Antes de tudo desandar

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Point Of View Justin Bieber

New Haven – Connecticut.

07h30 am

  

"Você sabe que poderia me destruir, juntar todas as peças e pegar meu coração. Nunca achei que eu poderia amar tanto assim."

- Ed Sheeran.

O corredor está em polvorosa quando eu piso nele pela manhã e temos motivos de sobra para isso. Um deles é que a temporada enfim começou. Todas as pessoas estavam comentando sobre o jogo que iria dar início a temporada e que rolaria hoje, todos estavam em êxtase. E eu não podia estar diferente, eu sempre amei basquetebol. Jogo desde quando era bem moleque e sempre tento assistir a todos os jogos, só para ter a chance de sentir toda a energia que o jogo passa, a tensão, a expectativa. Gosto da maneira como o esporte é imprevisível e como as coisas podem mudar em apenas um segundo. As vezes eu me arrependo de não ter entrado no time da Universidade, iria amar jogar por eles hoje. Mas tive as minhas razões e não quero abrir mão delas, sei que aquele ambiente me deixaria extremamente incomodado e eu não gosto de me sentir assim.

Avisto o George falando com uma garota, que eu tenho certeza que faz alguma aula comigo, mas eu não lembro o seu nome e muito menos que aula fazemos juntos. Leonard está próximo deles e parece aéreo, enquanto masca o seu chiclete, apoiado na parede e com seus olhos atentos em todos que passam pelo corredor, parece acompanhar bem a euforia de todos ali. Tenho a sensação de que algumas pessoas não estão animadas apenas pelo jogo, mas por poder sair mais cedo de suas aulas. Confesso que essa parte também me anima, ninguém avisa o quão desgastante a faculdade pode ser. Eu achei que a minha vida aqui seria como no American Pie, bastante diversão, bebida e sexo. Mas o que eu encontrei foi bem diferente, encontrei estresse, nervoso e muito cansaço. Lógico que as festas de fraternidade e os jogos, são os relaxantes necessários. Mas no fundo, essas coisas apenas garantem que eu não jogue tudo para o alto, pegue o dinheiro da faculdade e vá viajar pelo mundo. Seria um sonho, devo admitir. Mas o depois é o que mata, o que eu iria fazer quando o dinheiro acabasse?

Me aproximo dos caras lentamente, as vezes nós vínhamos todos juntos para o campus, mas na maioria das vezes, cada um vinha no seu horário. Os dois por exemplo, gostavam de sair às sete de casa, George se deixasse, saia até seis e cinquenta. Eu já preferia sair mais tarde, faltando uns trinta e cinco minutos para começar a aula. Não gostava muito de ter que acordar mais cedo apenas para ficar batendo papo no corredor. Sem contar que, vir junto com eles era sempre aquela agonia de vir todos em um carro, as vezes isso era um problema. Porque quem vinha dirigindo ficava responsável pela carona dos outros dois, e mesmo que tivesse outro compromisso depois das aulas tinha que esperar os outros dois para ir embora. Já percebemos que isso não funciona! É óbvio que a gente estaria economizando muita gasolina se viéssemos juntos, mas só pelo estresse que era achar um horário que estivesse ok para todos e ter que esperar pelo os outros, não vale. Quando estou disposto a economizar gasolina, apenas venho andando para o campus, não é tão longe e tudo certo.

- Oi, bro. Você está péssimo! – Leonard diz assim que me vê, estou muito próximo deles.

Meu rosto ainda estava bem amassado e eu estava com cara de poucos amigos. Apesar de não estar de fato de mal humor, eu não me sentia tão disposto nesse momento.

- Você está ótimo, Leonard! – comento ranzinza e de forma irônica, o que causa uma risada em meu amigo idiota. Leonard sempre acorda muito bem pela manhã, sempre muito disposto e animado. Queria ser assim, mas estou longe disso.

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