-Veludo. (Sétima noite)

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Ao despertar surgiu logo um sorriso em meu rosto me recordando da noite passada. Olhei para o lado para poder admirar Scarlett, então meu sorriso se foi e me senti como se uma faca estivesse entrando em meu estômago...

Ela não estava mais lá do meu lado. Fiquei desesperada, embora eu já soubesse que esse tipo de comportamento era previsível vindo dela, mas eu achei que seria diferente dessa vez e que ela ficaria comigo, ainda mais depois daquela noite.

Me levantei para ter certeza de que ela havia mesmo ido embora e vi um bilhete em cima da mesa de jantar onde havíamos transado na noite passada...

" Desculpa por ir sem me despedir. Nos vemos por . Atenciosamente, Scarlett. "

Rasguei o papel no mesmo instante que terminei de ler e logo minha visão ficou embaçada por causa das lágrimas que se acumularam. Eram lágrimas de dor, de angústia, de raiva, ódio, frustração. Naquele momento eu não queria saber dela, nunca mais, ela nunca me veria novamente nem mesmo se implorasse.
Já que Scarlett me queria apenas para o seu prazer, ela não teria nada de mim. Eu estava decidida! Pelo menos era o que pensava naquele momento...

Eu não conseguia ficar sã, então decidi me livrar um pouco dos pensamentos bebendo. Desci até o estacionamento pelo elevador de serviço, do jeito que estava vestida, não estava de bom humor e nao queria tratar mal Eliza. Peguei meu carro e fui até o mercado e comprei toda e qualquer bebida forte que havia nas prateleiras.

Voltei para casa e fiz o mesmo caminho de antes, usando o elevador de serviços, assim que coloquei as sacolas na mesa abri logo uma garrafa de conhaque e misturei com um pouco de refrigerante pra poder descer mais rápido. Depois de acabar com a garrafa toda eu já comecei a falar sozinha e murmurar contra a vida, depois de um tempo conversando comigo mesma, ouvi a campainha tocar, fui abrir a porta totalmente desequilibrada e rindo por conta disso. Era Eliza.

-Você tá bem?- Ela perguntou assustada ao me ver naquele estado. Eu dei risada disso.

-Claro, só estou um pouco tonta.-Dei risada novamente.

-Eu acreditaria se o seu hálito não estivesse com cheiro de conhaque puro.- Eliza respirou fundo- O que ta havendo, Lane?

Fiquei séria ao lembrar o motivo da minha bebedeira.

-O grande amor da minha vida só quer saber de sexo sem compromisso. E eu decidi que não vou deixar ela usar meu corpo nunca mais.- Minhas palavras quase sairam como um deboche.

-Scarlett?- Ela cruzou os braços e riu como se soubesse de algo que eu não tinha conhecimento.

-Quem mais seria a minha ruína?-Olhei pra ela sem entender sua risada.

-Ela passou na recepção pra me "cumprimentar" antes de ir embora.- Eliza disse ainda rindo.

-Te cumprimentar?- Franzi a testa. -Como assim? Ela não gosta você.

-Foi ironia... Ela disse "fica longe da Lane, ela é só minha".

Fiquei paralisada por um instante sem acreditar nas palavras de Eliza.

-Você ta falando isso só pra me deixar bem.- Semicerrei meus olhos.

-Não tenho motivos nem interesse pessoal nisso.- Ela me encarou- Preciso voltar ao trabalho agora, e vê se toma um café bem forte.

-Valeu o recado.- Apertei sua mão e ela se foi.

Fechei a porta novamente e voltei ao meu open bar particular, ainda não acreditando no que Eliza havia me contado. Abri outra garrafa, dessa vez de Gim e bebi diretamente do bico tentando colocar meus pensamentos em ordem, mas não consegui, eu pensava unicamente em ligar para Scarlett e, como a bebida tomou conta de mim, foi o que eu fiz. Peguei meu celular e liguei.

Vinte Noites com ScarlettOnde histórias criam vida. Descubra agora