Fugindo das Lendas e Caindo na Realidade - Parte Dois

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Acordei e estava deitada em um quarto do hospital. Em um dos meus dedos estava ligado um monitor cardíaco que apitava tranquilamente. Respirei fundo e olhei o quarto em volta, enquanto minhas vistas focalizavam o ambiente aos poucos. Quando finalmente consegui enxergar, dei de cara com Sean, sentado em uma das poltronas próximas da porta.

— Olá, minha senhora — cumprimentou ainda sério. Ele pouco sorria. — Como se sente?

— Um pouco cansada, mas estou bem — engoli com dificuldade. — O que houve?

— A senhora teve duas paradas cardíacas e por isso não recebeu oxigenação em seu cérebro. Os médicos fizeram os primeiros exames e decretaram morte encefálica — ele levantou-se e aproximou-se de mim. — Isso antes de lhe dar o meu sangue para beber.

— Minha família deve ter ficado louca — respondi sentando na cama. Senti uma tontura leve, mas estava bem.

— Eles não sabem que está aqui. Ninguém sabia quem era a senhora e por isso, não teve a quem avisar.

— Como não sabia? A minha ficha foi feita, na recepção.

— Não havia nenhum documento a seu respeito. Tive que preenchê-los quando cheguei.

— Onde está o William? — perguntei.

— O rapaz que a trouxe para cá? — Assenti. — Segundo a recepcionista, ele nem chegou a preencher nada, apenas te trouxe e desapareceu depois disso.

— Estranho! Ele levou todos os meus documentos, cartões do plano e tudo que me identificasse — respondi mais para mim do que para o vampiro ao meu lado. — Como você fez para pagar a internação?

— Não se preocupe com dinheiro, isso é o de menos — respondeu Sean sorrindo.

— Está bem — concordei me lembrando da quantidade de dinheiro que Victor entregou para o dono da pista de patinação. Como Sean disse, dinheiro para eles era o de menos. — Mas e você? Pensei que havia viajado com Victor?

— Não. Ele preferiu ir sozinho — respondeu Sean.

— E como você me achou?

— Victor me ligou, do avião. Solicitou que eu fosse até a casa do lago. Teve mau pressentimento. Ao chegar, percebi que você não estava e rastreei seu cheiro até aqui.

— Mas não precisa decorá-lo antes? — perguntei inocente.

— Uma vez em contato com o humano, o cheiro dele permanece guardado.

— Mas Victor teve que...

Ops! Acho que falei demais — Sean sorriu e corei violentamente. Não precisava Victor ter feito aquilo, ter se aproximado de meu pescoço daquela maneira. Ele fez de propósito. — Será nosso segredo.

— Pode deixar — respondi completamente sem graça. Encostei na cama outra vez e suspirei. — Então você me deu do seu sangue? Como conseguiu se aproximar para fazer isso?

— Um vampiro consegue ser bastante persuasivo quando quer — Sean me encarava com os olhos em um tom de azul tão vivo, que chegava a hipnotizar. — E também é meu dever cuidá-la.

— Então é isso! Mais vinte quatro horas sem morrer?

— A não ser que queria ser uma subespécie. Não são nada bonitos, pode ter certeza disso — ele aproximou-se da cadeira, em que estava sentado, e pegou o sobretudo preto. Vestindo-o em seguida. — Preciso ir agora. Enquanto Victor está fora, sou responsável pela mansão.

— Nada mais justo. Você foi o segundo a ser criado — ele sorriu e abaixou a cabeça.

— Provavelmente receberá alta médica em algumas horas. Se fosse a senhora, aproveitaria esse tempo para dormir um pouco. Victor me disse que chegará em mais quatro horas. O voo atrasou, por causa do mal tempo, precisou esperar. Disse que virá vê-la assim que chegar.

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