CAPÍTULO 17 - PONTO FINAL

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"Eu costumava amá-la, mas eu tive que matá-la. Eu tive que colocá-la a sete palmos abaixo da terra e ainda consigo ouvi-la reclamar. Eu costumava amá-la, mas precisei matá-la." - Guns N' Roses

DECKARD SHAW

Tiraram o meu capuz e eu pude ver o inferno que aquele complexo no meio do gelo era. Três agentes munidos com armas de grande calibre me encaravam, enquanto eu estava acorrentado a uma cadeira, de forma similar a anterior, quando com Hobbs eu caí na besteira de invadir a Eteon. Dessa vez, ao invés de Brixton, eram os olhos de General Kuznetsov que me observavam de forma fria.

— Deckard Shaw. — ele deu um passo à frente — Que honra ter aqui o homem que quase me destruiu.

— Sabe que eu derrubo esses três sem muito esforço, não sabe?

Por trás, numa surpresa, alguém golpeia meu pescoço. Minha cabeça pende para frente e, pela visão periférica, trajando macacão de guerra, vi Kira passar por mim em sua pose rígida.

— O papai finalmente aceitou você como você é, Kuznetsova? — murmuro erguendo a cabeça novamente

— Sua xícara versus minha metralhadora, não é, Deckard? — ela sorri

— É, preso aqui fica fácil pra você. — ergo uma sobrancelha

— Você e aquele palerma do Hobbs me fizeram pôr tudo a perder, mas como tudo o que vai, volta, aqui estou eu novamente. — Kuznetsov dá um meio sorriso assustador — O seu castigo será um pouco mais doloroso, confesso, mas não leve para o lado pessoal. No momento, um soldado como o Hobbs me é mais vantajoso do que você.

— Boa sorte ao tentar convertê-lo.

— Sua esposa não precisou ser convertida. — ele sorri debochado e eu sinto o ódio correr feito lava em minhas veias — Eu não preciso mais perder o meu tempo enviando intermediários para gastar palavras. Se eu quiser, eu pego. Exatamente como fiz com a sua esposa.

— Também estava nos seus planos perdê-la para sua própria filha? — desafio — Depois de tudo o que aconteceu, depois do que ele causou à você, à sua mãe e à sua irmã, você tem a coragem de seguir ao lado dele? — encaro Kira

— Madame M te deu essas informações? — ela me encara com raiva

— Ela ama você, Kira. — sou sincero — Independente de ter mentido, ela sente carinho por você e você a traiu. Está entregando-a de bandeja pra esse velho filho da puta que não sabe ouvir um 'não'.

Ela segura sua Glock com força e acerta a minha cabeça com três golpes seguidos. Eu fico zonzo e sinto que uma ferida abriu na lateral da minha cabeça, fazendo o sangue escorrer pelo meu rosto.

— Ele é o meu pai. — responde

— E, assim como ele, você também não sabe ouvir um 'não'. — a olho com os olhos estreitos, graças ao sangue — Assim como ele, você é uma filha da puta.

Só consigo fechar os olhos antes de ser atingido pelos próximos golpes. Golpes que me deixam um pouco desnorteado. Sou deixado sozinho poucos minutos depois, os ouvidos zunindo e o equilíbrio um pouco afetado. Tão afetado que pensei estar ouvindo coisas, como a voz de Amélia me gritando.

Decks? — ergui a cabeça assustado, procurando de onde a voz vinha — Deckard!

Não sei ao certo quantas horas passei sentado naquela posição desconfortável, sentindo minhas costas queimarem e meu pescoço doer, enquanto eu assistia meu sangue pingar na minha perna. Eu estava em silêncio há tanto tempo que franzi o cenho ao ouvir passos.

Bring Me Back - A Última CorridaOnde histórias criam vida. Descubra agora