PRÓLOGO - DE VOLTA AO JOGO

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"Quando o sol se pôr e a banda não tocar, eu sempre vou lembrar de nós desse jeito." - Lady Gaga

" - Lady Gaga

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AMÉLIA T. SHAW

Às vezes eu me pegava observando Deckard e lembrando de todo o caminho que percorremos até aqui. Minha declaração patética bêbada, seu afastamento, nossa proximidade, o sexo em Cuba, ele me pedindo em namoro no Brasil, nosso casamento na Espanha, o nascimento de Illeana. Somos um casal incomum e não estou falando isso só pelo fato de termos uma grande diferença de idade. Passamos por situações incomuns, temos vidas incomuns. Enquanto eu esperava por Oliver, nosso caçula, eu tive medo. Deckard decretou que os trabalhos haviam acabado e, por um momento, tive medo que o nosso casamento se tornasse como os outros. Medo que o que sustentasse nossa relação fosse a ação e não só o nosso amor. Mas depois que Oliver nasceu, nosso relacionamento resistiu. Nosso amor resistiu. Agora estamos desbravando a adolescência de Illeana e suas descobertas novas. Oliver e sua forma extremamente parecida com Owen adora tirar Deckard do sério e depois apelar para palavras fofas que ele sabe que derretem o coração do pai. Eu finalmente tenho uma família completa e agradeço muito por ela.

É bom demais pra ser verdade.

— Tá pensando em que? — Deckard pergunta sorrindo ao beber um gole de vinho

— Em você. — respondi sorrindo

— No quanto eu fico bonito de terno? — faz piada, me fazendo rir mais

— No quanto eu vou me divertir tirando esse terno. — respondo fazendo-o rir

Desço a mão para pegar minha taça de vinho, mas minha mão passa direto e bate no garfo.

— Uh. — estreito os olhos

— Um pouco mais pra direita, querida. — Deckard diz gentil

Os malditos pontos cegos na minha visão. São graças a eles que eu não dirijo mais, tropeço em alguns degraus, passo alguns vexames. Owen vive se aproveitando dos meus pontos cegos pra aprontar comigo. Por exemplo, eu coloco meu copo na minha frente, no balcão, enquanto converso. Pela memória, eu sei onde está o copo e sei onde colocar minha mão, mas ele usa um dos meus pontos cegos para sorrateiramente mudar a posição do copo e fazer com que o copo suma do meu campo limitado de visão. Aí eu derrubo o copo, fico com raiva, grito com ele, Deckard grita com ele, Hattie grita com Deckard e Queenie grita com todo mundo. Os almoços em família são sempre muito agitados.

Bebo um gole de vinho e fico conversando com Deckard sobre aleatoriedades, mas não me passa despercebido um cara estranho entrando e saindo de vista. Em um determinado momento, enquanto Deckard e eu estamos jantando, eu franzo o cenho ao notar que o cara me observa, mas volto minha atenção ao meu marido e, quando olho de novo naquela direção, ele sumiu.

— Amor. — o chamo — Eu sei que minha visão não é um sentido muito confiável agora, mas...

— Tem um cara te encarando. — ele resmunga limpando a boca com o guardanapo — Eu também notei. — põe o guardanapo no colo — Já considerei ir tirar satisfação, mas ele não está te olhando do jeito que os outros costumam te olhar. Tem alguma coisa acontecendo.

Bring Me Back - A Última CorridaOnde histórias criam vida. Descubra agora