CAPÍTULO 13 - O PEÃO KUZNETSOV

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"Mas há um lado seu que eu nunca conheci, todas as coisas que você diria nunca eram verdade e os jogos que você joga, você sempre ganha. (...) Mesmo que já estejamos acabados, eu não posso me impedir de procurar por você." - Adele

KIRA KUZNETSOVA

Encarei a face retorcida de meu pai, pelo vidro da câmara de gás. Eu estava nua, exposta ao frio invernal por duas horas. Era a forma da Eteon me castigar, agora que sabe que fui eu quem os impedi de colocar as mãos em Liliya durante esses anos.

Alguns anos atrás, eu fui chamada para monitorar a segurança de Vladimir Komarov, o mesmo homem que fez testes no meu cérebro, quando eu era mais nova e colocou uma espécie de válvula de segurança que me impede de ir contra o meu pai, mesmo que eu saiba o quão merda ele é. Embora seja duro de admitir, creio eu que não precisaria dessa válvula, já que meu coração e minha carência paternal não me permitem abandoná-lo por muito tempo. Eu transportei o doutor Komarov até o ponto certo da Rússia e depois saí da jogada. Há dois anos, um alerta foi emitido e eu, como a Prime (primeira agente modificada) da organização, fui incumbida de capturar e levar de volta uma cobaia que acordou no meio do procedimento e, contrariando as expectativas, conseguiu fugir do Complexo 1, deixando vários soldados machucados, mortos e um agente aleijado. Naquela mesma noite, depois de recusar o trabalho e ser ameaçada de morte, encontrei uma mulher caída em um beco em Moscow, quando eu estava a caminho da Estônia. Liliya tinha traumatismo craniano e algumas escoriações pelo corpo, além de marcas de cirurgias em suas costelas, ombros, clavículas e em seu joelho direito. Claro que eu soube na mesma hora quem ela era, mas não consegui entregá-la.

— Você vai me machucar que nem eles? — sua voz rouca soou fraca, pelo frio da hipotermia

— Por que machucaram você? — franzo o cenho arrumando o cobertor sobre ela — Quem é você?

— Eu não sei. — nega chorosa

Suspiro.

Não me arrependo de ter feito o que eu fiz. A Eteon que vá se exploda de uma única vez.

— Curtindo o frio? — Kuznetsov me encarou, as mãos nos bolsos da calça

Sentindo meu lábio inferior tremendo de frio, não respondi. Não conseguia emitir nenhum som.

Cyka. — me xinga, bravo — Pela primeira vez na sua vida você teve culhão pra agir feito alguém que vale a pena. E foi justo contra mim.

As saídas de gás param de liberar o frio, mas a temperatura da câmera não aumenta.

— Além de me causar desgosto se engraçando com mulheres, ainda se apaixona pela mulher errada. — diz paciente — Porém reconheço que além de ter Amélia Shaw nas minhas mãos, saber que você, indiretamente, me ajudou a ferir Deckard Shaw, me deixa um pouco menos fulo da vida.

Puxo o ar com força, sentindo o ar gelado destruindo minhas narinas por dentro, fazendo-as sangrar. Já não sinto mais o meu corpo.

— Imagino que aqueles babacas estejam indo atrás de Vladimir agora. — suspira — Infelizmente, preciso de você.

Embora eu queira gritar com todas as minhas forças que não farei mais nada por ele, a parte do meu cérebro que ele comanda logo oprime a parte que se rebela e aceita a informação. É a parte dentro do meu cérebro que ele criou para ser sempre seu braço direito mais confiável. Uma vez que estou em missão e minha raiva é estimulada, eu não consigo mais parar. É só ele dizer a maldita frase.

— Дорогая дочь, принеси честь своей семье. — vejo seu sorriso sendo distorcido pelo vidro da câmara — Privet.

Bring Me Back - A Última CorridaOnde histórias criam vida. Descubra agora