Olhei o relógio em meu pulso novamente. A reunião da Virgínia parecia que nunca acabar. Assim que o Carlos foi embora, após minhas respostas terem sido vazias sobre a adoção, me desembestei até o jurídico do hospital. Precisava falar com alguém. Para minha sorte a Cris, a assistente social, também estava com ela na reunião, assim pegaria as duas de vez.
Levantei da cadeira novamente e a assistente do jurídico estava a perder a paciência comigo que andava de um lado para outro. Liguei para o Dan nesse meio tempo, mas ele entende pouco da vara de família e disse o que temia. Minha prisão na Itália e pequenas acusações no Brasil não me favoreciam frente ao currículo de um delegado.
- Mesmo que ele fosse pedófilo?
- Ele é isso Denny?
- Não, não é, mas sei lá, pelo interesse pela Angélica? Você não suspeitaria dele?
- E seu interesse não conta? Não é suspeito?
- Me ajuda, Dan....Talvez seja sobre isso que falou há um tempo atrás, que eu preciso de uma família?
Ouvi sua respiração.
- Sabe, você em seu modo obsessivo não perde para ninguém - ele disse por fim - nem para um cão de caça. Vou ver o que uns amigos acham. Te ligo depois.
- Certo, mas não conta nada para Dona Verônica - nossa mãe.
- Certo, beijos.
Depois de mais vinte minutos a reunião terminou e nem deixei as meninas saírem de lá.
A cara que a Virginia fazia me deixava angustiada, ao mesmo tempo que a Cris com seus óculos remexia uma caneta à sua frente.
- Denny, tem certeza? - perguntou a advogada.
- Sim.
- Serei pragmática, sendo do Conselho Tutelar, daria a guarda para o Delegado - disse por fim a Cris.
- Qual é, Cris?
- Ela tem razão, Denny. Sua vida pregressa não é nada boa.
- Puxa, se eu quiser ter um filho biológico, quer dizer, não posso?
- Poder pode, a justiça não vai interferir nisso, claro. Mas a partir do momento que ela é responsável por uma vida humana, ela não vai arriscar um ser vulnerável nas mãos de qualquer pessoa - falou a Virgínia.
- Mas eu não sou qualquer pessoa.
- Denise, sabemos disso, mas quem vai decidir, não sabe. Vai apenas pegar o histórico dos dois.
- Nem vi o do delegado ainda, mas só ele trabalhar para lei, já tem uma vantagem muito grande em relação à você.
Me encostei frustrada na cadeira.
- A não ser que ele desista e que apenas você seja a única interessada.
- Como vou fazer isso? Mal conheço o cara.
Ambas deram de ombros e a Cris se levantou.
- Sinto muito Denny.
- Obrigada meninas.
Deve haver algo, o delegado deve ter alguma desvantagem. Quem pode me ajudar nisso? O Ítalo. Mandei uma mensagem para Bruna, ela me responderia sem muitas perguntas. Assim, ela me confirmou que ele almoçaria com a Dra. Luciana e mais dois outros novos investidores que querem se associar ao grupo.
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O Coração de Denise
RomansaDenise resolveu largar tudo que conhecia no Rio, depois de uma passagem turbulenta pela Europa e apostou em um recomeço ao lado de novas pessoas. Reconstruindo laços afetivos ela deixa muita coisa trancada, intocada, até uma noite em um plantão turb...