CAPÍTULO 10 - AMNÉSIA

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"Nós fomos de tudo para nada, não existe mais 'nós', ela é uma estranha que eu costumava conhecer." - Justin Timberlake

DECKARD SHAW

Não consegui dormir mais. Dando mais espaço para ela, saí da cama, me vesti e fui para o sofá, de onde a vi sair do banheiro e se esconder sob as cobertas grossas. Só percebi que ela havia caído no sono, quando em um gesto, seu rosto se descobriu. Minha mente se dividiu entre se preocupar e repassar os acontecimentos da madrugada até de manhã, quando não aguentei mais ficar deitado e desci para o subsolo para levantar peso, correr na esteira e esmurrar o saco de areia. Eu precisava extravasar, dentro de mim uma raiva gutural crescia. Eu queria acabar com a Eteon de uma vez por todas.

Ora, ora! — ouvi a voz de Margarita do outro lado da linha segura — Está me ligando porque está bêbado em algum lugar e quer que eu te busque de novo? Se a gente acabar transando e você terminar me dando sermão, vou arrancar suas bolas.

Suspiro irritado, sentindo o suor descendo pelas minhas costas.

— Preciso que busque por uma pessoa pra mim. — digo — Alguém que escorregou pelos meus dedos feito areia.

E o que eu ganho com isso?

— O que você quer?

Outra noite? — sugere

— Não vai rolar.

Não consigo nem me imaginar tocando em outra mulher que não seja Amélia, agora.

Eu vou transportar um carregamento de armas pra Londres, essa semana.

— Não estarei em Londres essa semana. — digo — Mas quando acabar o que eu estou fazendo, escolto o carregamento que você quiser.

Ela fica em silêncio, como se estivesse ponderando.

Quem é a pessoa? — pergunta

— Kira Kuznetsova.

O que sabe sobre a camaradinha?

— Russa, ex-matadora da força especial oculta deles. — suspiro — De resto, não sei nada.

Eu vou ver o que eu acho pra você. — comenta — Isso é sobre a Eteon?

— Pode ser.

Vou fazer serviço completo e ver mais o que descubro pela Rússia.

— Eu ficaria muito grato.

Decks, ela pode não voltar mais.

Respiro fundo, controlando minha raiva. Eu nem posso dizer que ela já voltou, porque a Liliya que está aqui hoje e assumiu seu corpo quase não tem mais nada da minha Amélia.

Está bem. — ela murmura depois do meu silêncio — Não vai desistir disso, já entendi. Eu acho que nunca vou entender o amor que você sente por ela.

— Não é pra ser entendido. — encaro o saco de areia ainda balançando na minha frente

Ela era uma mulher de sorte por ter você.

— A sorte era minha.

A ouço suspirar.

A gente se fala quando eu tiver alguma coisa.

— Ótimo. — desligo a ligação

Já são quase oito horas quando subo para o apartamento de Amélia, mas ela já está de pé, arrumada, engolindo um pedaço de bacon gigante.

Bring Me Back - A Última CorridaOnde histórias criam vida. Descubra agora