EPÍLOGO - SEMPRE E PRA SEMPRE

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"Eu quero te animar, eu quero te ver sorrir, mas saiba que isso significa que eu terei que partir. Ultimamente eu tenho pensado, eu quero que você seja mais feliz. Quero que você seja mais feliz." - Marshmello

JAKOB TORETTO

Encarei a lápide do meu irmão e suspirei, me lembrando das palavras do doutor Kyle. Ninguenzinho limpou a minha ficha, disse que eu não precisava mais voltar para a prisão, contanto que mantivesse o acordo de trabalhar para eles sempre que eu for requisitado. No entanto, era estranho estar livre. Eu pedi mais dois meses encarcerado, acho que por medo de encarar a sociedade e mudar minha rotina, sem minhas sessões de terapia em grupo.

— Você disse que pediu desculpas para sua irmã e que ela te perdoou.

— Não era bem ela. — faço careta — Era uma versão desmemoriada dela, mas os traumas ainda estavam lá. Por exemplo, o modo como ela começou a tremer e a chorar quando entrou naquele avião.

— Quando você vai se perdoar, Jakob? — doutor Kyle me encarou com uma sobrancelha erguida

— Eu já disse que não é tão fácil assim. — murmuro

— Você foi um homem muito corajoso ao pedir perdão aos outros pelo que você causou. E todos eles te perdoaram. Dominic, Deckard, Amélia. — conta — Agora vem a parte em que você perdoa eles e se perdoa também. Não é um caminho fácil, eu sei, mas você está pronto para começar.

— Como? — o encaro

— Isso é você quem precisa descobrir. — faz careta

E foi aí que eu percebi que meu coração ainda palpitava ao lembrar do Dom. Que eu ainda sentia vontade de chorar ao me lembrar de como éramos e dos últimos anos. Então eu percebi que precisava perdoá-lo, entender que ele me amava, mas não foi corajoso o suficiente para me pedir perdão.

— Ok, seu babaca teimoso. — suspiro — Você não tinha o direito de ir embora desse jeito. — murmuro — Mas eu te perdoo por isso. Porque eu te amo.

Sinto como se um peso fosse tirado dos meus ombros. Ainda há muito o que percorrer nesse caminho, mas eu tenho fé que vou conseguir ser alguém melhor, ao menos para os meus sobrinhos.

Coloquei os óculos escuros no rosto e deixei a rosa branca por cima da lápide, me virando e arrumando o blazer azul escuro nos meus ombros. Próximo à uma árvore, Amélia me observava usando calças de alfaiataria azul marinho, blusa de botões preta e blazer azul marinho. Ela tinha o braço esquerdo na tipóia e tenho certeza que havia um arroxeado por trás dos óculos escuros.

— Que a gente se parece, todo mundo sabe, mas vamos começar a nos vestir igual? — perguntei erguendo uma sobrancelha

— Precisamos intensificar na terapia? — ergue a mesma sobrancelha para mim

— Vou falar com o doutor Kyle sobre isso. — arrumo a gravata em meu pescoço — E esse braço?

— Eu tive uma recaída durante uma madrugada e fui parar em uma roda punk. — dá de ombros — Puxei briga com um babaca, terminei com essa luxação. Nada demais.

— O cara ainda está vivo? — estreito os olhos

— Comendo de canudinho.

Sorri.

— A mesma Amélia de sempre.

— A mesma? — pergunta — Às vezes me confundo um pouco. Liliya, Tina, Amélia. Eu vivi muitas vidas em uma só.

— E o que quer fazer agora?

— Ser Amélia Shaw. — suspira observando as árvores balançando com o vento leve — Reconquistar meu marido, cuidar dos meus filhos. Illeana logo vai ser maior de idade, Oliver ainda está confuso com tudo o que aconteceu, são muitas coisas.

Bring Me Back - A Última CorridaOnde histórias criam vida. Descubra agora