CAPÍTULO 01 - ALGUMAS PESSOAS SEGUEM EM FRENTE, NÓS NÃO

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"Eu fico dizendo pras pessoas que elas devem superar, crescer. Umas conseguem, mas nós não." - Steve Rogers

DECKARD SHAW

Era o mesmo sonho, o mesmo sentimento. Abri os olhos buscando encontrar o corpo em choque de Amélia ao meu lado, mas tudo o que eu encontrei foi seu travesseiro vazio. Na porta, as batidas incessantes acompanhavam a voz de Owen, que chamava meu nome a cada segundo. Ele queria que eu levantasse, eu não queria levantar mais.

Rolei para o lado, na cama, afundando o rosto no travesseiro ao lado, buscando o cheiro dos cabelos de Amélia. Depois de dois anos, o cheiro não estava mais ali, mas nada me impedia de procurar. As batidas na porta pararam e, um minuto depois, a mesma foi arrombada e eu ouvi os passos apressados de quem havia invadido o quarto. As cortinas foram abertas, fazendo com que o sol escaldante entrasse no ambiente e as janelas foram abertas, causando um choque entre o clima quente lá de fora e o frio aqui de dentro.

— Eu vou falar uma vez só. — reconheço a voz de Illeana — Levanta da porra dessa cama ou eu juro pra você que vou te jogar nas minhas costas e te levar lá pra baixo na marra. — ameaçou, fazendo-me lembrar de sua mãe — Você sabe que eu faço isso, Deckard Shaw, então levanta!

— Me deixe em paz. — minha voz saiu arrastada

— Deixa em paz é o cacete! — rebateu

Ergui a cabeça, olhando-a. Ela tinha uma feição brava, as mãos na cintura e batia o pé, impaciente. Ergo uma sobrancelha.

Eu ainda sou o pai dela, quem ela pensa que é?

— Oliver não te vê há três dias, desde que você surtou por causa da foto da mamãe que ele colocou no seu carro. — ela me encara — Ele tem dez anos, Deckard. Não seja um cuzão, você não é o único que sente falta da mamãe.

Cuzão?

— Eu posso estar fodido, mas ainda sou o seu pai, Illeana. — faço o possível para soar firme

— Então aja como a porra de um pai. — rebate me encarando com os olhos afiados — O pai que eu me lembro, porque esse perdedor aí não tem nada a ver.

Deixo minha cabeça cair novamente sobre o travesseiro e sinto as mãos da minha filha puxando meu edredom. Eu seguro a minha ponta com força, nós dois iniciando um cabo de guerra.

— Solta essa porra, Illeana. — resmungo

— Cansei! — ela larga com brutalidade — Eu vou morar com o tio Jake.

— Vai morar com o Jakob porra nenhuma! — me sento rápido na cama, sentindo minha cabeça pesar e a ressaca me atingir — Já basta você ter me enfiado nessa porra de buraco quente que é a Califórnia, ainda quer ir morar com a porra de um presidiário que só fica em casa um fim de semana por mês.

— Pelo menos ele se importa comigo de verdade, não virou um bebê chorão do caralho! — grita de volta

— Como é que é? — franzo o cenho, sentindo uma avalanche de irritação me atingir — Repete! — chuto as cobertas, me levantando

— Bebê, Chorão. Do caralho. — repete pausadamente, me desafiando como somente Amélia era capaz de fazer — O que é?

Estreito os olhos, as mãos tremendo de raiva. Começo a caminhar na direção dela, até que sinto as mãos de Owen em meus ombros, ele se colocando entre nós.

— Opa! — Owen quebra o clima — Temos um par de olhos assassinos por aqui. — ele diz ao me olhar e se vira para Illeana — Dois pares de olhos assassinos por aqui! — se corrige ao ver a pose e a ira da minha filha

Bring Me Back - A Última CorridaOnde histórias criam vida. Descubra agora