Capítulo 25

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- Essa é a segunda vez que ele te pede em namoro, né?

Concordei com um acenar de cabeça.

- Da primeira vez eu fui prática. E agora estamos nos conhecendo de verdade, pelo menos essa é a proposta.

Fechava um prontuário enquanto a Bruna seguia minhas ações com um olhar cheio de interrogações.

- O que foi Bruna?

- Eu já disse que ele é um Super-Homem, né?

- Já, várias vezes – disse-lhe de maneira amena.

- Caraca, ele é realmente um alienígena, ter tanta paciência assim.

Respirei fundo e me voltei para ela.

- Pois é, você tem razão. Ele é de outro mundo – no entanto, notei que ela queria falar outra coisa – o que mais Bruna?

- Ele – engoliu seco – não te traiu nesse meio tempo não, né?

Suspirei tirando o peso dos ombros.

- Fiquei com essa dúvida. Mas a fome dele era de que não comia há muito temp – Bruna sorriu.

- Como conseguiu acordar cedo hoje?

Dei-lhe um sorriso safado.

- Conseguindo, não é o primeiro virote sexual que enfrento.

- Virote sexual – repetiu a Bruna após uma gargalhada – quando crescer quero ser que nem você, amiga.

- Além disso, não tinha cheiro nenhum estranho nele, tipo, cheiro de piriguete ou de sabonte de motel.

- Ah... Boa dica.

Rimos e seguimos para nossas atividades.

Fui checar meu celular, que para variar, foi invadido com fotos da Angélica, Tilda e outros meninos que passam as férias na casa do Seu Alfredo e Dona Graça. Com 16 meses, já andando tudo praticamente, a nossa Gélica está uma pimentinha a cada dia. A Dona Graça ameaça sequestrá-la de nós o tempo todo. Morro de saudades de minha filhota e no sábado estaremos lá.

Essa folga veio a calhar, precisávamos ajustar as coisas, eu e o Carlos. A noite de ontem foi o primeiro passo. Ele tem razão, a minha praticidade tomou conta da família e esquecemos que há muito mais além disso.

Levantamo-nos cedo, pois o pessoal o pegaria às cinco e meia para as incursões policiais, com prisões, busca e apreensão. Ele ficou surpreso pela quantidade de carros da PF na frente de nosso prédio. Em geral, apenas o Riba ia buscá-lo com outro PM em um carro com placa oficial. Vimos da varanda o que assustou o porteiro do turno, que nos ligou bem preocupado. Pedi-lhe para tomar cuidado, sendo a resposta dele de que a família vem em primeiro lugar.

Vim pilotando com o coração apertado. Essa operação não seria igual à de uns meses atrás, que lhe tirou o sono e lhe rendeu capas de jornal por dois dias. Na recepção do hospital vi rapidamente umas linhas de manchetes na TV sobre uma grande apreensão de provas e prisões que atingiu cinco estados do país, alguns juízes, promotores e outros elementos da justiça, incluindo a trabalhista. No entanto, havia poucas notícias exatas e uma coletiva seria dada mais tarde, pelo chefe da polícia.

O Kalvin está no hospital, assim, aproveitei que um dos seguranças dele estava na recepção tomando um cafezinho e tentei extrair alguma informação. Eles sempre sabem de tudo, mesmo sendo do ramo privado, todas as informações importantes sobre segurança passam pela BS&Y. Porém ele disse que o que sabia, não poderia me contar, me acalmando quanto a segurança do meu marido.

O Coração de DeniseOnde histórias criam vida. Descubra agora