DEZ

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Enquanto Seis geme e se contrai com a mínima dor que logo vai passar, quando arrancar aquele vidro e a pele cicatrizar, eu me viro, torcendo para que estejam todos bem.

Tudo o que eu consigo ver é Freya estourando os miolos de Quatro lentamente, e Klaus usando sua própria mão como guilhotina e decapitando o bruxo. Os outros não passam de corpos inertes, partidos e destroçados no chão. Olho para trás, Seis desapareceu.

Estou quase deitada, apoiada em um dos cotovelos enquanto a outra mão segura o caco. Tento não o mover nenhum centímetro. Sinto o sangue descendo da minha barriga até o chão. E quando começo a tossir sangue pela boca, penso:

Aí está você, maldita hemorragia interna.

Deito completamente no chão, cabeça virada para o teto destruído enquanto o restante dos cacos me furam nas costas. Esperei o golpe final de Seis, mas ele deve ter percebido que, com os companheiros mortos, ele seria o próximo. Por isso fugiu.

Vejo tudo girando e girando, e borrado como se eu tivesse passado um mês sem dormir. Minha cabeça pesa uma tonelada, e meus poderes são só um sussurro dentro do meu sangue jorrando pelo chão desse lugar.

— Peguem ela. — Ouvi estranhamente claro, a voz de comando vindo de Freya. — Vou ajeitar uma das mesas. Precisamos tirar isso dela agora mesmo, ou pode ficar pior.

— Ayla. Ah meu Deus, isso está...

Aya se aproximou do meu corpo sangrando. Consegui vê-la com clareza, então talvez a ferida não estivesse tão ruim assim. Tentei me levantar. Péssima ideia. Um grito saiu de mim, um agudo e repleto de uma dor incrivelmente insuportável.

Minha irmã  avançou.

— Nem pense nisso! — ela brigou.

Suas mãos me deitando de novo, e enquanto analisava a minha ferida, mais duas cabeças surgiram no meu campo de visão. Elijah e Klaus se aproximaram.

— Se afaste, meu amor. — ele murmura, tocando no ombro de Aya.

— Não vou sair daqui. — ela sequer olha para ele.

— Por Deus, garota... — vejo seus olhos revirarem.

Klaus tirou Aya de mim, mesmo ela se contorcendo e se debatendo nos braços sangrentos do Híbrido. Elijah me olhou com preocupação, e tocou minha mão com cautela, enquanto disse:

— Eu vou te levantar agora. — ele diz suavemente. — Preparada?

Isso vai doer, penso. Me mexer com um caco desse tamanho dentro de mim, vai doer horrores. Mas apenas assenti. Estou preparada? Nem um pouco. Mas sei que se isso demorar mais do que já demorou, vou ter sérios problemas de infecção. E de jeito nenhum estou apta a beber sangue de vampiro. Não consigo ser tão hipócrita a ponto disso, então Freya vai ter que dar o seu melhor para me salvar. E estou a ponto de afirmar isso a ela, mas é tarde demais.

Elijah me levanta com um cuidado tremendo, mas não o suficiente para conter meu gemido de dor. Meu braço está em volta de seu pescoço, minha mão segurando ao redor do caco, tentando não respirar com dificuldade, mas estou falhando. E respirar nunca foi tão doloroso. Um dos braços dele está embaixo da parte de trás dos meus joelhos, e o outro está envolvido em minhas costas, a mão roçando logo abaixo do meu peito. Abro os olhos e ele já me observa com um pedido de desculpas nos olhos, então me leva para a mesa que Freya acabou de esvaziar para mim.

— Alguém me explica o que acabou de acontecer? — ouvi Rebekah, enquanto se aproximava com Kol.

Elijah me põe na mesa com um cuidado enorme. E a dor é tão intensa, que uma lágrima desceu por meu rosto. Uma mísera e pequena lágrima. Aya se aproximou rapidamente da mesa, me tranquilizando com carícias no cabelo, dizendo que tudo vai ficar bem. Mas não vai. Sei que não vai, porque conheço a Reitora e a organização. Eles não vão desistir até me terem de volta, ou, no pior dos casos, me matar de vez.

~Estrela da Meia Noite ⭐ || Elijah Mikaelson Onde histórias criam vida. Descubra agora