XIX

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A manhã chegou e com ela a incerteza de que caminho tomar para continuar a jornada em busca dos nossos entes queridos

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A manhã chegou e com ela a incerteza de que caminho tomar para continuar a jornada em busca dos nossos entes queridos.
O Pero já pronto para descer da goiabeira, me observa terminando de me organizar para acompanhá-lo na descida e depois discutiremos para que lado deveremos proseguir.
Ao olhar a linha do horizonte, Pero consegue enxergar bem ao longe um pontinho Preto que sobe, desce e aumenta de tamanho a cada segundo. Naquele momento  ele sentiu um frio no papo; sabia o que era aquilo, conhecia bem de perto aquele canto que mais parecia gritos, berros daquela ave cruel e sem coração.

_Cisco?

_O que é esse barulho, Pero?

_É isso mesmo que você está pensando!

_Não pode ser! Gritei desesperado.

A cada segundo, a águia se aproxima mais de nós, num sobe e desce cortando o ar como se já estivesse caçando algo que se encontra correndo no chão.

_Cisco, não saía de onde está!

_Você tá louco, Pero? Você sabe que em cima da árvore é mais fácil dele nos caçar do que no chão, onde podemos achar algum buraco e nos esconder!

_Confie em mim, parceiro! Eu conheço muito bem como essas criaturas horríveis pensam. E no final das contas, meu irmão e minha mãe estavam no chão e mesmo assim não teve jeito...

Aquelas palavras doeram em mim, e respondi:
_Eu confio em você!

Nesse momento a águia se aproxima mais ainda de nós. Estamos nos segurando nos galhos da goiabeira à espera dela com seu voo rasante à espreita da caça.
Olhamos para o chão e pudemos identificar que se trata de uma lebre que corre desesperada para fugir do cardápio daquele monstro de olhar penetrante.
A lebre passa por baixo da árvore em que nós estamos, e a águia a acompanha em mais um bote faminto, tentando pegá-la no chão.
Assustado, dei um cacarejo alto de medo, e o bixo, no ato do voo, já embaixo da goiabeira, quase chegando na lebre, não consegue deixar de olhar para cima e me ver cheio de medo.
De repente, do nada, Pero salta em mais um de seus emocionantes voos e aterrissa nas costas do monstro horroroso e o derruba com uma forte pancada nas costas. Ambos se estatelam no chão, a lebre corre e finalmente consegue ter tempo para cavar um buraco e se esconder, e eu, ainda com o bico aberto, não consegui acreditar no que havia acabado de presenciar.
Se o Pero era doido? Era algo que eu, nesse momento, nem sequer cogitava pensar o contrário.

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