Alguma Coisa no Caminho

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Terminamos de pegar tudo aquilo que seria necessário, para qualquer coisa que tivéssemos que enfrentar, e deixamos o salão das armas. Fui a última a sair para ter certeza que a porta estaria bem trancada e que não havia o risco de tudo ser roubado outra vez.

No meu íntimo eu torcia para que aquilo tivesse fim e que Victor voltasse para mim inteiro. Já havia dias sem ouvir sua voz, sentir seu toque ou simplesmente vê-lo sorrir. Sentia tanta falta dele que as vezes me perguntava se conseguiria acordar mais um dia e não o ter por perto. Esperava que estivesse bem, mas com tudo o que me diziam, não deveria ter esperança de encontrá-lo acordado e muito menos em sua forma normal. Preparava meu coração para o que estava por vir.

— Estou saindo agora, do clã. Te encontro no endereço marcado — Arthur falou em minha mente.

— Não — intervi seriamente. — Você não vai.

— Sério que não? Tenta me impedir, Alice — respondeu de forma grossa. — Victor é o meu irmão e se eu tiver a chance de salvá-lo, eu irei fazer. Ninguém vai me impedir. Nem mesmo você.

— O que você quer afinal, Arthur? — perguntei, mas ele não me respondeu. Percebi que a nossa conversa havia chegado ao fim.

Respirei de modo profundo, tentando espantar a raiva que nasceu em meu coração. Já não bastava eu ter a responsabilidade com todos aqueles vampiros que iam comigo, sendo que era muito maior quando se tratava de Tricia, Amira, Dave, Sean e Andrei, que insistiu mesmo em ir. Agora eu teria que cuidar da segurança de Arthur também? Eu sabia que eles eram velhos e capazes de se cuidarem sozinhos, como tinham feito durante todos os anos de suas vidas, mas eu me sentia incumbida de cuidar deles. De mantê-los a salvo. Se alguma coisa acontecesse, eu não me perdoaria.

Automaticamente voltei minha atenção até onde o grupo se despedia daqueles que eram importantes em suas vidas. Vi Samantha beijar o rosto de Hope que estava abraçada ao pai, Amira despedir-se de algumas amigas e Tricia sorrir para Andrei enquanto arrumava-lhe o coldre de braço. Achei que tinha sido impressão minha, mas vi mais do que uma amizade ali. Estavam preocupados um com o outro e de certa forma fiquei mais tranquila em saber que meu filho tinha mais alguém para protege-lo.

— Está na hora — chamou Amira e acordei de meus devaneios. Concordei enquanto seguia para fora da casa e percebia que a noite estava acabando de chegar. Arrumei a arma, no coldre de perna, e me certifiquei que as outras estavam bem presas ao uniforme do grupo de caça. Era a segunda vez que eu vestia aquilo e torcia para que tivesse mais sorte que a primeira.

Os dois furgões pretos pararam em nossa frente e o grupo foi dividido. Andrei escolheu vir comigo, assim como Dave e Tricia. Sean e os outros foram no furgão de trás. Ajeitamo-nos de modo que ficássemos confortáveis durante a viagem.

Permanecia extremamente tensa ao ponto de só perceber que Andrei segurou minha mão quando falou comigo.

— Não se preocupe, mãe. Tudo vai dar certo — apertou com um pouco mais de força e me beijou a bochecha.

— Espero que sim, Andrei — alisei o seu rosto e beijei sua mão, segundos antes do furgão arrastar e deixar a propriedade para trás.

A viagem até o endereço não durava mais do que vinte minutos, mas a nossa demora maior foi que a partir de um determinado lugar o furgão não passaria, por ser estreito demais, e teríamos que seguir a pé até um galpão antigo que poderíamos ver de onde estávamos.

— Certo — começou Sean a falar. — A partir daqui teremos que ir a pé. O que pode ser perigoso, já que armadilhas podem ter sido colocadas no caminho, visando alguém que pudesse vir resgatá-lo. Temos que ser extremamente cautelosos.

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