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Após o tapa, se instalou na sala um silêncio mortal quase que insuportável. Roberto encarava o filho com o olhar mais tenebroso que já vi na vida. Estou morrendo de rir por dentro, isso foi incrível.

- Ele me deu um tapa, Roberto, ele me deu um tapa! - mina gritou histérica dando um murro na mesa do escritório. Eu queria rir com aquela cena, mas precisava me manter neutra. - Eu poderia matar seu filho agora mesmo! - gritou encarando o homem.

- Desculpe, amor. Isso não vai se repetir. - o homem praticamente se ajoelhou no chão e começou a implorar. - Perdão, minha musa. - ao ouvir isso minha mente insistia em querer me fazer rir, era ridículo ele ter essa obsessão, parece até um cachorro.

Inui estava rindo de canto, acho que ele não sabe como disfarçar, eu queria ter essa sua coragem nesse exato momento.

- Isso é pra você aprender a ser educada com pessoas melhores que você. - o loiro disse apontando o dedo quase na cara dela, aquilo parecia cena de novela, só agora eu notei que estive viva todo esse tempo para presenciar ela passando por algo assim.

A mulher apenas o encarou com uma expressão de nojo e se retirou do escritório, logo atrás dela seu marido a seguiu feito um cão domesticado.

Não tive tempo de pensar em como o agradecer, quando notei já havia pulado em seus braços e estava o abraçando com meu rosto praticamente encostado em seu pescoço. Seu cheiro era tão bom que minha cabeça doeu.

- Obrigada por isso, você vai entrar na minha lista de pessoas fodas! - disse ainda abraçada ao garoto.

- Me sinto honrado. - respondeu me abraçando mais forte ainda, suas mãos pousaram em volta da minha cintura e só aí percebi o quanto essa cena se tornou embaraçosa.

Quando parei para encará-lo, seu rosto estava tão próximo ao meu que o vi ficar vermelho igual um tomate. Eu provavelmente não vou saber como fugir dessa situação, eu sei que é só me afastar que tá resolvido mas eu não consigo.

Saí de perto de mim.

- Você viu a cara dela? Foi tão satisfatório assistir isso. - respondi tentando evitar que nossos lábios se encostassem de tão próximos que estávamos e me afastei dele.

- Eu vi, ela mereceu muito aquilo. - ele disse finalmente, por um segundo notei sua frustração mas logo sua expressão voltou ao normal.

Não estou enganada, ele queria me beijar. Só lamento, porque tudo em mim já pertence a alguém, e vou fazer de tudo para vê-lo novamente.

- Vamos lá fora, preciso vê-la mais uma vez. - consegui falar e abri a porta do escritório para sairmos.

Os dois estavam em cima do sofá aos beijos, ela realmente muda bem rápido. Eles ficaram um bom tempo se pegando até que no fim notaram nossa presença. Nos primeiros segundos ela me olhou assustada mas ao mesmo tempo zangada e ele apenas se conteve em sorrir.

- Estamos indo embora, mas antes queria pedir desculpas por tudo que falei. - mina disse com uma feição encantadora, se eu não a conhecesse diria que está perdidamente arrependida do que disse há vinte minutos atrás. - Eu te amo filha, essa é a verdade que você precisa saber. - seus olhos se encheram de água, e eu fiquei tão confusa que se me perguntassem algo bem fácil eu não saberia responder, como ela mudou de personalidade em menos de cinco minutos? - Eu vou vir aqui sozinha amanhã para conversarmos, até logo. - os dois se levantaram e saíram pela porta sem nem esperar uma resposta.

E fizeram o certo, pois eu provavelmente vou demorar dias para assimilar tudo que acabou de acontecer. Ela literalmente me chamou de puta e me insultou de várias maneiras, sem contar que fui embora por conta de seu ódio aparente por mim.

Agora do nada ela pede desculpas e diz que me ama? Eu realmente não sei e nem vou saber lidar com isso de uma forma racional.

