Invisible

Julgamento

Point Of View Claire Brown

New Haven – Connecticut

10h00 am

 

“Você acha que ficou com o melhor de mim, acha que foi o último a rir.

Aposto que você pensa que tudo que é bom se foi, pensa que você me deixou quebrada. Acha que eu vou voltar correndo. Querido, você não me conhece, porque está completamente enganado!

O que não te mata, te deixa mais forte.”

- Kelly Clarkson.

 

O dia havia amanhecido completamente diferente para mim e não tinha nada que pudesse tirar o peso que senti em meu peito quando abri os meus olhos nessa manhã. Eu estava deitada no sofá e havia um cobertor jogado sobre o meu corpo, algo que eu acho que foi um trabalho do George. Me lembro vagamente da noite anterior, de ter assistido filmes da Barbie e ter caído no sono no meio de um, nem me forço a lembrar de qual foi. Mal despertei e já sinto a minha cabeça voltando a ficar a milhão, me atingindo com todas as possibilidades que podem vir a ocorrer hoje.

Fecho os meus olhos com força e respiro profundamente. Inspirando e soltando o ar com toda a calma, esse é o tipo de respiração que eu só uso em situações extremamente complicadas, quando sinto que a minha ansiedade vai me enlouquecer.

Eu gostaria muito de estar tranquila hoje, de me sentir confiante o bastante para não me importar muito com tudo isso, afinal eu sou a vítima nessa história. Mas acho que me sentir tensa com a situação em modo geral é inevitável! E é bom eu me sentir assim agora, porque quando eu pisar naquele tribunal eu vou dar o meu melhor e vou usar tudo o que eu posso ao meu favor. Eu vou precisar ser muito forte para ganhar aqueles dois hoje, vou precisar dar o meu melhor nisso.

Solto um suspiro e abro os meus olhos novamente, sentindo um embrulho em meu estômago, bem aquele embrulho que a gente sente quando está muito nervoso para algo. É, acho que não tem como passar por isso de boa.

Sento no sofá e fico olhando fixamente para a tv em minha frente, pensando no que vou fazer nesse tempo que terei antes do julgamento. Ele ia começar às 14h00 e apesar de eu não saber bem que horas eram agora, eu sabia que ainda estávamos na parte da manhã, o que significa que eu tinha algumas horas ainda para surtar.

Se desistir fosse uma opção, eu estaria optando por ela agora. Mas não é, nunca foi!

- Eu não estou fazendo isso apenas por mim! – sussurro para mim mesma e fecho os meus olhos novamente.

Consigo visualizar todas as meninas que eu soube que também foram abusadas pelo Harry e o Frederic, visualizo aquele dia em que todas elas estavam me esperando com o meu irmão e a Angie, visualizo os cartazes que elas estavam segurando. Meu punho automaticamente se fecha com força e eu sinto a raiva subindo pelo o meu corpo, o consumindo como uma chama veloz. Era isso que eu precisava! De raiva, muita raiva.

Porque se eu estiver ocupada demais com raiva daqueles dois, não terei tempo de sentir receio pelo o que terei que enfrentar antes de derrubar eles.  

Ouço uns passos se aproximando rapidamente de onde estou, mas permaneço com os olhos fechados, mentalizando o momento em que eles vão perder naquele julgamento. O momento em que eu verei a justiça sendo feita e uma sensação muito boa apossa o meu peito, uma sensação de dever cumprido. É isso que vou sentir no final desse dia!