Fugindo das Lendas e Caindo na Realidade - Parte Um

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Não me senti à vontade para dormir, por isso passei a noite em claro. Os sonhos que Christine queria que visse, tornavam-se ainda mais perturbadores a cada noite. O último, com Arthur e Victor, me fizera tremer profundamente. Ela foi disputada pelos dois, assim como agora estou sendo.

Nada me tirava da cabeça que Arthur estava vivo, o vi. Falei com ele. Sem contar que era idêntico a Victor, exceto a voz. Como não percebi a diferença? A voz dele era mais firme, mais rude. Mesmo que tentasse falar manso, aquilo parecia ser uma tarefa difícil.

Era diferente do irmão. Victor tinha uma maciez ao falar, passava segurança, não espantava. Digo isso porque por mais que tivesse consciência de que era um vampiro, o desejava por perto. Como o queria.

Imaginei se ele já tinha partido para a Transilvânia e se sim, como conseguiu evitar o Sol, durante a viagem? Quando voltasse, teria que contar como foi. Gostava de ouvi-lo falar.

Quando reparei que a movimentação na casa começou, sai de meu quarto. Anunciei que fui liberada, conforme combinado com Victor, e sugeri que partíssemos imediatamente.

— Não poderemos ir hoje, querida — informou minha mãe enquanto colocava um prato para cada uma das gêmeas. — Programamos para sairmos amanhã à tarde. Suas irmãs têm médico marcado para amanhã de manhã e seu pai precisa resolver algumas pendências no trabalho, antes de ficar fora.

— Então, acho que vou na frente, para arrumar tudo — acabei de falar e me servi de um pedaço de torrada.

— Seria uma excelente ideia, meu amor — minha mãe encheu meu copo com suco de laranja e sorri.

— Posso ir com a Lice? — perguntou Alex também sentado à mesa. O único que não estava ali era o meu pai.

— Negativo — respondeu minha mãe sentando-se na cadeira ao meu lado. — Acha que não o conheço, mocinho? Da última vez, em que você e o seu pai foram na frente, você saiu dez minutos depois que chegaram. Aqueles seus amigos foram lhe buscar de carro, você se lembra? — Alex balançou a cabeça negativamente. — Ah, mais lembro-me muito bem. Por isso, você vai ficar aqui e só vai quando eu for. Vou te lembrar: você está de castigo!

— Mas mãe, já estou de castigo há dez dias. Não vejo a Mandy desde então.

— A Mandy sabe onde você mora. — o alertei.

— Não falei com você. — Alex me olhou seriamente.

— Não vou admitir que fale assim com a sua irmã. Ela é mais velha e você tem que respeitá-la. Peça desculpas, agora, ou juro que ficará de castigo por um ano inteiro.

— Desculpe, Lice — ele respirou fundo antes de falar e apenas assenti com a cabeça.

— Okay. Seu castigo vai até a gente retornar do lago. — Alex fez uma cara de indignação, quando minha mãe falou. Ela lhe ofereceu um olhar gélido que o fez encolher-se na cadeira. — Depois que voltarmos, estará livre. Mas com uma condição: está terminantemente proibido de pegar o meu carro, ou o da Alice ou o do seu pai. E terá horário para voltar para casa.

— Tudo bem! — concordou com a cabeça baixa. Ainda fiquei na mesa por alguns minutos antes de me levantar e subir para o meu quarto. Arrumei a minha mala e tudo o que iria precisar. Já era quase meio dia quando tudo estava pronto. Antes que eu pudesse descer, ouvi minha mãe chamar.

— Alice, telefone para você.

— Atendo aqui em cima — disse e assim fui até a mesinha de telefone que ficava no corredor. A princípio achei que fosse Victor, para me avisar que tinha chegado, mas não era. — Alô!

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