Fui correndo para o quarto e me sentei na cama, estava pensando sobre mil e uma teorias para ela ter dito aquilo. Seria por que seu marido a forçou? Ou de repente ela disse isso para poder ir embora logo. Mas nada faz sentido para mim.

Parece que estou desperada por uma figura materna.

- Isso foi uma surpresa. - inui disse entrando no quarto, mas infelizmente eu não tenho cabeça para entrar em um diálogo com ele.

- Foi. - respondi simples e ele parecia ter notado que eu não estava afim de conversar, veio até mim deixando um beijo no topo da minha cabeça e em seguida saiu do quarto e fechou a porta.

Eu estava confusa como nunca estive, passei literalmente minha vida inteira escutando besteiras e coisas ofensivas da minha mãe, ela sempre me tratou tão mal e não fazia questão de me ter como filha. Eu sei que isso tudo é mentira, mas não deixa de mexer comigo. Como ela ousa dizer do nada que me ama e que sente muito?

Eu pareco uma louca paranoica, mas talvez eu tenha os melhores motivos para ter ficado assim.

- Que droga. - senti meus olhos arderem, eu não conseguia acreditar que estava chorando pela minha mãe. Eu pensei que isso nunca aconteceria.

Essa mulher com certeza é bipolar.

- *Chifuyu on* -

Dois dias de seu desaparecimento, nahoya está obcecado com essa busca e tenho certeza que quando a acharmos ele vai matar quem tiver feito isso.

Eu fiquei muito puto por ele ter vacilado dessa forma, não se deixa uma linda garota como a s/n voltar sozinha para casa a noite. Não importa o quanto ela implore para ir só.

Isso é o mínimo que ele deveria saber, somos membros de uma gangue conhecida e literalmente acabamos de sair de um confronto onde ele acabou em um hospital baleado. Então como ele pôde deixar a própria namorada sair de sua casa sozinha?

- Vamos achar ela, não se preocupe. - baji estava dormindo na minha casa desde que descobrimos que ela foi sequestrada, ele está nos ajudando nas buscas.

- Eu odeio o smiley, eu mato ele se algo acontecer com s/n. - resmunguei sentado no sofá da sala, baji me olhou assustado mas logo voltou ao normal.

- Ele vacilou mas não precisa jogar a culpa nele. - o moreno tentava salvar o amigo de alguma forma, mas eu já não gostava muito dele antes e com isso as coisas só pioraram.  - Você também é muito obcecado pela s/n, precisa aceitar que é ele quem ela ama. Se você o matasse, ela nunca te perdoaria. - baji falou e eu senti como se estivesse sendo esfaqueado várias vezes.

Era um fato, mas eu não vou aceitá-lo nunca. Eu a conheço faz muito tempo, fui eu quem a salvei das garras da mãe abusiva que ela tinha. Ele nunca esteve lá, quando ele chegou ainda criou uma relação aberta. Isso não é coisa que um homem de verdade faça e eu sempre vou odiá-lo não importa o que me digam.

- Mas eu me odeio mais do que qualquer um, me odeio por que quando ela estava apaixonada por mim eu botei nossa amizade no topo e a fiz esquecer tudo. - soltei como se fosse algo normal, e de fato era. - Você entende, baji? Eu perdi a chance de ser feliz e de ter a mulher que eu amo ao meu lado. - apertei minha mão com toda a força do mundo, eu me odeio tanto que dá nojo.

- Eu não sei como te consolar, só posso dizer que você foi burro pra caralho. - Baji disse calmo, eu não posso reclamar de seus conselhos, é só com ele que posso contar nesse momento.

- É, eu fui um burro. - suspirei fundo e me deitei no sofá. - Amanhã vamos procurar por ela novamente. - disse e logo em seguida fechei meus olhos até que finalmente peguei no sono.

- Idiota. - ouvi baji resmungar.

As coisas precisam melhorar daqui em diante.

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𝐖𝐈𝐓𝐇 𝐘𝐎𝐔, nahoya kawataOnde histórias criam vida. Descubra agora