Capítulo 10

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Gabriela ainda estava tentando controlar as batidas aceleradas de seu coração quando ouviu passos nas escadas. Ela fechou os olhos e tentou respirar pausadamente.

Deus sabia o quanto ela queria esquecer a visão daquele homem sem roupa. Claro, ele não estava completamente sem roupa, ela sabia disso. Mas, metade dele estava, e era algo inesquecível demais para esquecer.

Uma mata virgem de pelos negros e espessos cobriam seu peito, e descia em um caminho perigoso que levava para dentro de suas calças. Eles eram brilhosos, e pareciam tão macios. Ela sentiu vontade de tocá-los. Aliás, ela sentiu vontade de sentir os músculos pujantes do tórax dele em seus dedos, e descê-los por seu abdômen, e sentir a ondulação dos músculos abdominais salientes.

Ele era o homem mais perfeito que ela já tinha visto.

A moça apertou seus olhos mais uma vez.

O que estava acontecendo?

Gabriela queria de verdade esquecer aquela cena. Mas, ela estava gravada em sua memória, como se tivesse sido colada em seu cérebro.

Sr. Bennedetti era perfeito demais para ser humano. Desenhado a mão por algum artista da antiguidade. Talvez Da Vinci, ela pensou. Quando ele surgiu na sala de jantar com Madeleine, foi impossível não olhá-lo em sua camisa branca impecável, e relembrar sua anatomia perfeita.

— Boa noite senhorita! — ele disse com um sorriso contido. — Demoramos um pouco, não é Made? — sorriu afetuoso para a menininha ao seu lado.

— Não demoraram, está tudo bem — aquiesceu com os olhos baixos, vergonhosos com seus pensamentos.

Definitivamente, Gabriela acreditava não haver mais perdão para si. Ela havia sido sucumbida pelo pecado da luxúria.

Quantas chibatadas seriam necessárias para penitenciar-se por desejar um homem que acabou de ficar viúvo?

Ela imaginou umas 100, no entanto, nunca conseguiria desferir em si essa quantidade. Na certa estaria morta antes disso.

Os empregados entraram na sala com travessas em inox reluzentes. O cheiro era maravilhoso, tudo naquela casa era um convite a todos os pecados que ela pudesse imaginar: gula, luxuria, preguiça...

Imediatamente, sua avó veio a sua mente. Ela queria saber o que a velha mulher pensaria se soubesse o que andava fazendo, como estava vestida, e o que sua mente estava pensando.

Ela sabia a resposta, mas era melhor não pensar sobre isso agora.

— Coma senhorita... — o homem de voz grossa e aveludada ordenou.

Gabriela acordou de seus pensamentos, levantou os olhos e sorriu.

— Sim, claro! — virou a cabeça em direção a Madeleine. — Coma você também, querida!

— Você está linda tia...

Um calor subiu pelo seu corpo, e se depositou em sua face. Ela imaginou que neste exato momento seu rosto estaria da cor de seus cabelos.

— Obrigada... — pegou o guardanapo e tentou disfarçar seu rubor colocando-o contra os lábios.

Com o rabo dos olhos, a mulher tentou ver o rosto do homem a sua frente. E o que viu a deixou ainda mais nervosa. Ele estava sorrindo.

— Diga para sua professora, Madeleine, ela fica muito melhor assim do que com suas antigas roupas... — olhou para a filha e sorriu.

— Papai tem razão tia.

Gabriela aquiesceu com a cabeça. Era muito vexame para um único dia.

O jantar seguiu em silêncio, apenas o barulho dos talheres batendo contra os pratos. Ela voltou a olhar para o homem, e viu tristeza em seu rosto. Certamente, ele estava sofrendo, e aquilo a fez sentir necessidade de tocá-lo, de amenizar sua dor.

Entre o Amor e a Honra (Completo Na AMAZON)Onde histórias criam vida. Descubra agora