Capítulo 38

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- De onde vieram essas balas?

O André respirou fundo.

- Depois que fiz sua cirurgia e vocês foram transferidas, antes de sair do plantão, chegou uma mensagem de um número desconhecido, com a para que eu me preparasse, pois eu deveria abrir a emergência com a "Operação Jaleco Vermelho".

- Operação Jaleco Vermelho?

- Um código que eu, a Djane e o Pepê temos. Pensei que não seria mais usado.

- O que ele significa?

- Significa, que na emergência chegaria casos que seriam investigados pela polícia, envolvendo moradores ou pessoas ligadas diretamente aos protetores da Ponta ou inimigos ou criminosos.

- Como vocês saberiam quem é quem?

Ele deu de ombros.

- Na emergência apenas sabíamos que era cada um. Enfim, achei no início que as emergências, do jaleco vermelho, que receberíamos, eram de qualquer outra natureza, depois apenas com um dos pacientes, que chegou na manhã seguinte, foi que minha ficha caiu.

- Por que esse paciente?

- Ninguém te disse ainda?

Balancei a cabeça em negação. Ele pegou o saquinho com os projéteis.

- Essas balas estavam no corpo dessa nona vítima, que para a imprensa foi vítima de latrocínio. Mas o reconheci na hora, sai procurando buraco por buraco de bala, antes dele ir para necrotério.

- Não entendi ainda André.

- Essas balas, ele apontou para elas, tem uma marca dourada, com o emblema da BS&Y. Armas com esses projéteis são só usadas pelos executivos, a Karen mesmo tem uma, o grupo de seguranças me ofereceu, mas sou o cara que salva as vidas.

- Tá - disse sem paciência - quem morreu nesse latrocínio fake e que você teve a preocupação de esconder as balas?

- O Gaulino - eu o olhei assustada,

- O-o- Gaulino? - ele não está preso?

- Quem te disse isso?

Fechei os olhos e rememorei a conversa com o Carlos. Ele não me disse quem foi preso. Apenas falou da fuga da Márcia e que o Gaulino quase fugiu.

- O Ca-carlos? - engoli a saliva devagar - você acha que o Carlos o matou?

- Denise, não entendo muito de investigação forense, mas os tiros com essas balas foram dados na região da virilha e dois no rosto. A pessoa que fez isso estava muito irritada, coisa pessoal, passional, diria. Na minha experiência na emergência de trauma e troca de tiros, isso foi vingança por traição, premeditado. Tinham outros projéteis, mas eram debilitantes, ele poderia estar vivo.

Respirei fundo fechando os olhos.

"Meu Deus, onde o Carlos foi se meter".

- Denise...

- Tô bem André, tô bem.

- Desculpa, te trazer essas notícias.

- Não vai ter problemas por ter tirado essas balas do corpo? São provas...

- Fiz a extração sozinho na sala de emergência. Talvez tenha alguma investigação, mas vou alegar que estava esgotado, porque foi um plantão complicado e alguns relatórios estava finalizando e contando os buracos. Sei lá, me viro... A vivência de "Operação Jaleco Vermelho" me fez ficar esperto sobre o que falar com a polícia técnica.

O Coração de DeniseOnde histórias criam vida. Descubra agora