CAPÍTULO 09 - CORPO A CORPO

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"Eu sofro por amor, sofro por nós, por que você não se aproxima? Combinamos perfeitamente, perfeitos de algum jeito, somos feitos um para o outro. Se aproxime um pouco mais. (...) O fogo encontra a gasolina. Queime comigo esta noite." - Sia

LILIYA

Eu estava caindo, o peito ardendo com um buraco em chamas. Os olhos escuros, sem distinguir o que estava ao meu redor, apenas a dor dilacerante queimando e rasgando meu peito, levando consigo toda a minha agonia e a minha esperança.

— Não vai ser essa aliança que nos manterá unidos. — a voz grave diz enquanto estou caindo — Vai ser sempre o amor, a fidelidade e a lealdade. Eu sou leal a você e sempre serei. Você não vai se livrar de mim, Amélia. Eu sou capaz de enfrentar o capeta em pessoa por você.

A silhueta masculina está sobre mim, me encarando. Estico os braços na intenção de ser salva por ele, mas ele não se move para me ajudar. A dor toma conta de mim, a ardência queimando como fogo vivo do inferno. A silhueta masculina estende o braço para mim, nossos dedos quase se tocando, mas é tarde demais. Sinto o impacto do meu corpo com o chão e meu coração sendo comprimido em meu peito.

Abro os olhos em um espasmo violento e me sento na cama, encarando o local ao meu redor.

— Deckard? — franzo o cenho

Levo a mão ao peito, numa tentativa de diminuir a agonia que o sonho me trouxe. Debaixo do meu travesseiro, pego uma foto que roubei de um dos álbuns. Eu estou sorridente ao lado de Illeana mais jovem, Oliver e Deckard. Estamos com chapéus de festa na cabeça e Deckard faz cara de tédio, de quem foi obrigado a colocar o chapéu, enquanto Oliver assopra uma língua de sogra em seu rosto. Ouço o barulho do chuveiro e me levanto, notando que já é noite. Dobro a foto e a coloco no bolso interno da minha jaqueta, indo até a cozinha e bebendo um gole d'água. Os sonhos ruins voltaram e são sempre assim. Uma voz distante falando alguma coisa sem sentido enquanto eu caio com o peito ardendo. Coloco a mão por dentro da blusa e levo os dedos até a marca que o projétil russo deixou em meu peito esquerdo. Pela primeira vez eu consegui distinguir a voz da vez. Deckard é quem estava falando. Ele estava jurando lealdade a mim.

A porta do banheiro se abre e, no susto, eu tiro a mão do peito, deixando o copo na pia. Deckard sai do cômodo com uma toalha enrolada na cintura e caminha a passos largos até sua mala, puxando uma muda de roupas dali. Há a marca do que parece ter sido um tiro em suas costas, chegando mais pro meio. Isso faz eu me questionar o que ele passou sendo um espião. Quando ele se vira para voltar ao banheiro, se dá conta de que eu estou acordada. Deckard é um homem quente. Fisicamente, é fácil de entender porquê eu me sentiria atraída por ele, mas algo dentro de mim diz que não é só isso. A chave está por trás de seus olhos cinzentos.

 A chave está por trás de seus olhos cinzentos

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— Desculpe. — murmura — Pensei que estivesse dormindo.

— Eu tive um sonho ruim. — minha voz soa rouca, sonolenta

Bring Me Back - A Última CorridaOnde histórias criam vida. Descubra agora