Lago, Floresta e Culpa: Combinação Perfeita - Parte Um

27.5K 1.8K 237
                                    

A primeira coisa que eu lembro que aconteceu, quando entrei em casa, foi de que minha mãe veio me encontrar com o desespero estampado no rosto. Já eu não conseguia mais pensar. Apenas encostei na porta, como se estivesse anestesiada de tudo, e me sentei no chão. Eu não sentia nada mais além de culpa.

— Alice, onde você esteve e porque está toda molhada? — Ela ajoelhou-se diante de mim, com os olhos castanhos me analisando de alto abaixo.

— Não importa mais, mãe — segurou meu rosto, com as duas mãos, quando eu voltei a chorar.

— Ei! Estou aqui — me abraçou com força. — Me conta o que aconteceu.

— Eu o perdi, mãe — a imagem de Victor tinha constante presença em minha mente e a repulsa por minhas atitudes faziam crescer o ódio, por mim mesma.

— Quem?

— Eu descobri que sou a pior das pessoas. Aquele tipo que só está na droga desse mundo para fazer a quem ela ama sofrer — me calei quando achei que engasgaria com minhas lágrimas. — Me diz quando essa dor, que está no meu coração, vai passar?

— Quem você magoou, Alice? — A olhei sem a mínima vontade. Eu queria sumir.

— Victor — as palavras saíram tão baixas que eu mal conseguia me ouvir. — Ele me viu beijando William.

— William? Pelo amor de Deus, Alice. Você não aprende?

— Eu não sei o que deu em mim, mãe. Eu juro que eu não sei — ela me olhou novamente. — Eu não queria beijá-lo e não o queria por perto, mas de repente eu... — parei de falar imediatamente. Puxei da memória aquela cena outra vez e vi o que não consegui no momento. Havia alguém dentro do carro de William. Merci. —... foi ela.

— Ela quem, Alice?

— Eu não estava com o colar. Ela me controlou. Esse era o plano, o tempo inteiro, me afastar de Victor. Aposto que foi a mando de Arthur.

— Querida, você não está fazendo o menor sentido.

— Talvez não para a senhora, mas para mim está claro como água — me levantei rápido do chão. — Me empresta o seu carro. O meu caiu no lago.

— Caiu no lago? — perguntou minha mãe incrédula.

— Eu te explico tudo depois — corri até onde minha mãe deixava a chave, pendurada, e a peguei. — Eu volto em algumas horas.

— Aonde vai?

— Restaurar um elo — respondi e desci as escadas da frente correndo. Não esperei que ela dissesse nada e me joguei no carro. Era espaçoso e um pouco mais difícil de dirigir, na minha opinião, mas não me importava. Eu só queria chegar na mansão.

Dirigi de retorno a Baltimore e mais alguns minutos até avistar o lugar. Parei em frente ao enorme portão e dois guardas vieram até mim.

— Boa noite, minha senhora — falou um deles, parando ao lado da minha janela. Vi seus olhos mudarem de cor. Era obvio que seriam vampiros.

— Boa — respondi respirando fundo. — Eu gostaria de falar com Victor.

— O mestre não se encontra — respondeu ele sorrindo. Franzi o cenho. Achava que Victor estava me evitando.

— E Tricia? — o vampiro sorriu para mim. Deu as costas e deu um sinal para outro deles, que estava na guarita. Os portões se abriram. — Obrigada.

— Não por isso — respondeu ele e se afastou, segundos antes que eu arrastasse o carro até a entrada principal do lugar. Desci às pressas e antes que eu pensasse em me aproximar, ouvi meu nome ser chamado.

ImortalOnde histórias criam vida. Descubra agora