Emboscada - Parte Dois

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Deixei que Sean voltasse para os braços de sua mulher e sua filha, enquanto descia as escadas e me encontrava com os modificados e os comuns. Andrei tentou atacar Arthur outra vez, mas Tricia o impediu. Mandou que fosse auxiliar nos feridos, já que era um enfermeiro. Isso incluía Amira, que perdia bastante sangue. A bala ainda estava dentro dela. Eu também poderia ter ido ajudar, já que era médica, mas não estava psicologicamente bem para fazer nada.

Cai sentada nos degraus da escadaria e desabei a chorar. Só então reparei em volta. Tudo estava revirado. Os moveis estavam, em sua maioria, destruídos. As paredes tinham vários buracos grandes, como se alguém tivesse sido arremessado com força contra uma delas.

Os modificados ajudavam os comuns a levar os corpos para fora, enquanto Arthur ligava para a polícia. Ele tinha os contatos dele que encobria os vampiros. Mesmo a mansão sendo em um lugar afastado, os tiros poderiam ter sido ouvidos.

Ainda não havia percebido como um vampiro ficava quando era morto pela prata, até que vi um grupo tentar pegar um dos corpos que estavam ali, mas não conseguiram e ele se desfez em minha frente, virando pó. Fiquei completamente extasiada com aquilo, até porque vi corpos normais, do lado de fora e dentro da mansão, mas alguns deles se desfaziam ao simples toque.

— Isso vai de acordo com a idade do vampiro — respondeu Arthur sentando-se ao meu lado na escada. Viu no que eu pensava. — Um vampiro ancião vira pó. Já um que foi transformado há dois dias o corpo permanece intacto — ele me olhou quando voltei a chorar. — Não fique assim.

— Já o chamei um milhão de vezes, Arthur. Ele não me responde.

— Tricia disse que apagaram ele. Devem estar mantendo-o inconsciente.

— Como isso é possível? — perguntei virando minha cabeça na direção dele. Arthur enxugou minhas bochechas.

— Esquece, deixa para lá.

— Quero saber — o encarei com o ódio em meu rosto. Precisava saber como Victor estaria. Arthur respirou profundamente e parecia não querer me contar aquilo.

— É injetado sangue de morto no vampiro, assim ele paralisa. Depois é extraído o que está nas veias dele e então vem a privação de alimentação. Transforma em uma espécie de múmia e a vítima adormece. Era muito usado no passado quando um vampiro queria desaparecer da vista de todos — a cada tópico, me desesperava ainda mais. Imaginava-o passando por aquilo tudo e a dor tomava conta de mim. Precisava encontra-lo e jurei que quem quer que fosse responsável por aquilo, iria morrer da forma mais cruel que conseguisse pensar.

— Como volta? — perguntei.

— É necessário alimentar o vampiro com o sangue de outro.

— Ele fica sem poderes dessa forma.

— Mas volta a sua forma original. Os poderes vêm com o tempo — Arthur segurou minha mão e finalmente consegui pensar em algo com coerência.

— Victor só foi levado por sua causa — puxei a mão com raiva e me levantei. Ele assim também o fez. — Você tentou me transformar e para impedir, ele bebeu do seu sangue e por isso não pôde se defender — o empurrei para trás e ele ergueu os braços. Não me atacaria. — A culpa é sua, Arthur!

— Já lhe expliquei que não tenho controle.

— Todos os modificados... — comecei a gritar. —... quero vocês fora imediatamente.

— Alice, me escuta. Posso ajudar — ele veio para cima de mim e desviei.

— Se em cinco minutos ainda houver algum deles aqui, os comuns estão autorizados a atirar — ouvi o barulho das armas sendo engatilhadas e alguns rosnados baixos. Seria uma chacina ainda maior. — Fora!

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