos pais dele foram chamados. Ana não consegue acreditar que dei soco na cara de um garoto bem maior de eu e agora não parar de me chamar de corajosa.
Encerrando as aulas, fui no portão e tive uma grande surpresa me esperando no carro de polícia.
- Oi princesa - sorriu abrindo a porta.
- Oi pai.
Ele é polícia que trabalhar à noite, quase não ficar muito tempo em casa e é bem raro que me buscar no colégio.
- Quer um sorvete antes de ir para casa? - perguntou enquanto entrei no carro.
- Mamãe vai ficar brava se descobrir isso.
- Só ela não descobrir - disse rindo.
Fomos à sorveteria de sempre, pai me levar desde a minha infância, é nosso local favorito.
Sempre pego casquinha de misto e pai de chocolate, gosto muito nesse momento com ele, por causa do trabalho, quase não vejo muito ele.
- Princesa - me chamou e perguntou com cara de sério - Teve o pesadelo de novo?
Suspirei e assenti.
- Onde acordou?
- No chão da sala.
- Clarisse, sabe que papai te ama, não é?
- Sim, pai.
- Posso não estar em casa, mas me preocupo por você - foi falando - Seu diretor me ligou, você socou na cara de um garoto.
Lembrei-me que diretor e papai são amigos de infância, desde que entrei no colégio o diretor e os professores me ajudam sempre e com certeza o pai pediu por diretor me ajudar quando estou com problemas. Claro que não foi coincidência o zelador aparecer na hora certa.
- O que ele fez?
- Ele zombar de mim.
- Clarisse, não pode ligar que esses moleques falam de você - disse bem sério - Bem que esse moleque mereceu o soco, mas uma moça como você, não pode bater nos garotos sem sentido e por besteira.
- Isso porque não sabem o que falam de mim.
Ele segurou minhas mãos.
- Princesa, não ligar para essas besteiras. Você é bonita, inteligente e corajosa, por isso que tenho muito orgulho por tê-la como filha. - acariciou meus cabelos - Entendeu que papai disse?
- Sim, pai - sorri.
- Mas eu entendo, você puxou bem esse pai teimoso.
Ele me levou até em casa depois voltou para o trabalho. Entrei vendo a mãe na cozinha preparando o almoço.
- Oi filha, como foi no colégio? - perguntou.
- Foi bem - ela ficaria louca se soubesse que dei soco num garoto.
- Vem almoçar.
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Coração de Tigresa
AdventureDesde que fez 12 anos, Clarisse sempre receber sonhos estranhos e um dom de entender os felinos. Uma garota vivendo na cidade, até que perto dos seus 16 anos, veio o sonho que a guiará para encontrar as respostas dos seus sonhos. Sua vida mudar comp...