Capítulo 6

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Olhei o relógio em meu pulso novamente. A reunião da Virgínia parecia que nunca acabar. Assim que o Carlos foi embora, após minhas respostas terem sido vazias sobre a adoção, me desembestei até o jurídico do hospital. Precisava falar com alguém. Para minha sorte a Cris, a assistente social, também estava com ela na reunião, assim pegaria as duas de vez.

Levantei da cadeira novamente e a assistente do jurídico estava a perder a paciência comigo que andava de um lado para outro. Liguei para o Dan nesse meio tempo, mas ele entende pouco da vara de família e disse o que temia. Minha prisão na Itália e pequenas acusações no Brasil não me favoreciam frente ao currículo de um delegado.

- Mesmo que ele fosse pedófilo?

- Ele é isso Denny?

- Não, não é, mas sei lá, pelo interesse pela Angélica? Você não suspeitaria dele?

- E seu interesse não conta? Não é suspeito?

- Me ajuda, Dan....Talvez seja sobre isso que falou há um tempo atrás, que eu preciso de uma família?

Ouvi sua respiração.

- Sabe, você em seu modo obsessivo não perde para ninguém - ele disse por fim - nem para um cão de caça. Vou ver o que uns amigos acham. Te ligo depois.

- Certo, mas não conta nada para Dona Verônica - nossa mãe.

- Certo, beijos.

Depois de mais vinte minutos a reunião terminou e nem deixei as meninas saírem de lá.

A cara que a Virginia fazia me deixava angustiada, ao mesmo tempo que a Cris com seus óculos remexia uma caneta à sua frente.

- Denny, tem certeza? - perguntou a advogada.

- Sim.

- Serei pragmática, sendo do Conselho Tutelar, daria a guarda para o Delegado - disse por fim a Cris.

- Qual é, Cris?

- Ela tem razão, Denny. Sua vida pregressa não é nada boa.

- Puxa, se eu quiser ter um filho biológico, quer dizer, não posso?

- Poder pode, a justiça não vai interferir nisso, claro. Mas a partir do momento que ela é responsável por uma vida humana, ela não vai arriscar um ser vulnerável nas mãos de qualquer pessoa - falou a Virgínia.

- Mas eu não sou qualquer pessoa.

- Denise, sabemos disso, mas quem vai decidir, não sabe. Vai apenas pegar o histórico dos dois.

- Nem vi o do delegado ainda, mas só ele trabalhar para lei, já tem uma vantagem muito grande em relação à você.

Me encostei frustrada na cadeira.

- A não ser que ele desista e que apenas você seja a única interessada.

- Como vou fazer isso? Mal conheço o cara.

Ambas deram de ombros e a Cris se levantou.

- Sinto muito Denny.

- Obrigada meninas.

Deve haver algo, o delegado deve ter alguma desvantagem. Quem pode me ajudar nisso? O Ítalo. Mandei uma mensagem para Bruna, ela me responderia sem muitas perguntas. Assim, ela me confirmou que ele almoçaria com a Dra. Luciana e mais dois outros novos investidores que querem se associar ao grupo.

O Coração de DeniseOnde histórias criam vida. Descubra agora