Eu e Victor explicamos todo o plano para Steve, enquanto se mantinha seriamente atento a cada detalhe, não conseguia sequer piscar. Isso depois que resumi toda a minha vida, desde quando conheci o mundo dos vampiros até aquele momento.
Foi estranho para mim também ter que relembrar tudo aquilo, nos seus mínimos detalhes. Sabia que a mente de um vampiro era superior, mas mesmo assim ainda me surpreendeu aquela capacidade.
— Vai ser difícil — concluiu quando me calei. As mãos estavam unidas, em cima da mesa, e não desviava a atenção delas. — Mas não é impossível — me encarou e respirou fundo.
— Só diga o que temos que fazer — Victor pronunciou-se. Se manteve calado enquanto eu contava tudo. Apenas ouviu.
— Vou precisar que Alice faça, com a própria letra e assinatura, um termo informando que não quer ser necropsiada. É como se fosse o último desejo e nós temos o dever de respeitar. Além do mais, se a morte será suicídio, com cartas de próprio punho informando que há o desejo de morrer, não vai ter perícia técnica que force a abrir seu corpo.
— Farei dessa forma — assenti.
— Outra coisa: não me entregue pessoalmente. Seria no mínimo estranho. Envie pelo correio — me olhou seriamente. — Se vierem perguntar, terei o envelope com os selos e carimbos.
— Está bem — sorri no momento em que soltou todo o ar dos seus pulmões.
— Os preparativos e a colocação do corpo no caixão pode deixar que me viro — concluiu Steve.
— Obrigada, de verdade — respondi.
— Sabe que vai causar a maior dor possível em sua família, em todos eles, não sabe?
— Acredite, é o que mais tenho pensado, mas é preciso — os meus olhos encheram-se de lágrimas. — Os estou protegendo. De mim mesma.
— Se é isso mesmo que quer, criança, tem o meu apoio — levantei da cadeira e me aproximei de Steve. Ele também o fez e me apertou em outro abraço, mais forte que o primeiro. — Só me promete que não vai me deixar sem notícias suas. Por favor.
— Não vou, Steve. É uma promessa — alisei seu rosto, segundos antes de virar-se para Victor.
— Continua cuidando da minha menina ou juro que vou lhe caçar até nos quintos dos infernos.
— Não se preocupe. Não vou tirar o olho dela — respondeu com sua voz macia e serena. Deixava transparecer segurança.
— Te ligo quando tudo estiver pronto — conclui.
— Estarei esperando — Steve beijou minha testa antes que eu e Victor deixássemos o hospital. Tínhamos trabalho para fazer.
Assim que a noite seguinte chegou, redigi as cartas para cada um de minha família e a que colocaria nos correios para Steve. Era uma despedida tão dolorosa que até conseguia ver a reação de minha mãe e de meu pai. Meu Deus, que sofrimento.
Ao mesmo tempo em que me amaldiçoava por estar fazendo aquilo com eles, sabia que era para a proteção de todos e isso me deixava um pouco mais tranquila, mas ainda assim doía demais.
Victor entrou no quarto assim que coloquei os papeis no envelope e os lacrei. Parou atrás de mim, fazendo uma massagem em meus ombros. Estava precisando daquilo.
— Como você está? — me perguntou baixo, quase em um sussurro.
— Pergunta amanhã — respondi também no mesmo tom. Recebi um beijo terno em meu pescoço, mas apenas fechei os olhos. Não tive a reação mais provável, que seria retribuir a caricia. Por fim, percebeu que não ganharia nada com aquilo e puxou uma cadeira, sentando de frente para mim. Alisou meu rosto com uma de suas mãos. Eram grandes e, ao contrário do que parecia, eram macias.
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Imortal
Vampir[Vencedor do prêmio Wattys 2015 na cateogoria "Os Mais Populares"🎖️] ESTÁ SENDO REESCRITA E REVISADA. A história é uma trilogia. Por isso segue o link do segundo e do terceiro livro: - Eterno - Livro 2 (Trilogia Imortal): https://www.wattpad.com/s...