Capítulo 6

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Até algumas horas atrás, Gabriela acreditava ter feito a coisa certa ao trazer a linda garotinha para seu quarto, mas, agora, ao ver suas roupas sendo arremessadas pela janela, talvez tivesse feito uma grande bobagem.

Uma das regras da pensão era: proibido crianças.

Ela empurrou o brutamonte que estava a sua frente. No caso, o Sr. Bennedetti. O desgraçado teve a coragem de apalpá-la em todas as partes do seu corpo, inclusive onde não precisava.

Ao chegar à frente da pensão, ela viu tristemente suas roupas espalhadas no chão sujo do local.

— Não me volte mais aqui sua pistoleira — a dona da pensão esbravejou na porta.

As lágrimas caíram pelo seu rosto, ao mesmo tempo em que tentava resgatar as poucas peças de roupa que tinha.

— Não chore tia! — Madeleine ajoelhou-se junto a professora e a ajudou a recolher suas roupas. Enquanto isso, Sr. Giovanni olhava a cena, e de algum modo, soube que tinha culpa do que tinha acontecido a mulher.

— Talvez, o senhor devesse dar acolhimento para a senhorita... — seu fiel segurança cochichou. — Ela foi expulsa da pensão por nossa culpa.

— Eu não tive culpa, quem mandou fugir com minha filha... — O homem voltou a andar até seu carro. — Madeleine, venha!

Mas, Madeleine era caridosa demais para deixar sua professora naquela situação.

— Venha comigo tia, você dorme no meu quarto, é bem grande! — sorriu amável.

Gabriela, mesmo arrasada, sorriu e acariciou o rosto da pequena menina.

— Não, vou dar um jeito. Sra. Geni é uma boa pessoa, ela vai me entender quando explicar...

Não deu tempo de terminar a frase, Gabriela teve que se afastar rapidamente, pois a velha jogou todos os santinhos de seu altar pela janela, esborrachando-os no chão.

— Não volte mais aqui — a mulher gritou uma última vez.

— Ela não é tão bondosa, tia! Espera um pouco... — Madeleine levantou-se e saiu correndo em direção ao pai. — Pappa, quero levar tia Gabriela para nossa casa. Ela dormirá no meu quarto.

— Não bambola... — o homem respondeu com rispidez.

Porém, Madeleine não se deu como vencida. A garotinha tinha o gênio do pai, era obstinada e corajosa.

— Então, quero falar com a mamãe...

Imediatamente, a expressão de Sr. Giovanni mudou. Ainda havia isso para resolver, e ele não sabia como.

— Made, eu preciso te contar uma coisa...

— Agora não pappa, quero falar com a minha mamma — Madeleine cruzou os braços e olhou desafiadora para o pai.

Vagarosamente, Gabriela se aproximou de Madeleine, agachou-se a sua frente, e acariciou seu rosto.

— Lembra-se que um dia te contei sobre a casa do papai do céu...?

Madeleine sorriu, afetuosa.

— Lembro, tia...

— Lembra também que disse que algumas vezes, o papai do céu escolhe pessoas muito especiais para ajudá-lo em sua tarefa de cuidar da humanidade?

— Hã hã...

— Tá lembrada também dos anjos, e de como, apesar de não vê-los, eles permanecem ao nosso lado, nos protegendo e cuidando da gente?

Entre o Amor e a Honra (Completo Na AMAZON)Onde histórias criam vida. Descubra agora