CAPÍTULO 08 - CONFIANÇA

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"Vá devagar e tudo se resolverá por si só. Tudo o que precisamos é apenas um pouco de paciência." - Axl Rose

LILIYA

Senti o estômago embrulhar, a barriga doer e me curvei sobre o sanitário, o vômito ácido ferindo minha garganta, queimando meu nariz. Eram quase duas horas da manhã e eu já não tinha mais o que vomitar. O soro medicado que Deckard colocou em minha veia fazendo efeito, eliminando os rastros das drogas, porém meu corpo pedindo por mais.

Lília, deixa eu entrar. — Deckard pede do lado de fora do banheiro

— Não. — resmungo dando descarga

Me levanto escorada na pia e lavo a boca, mas a fraqueza logo me atinge, fazendo-me ir ao chão.

Você caiu? — o ouço perguntar — Amélia!

Do chão, eu o vi forçar a porta e a mesma abrir, seus olhos encontrando os meus. Ele se abaixa e se senta no chão, me colocando em seu colo e erguendo minha cabeça.

— Isso é nojento. — resmungo — Não precisa ver.

— Já passamos por coisas piores. — apóia minha cabeça em seu peito

— Tipo? — fecho os olhos

— Há alguns anos, Mike morreu nos seus braços. — ele diz e eu franzo o cenho, me lembrando da foto que vi do rapaz chamado Mike — Ele tomou um tiro na cabeça, tinha sangue pra todo lado. Foi terrível.

— Mas você deve ter ficado feliz, não? — abro os olhos, focando em seu rosto que pairava sobre o meu

— Feliz com algo que estava te ferindo tanto? — ele franze o cenho — Não.

— Pelo o que eu li, Mike era apaixonado por mim e eu tinha uma relação com ele. — digo — Com a morte dele, bom, o caminho ficou livre pra você.

— Não foi bem assim que aconteceu. — ele me olha, parece ofendido — Eu não sou esse tipo de pessoa ruim.

— Desculpa, não quis te ofender. — o olho — Só estou tentando entender, já que foi só depois da morte do Mike que ficamos juntos.

— Nós só ficamos juntos depois de quase dois anos que o Mike tinha morrido. — explica — Antes disso teve a Ashley. Por ela, você realmente quase desistiu do que sentia por mim. Se Hattie não tivesse me convencido a ir para o Brasil com vocês, eu teria te perdido pra sempre.

— Se você gostava de mim, por que não investiu antes? — pergunto sentindo o cansaço tomar meu corpo

— Haviam questões comigo mesmo a serem resolvidas. Eu fui seu mentor durante anos, não me parecia certo nutrir esse tipo de sentimento por você.

Fico em silêncio e fecho os olhos, sentindo que estou quase dormindo. A ideia de dormir me apavora.

— Deckard, nós éramos felizes? — minha voz soa arrastada, graças ao sono

— Incrivelmente felizes. — o ouço responder e abro os olhos, vendo que ele está encarando um ponto fixo na parede, pensativo — Quer dizer, todo dia havia um estresse diferente, uma implicância nova que apimentava as coisas.

— Você parece estar descrevendo a vida perfeita. — murmuro — O que é estranho, porque a vida de ninguém é.

— A nossa era. — confirma

— Sinto muito por não me lembrar de nada disso.

— Não é sua culpa.

Senti meus olhos pesando e, por mais que eu lutasse para permanecer acordada, minhas pálpebras insistiam em se fechar. Deckard me olhou e respirou fundo, fazendo com que a última coisa que eu visse antes do sono me vencer, fossem os olhos cinzas dele.

Bring Me Back - A Última CorridaOnde histórias criam vida. Descubra agora