Capítulo 1 - BRUNA - DEGUSTAÇÃO

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LIVRO EM DEGUSTAÇÃO, NÃO ESTÁ MAIS COMPLETO AQUI.

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Oláaaaas, finalmente chegamos.

Primeiro quero agradecer pela ajuda com a capa, lá no ig, já temos uma capa escolhida e em breve vou atualizar ela aqui pra vocês. Brigadinhaaaaa, vocês são lindas.

Começamos hoje mais uma viagem, espero de coração que vocês se apaixonem perdidamente durante ela, e que se divirtam muito com a Bruna, vocês sabem como são minhas mocinhas, normais até...

Muito obrigada por estarem aqui e uma linda semana!

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Estou sentada no parapeito da janela, a cabeça recostada no vidro frio enquanto a chuva cai silenciosa lá fora. Em dias normais eu aprecio a chuva. Mas não neste momento. Quase posso sentir as gotas geladas tocando minha pele e me fazendo sentir solitária. O som das rodinhas da mala pelo velho piso de madeira é ouvido, e finalmente me viro. Ele está aqui, e está mesmo fazendo isso.

Observo a mala que dificilmente coube todas as suas coisas da maneira organizada como ele exige que estejam em uma mala. Muitas coisas dele estavam aqui, em seus devidos lugares pela minha casa, porque esta era, de alguma forma, a casa dele também.

— Não precisa me olhar desse jeito — ralha aborrecido e percebo que apenas aborrecido comigo, não triste, não desolado, só impaciente. — Você está fazendo uma tempestade por nada, lindinha. Eu só preciso de um tempo para ter certeza do que quero. Não é um término definitivo. Só preciso de um tempo.

Apenas o observo e não digo nada. Ele insiste:

— Só preciso ter certeza, é um passo importante demais, preciso pensar com calma e...

Me levanto e ele se cala.

— Estamos juntos há dois anos. Nosso casamento é em trinta dias. Trinta dias, Otto! Se depois de todo esse tempo, depois da decisão tomada, o pedido feito, convites enviados, buffet contratado, vestido comprado você não tem certeza, o que você precisa não é de um tempo.

Ele se mexe irritado, sua expressão demonstrando sua impaciência.

— Tudo para você é um drama! Quem está colocando um fim nisso é você, eu só pedi um tempo. — Ele se aproxima e acaricia meu queixo virando-se em seguida em direção a porta de entrada. — Estamos dando um tempo, você não vai morrer se ficar uns meses sem mim.

Ele abre a porta e aviso:

— Não vou esperar por você.

Funciona. Ele para onde está e não se move mais.

— Não vou ficar lamentando pelos cantos esperando por alguém que planeja cada segundo de cada dia, mas no plano mais importante da sua vida foge como uma criança.

Ele se vira em minha direção e solta a mala. Agora não está apenas irritado, está possesso. Dá dois passos em frente, mas me observa por alguns segundos e sua raiva parece passar. Ele tem um sorriso quando responde:

— Tenta encontrar alguém melhor do que eu.

Não digo nada, ele leva isso como um sinal de derrota da minha parte. Se aproxima de novo e me prende em um abraço que não correspondo. Geralmente isso não faz diferença para ele.

— A gente se vê, lindinha, são só alguns meses. Enquanto isso tenta não voltar a desordem que você era antes, tente manter as coisas como estão, está bem?

Não respondo, acho que meu olhar insistente o incomoda quando se afasta, pois se vira e vai até a mala.

— Não vou esperar por uma incerteza. Sua certeza se provou não confiável, sua incerteza para mim não é nada — digo e escuto sua risada. Um som rápido, irritado, de quando sabe que estou blefando e isso o irrita. Ele não me responde. Não olha para trás outra vez antes de passar pela porta e fechá-la atrás de si.

E tenho a impressão que ele levou Bruna Vidal com ele.


— O filho de uma égua deixou tudo para você fazer sozinha? — Olivia pergunta aos gritos quando divido os números de telefone dos convidados com ela.

— O que você esperava? Que ele tirasse um dia para desfazer toda a merda que fizemos enquanto planejávamos um futuro que ele não tem mais certeza se é o que quer?

Ela revira os olhos, nada afetada por meu drama. Pega a lista irritada e começa a digitar.

— Eu faço isso sozinha, desmarque o buffet, a banda e tente devolver o vestido — diz.

— Ficou disposta a ajudar de repente?

— Disposta não seria a definição correta. Mas acho que vai ser muita crueldade você ter que explicar para as pessoas que levou um pé na bunda às vésperas do casamento. Apenas por isso farei o trabalho por você.

Observo essa que deveria ser minha melhor amiga, com seu cabelo platinado perfeitamente alinhado e explico algo que ela parece ser incapaz de entender:

— Desconvidar as pessoas faz parte do processo de sofrimento e luto em que me encontro. Tenho que sentir essa dor para as lembranças do que esse imbecil está fazendo se fortalecerem e eu ser capaz de planejar matá-lo.

— Gostei da parte do matá-lo, mas você não precisa sofrer mais ainda para isso, passa essa lista para cá, temos pouco tempo e muita coisa pra cancelar.

Derrotada, dou a ela a minha metade dos contatos dos convidados e procuro o telefone do buffet. Na mesinha de centro à minha frente está uma lista de tudo que preciso lembrar de cancelar, de cada convidado que deve ser desconvidado com espaços onde posso dar o check sempre que cumprir uma tarefa. De repente, enquanto espero a recepcionista do buffet confirmar o cancelamento me pergunto porque ainda estou seguindo as normas do homem que me deu um pé na bunda as vésperas do casamento.

Minha respiração acelera, meus dedos tremem, Olivia me observa preocupada e assim que a recepcionista resmungona confirma o cancelamento, pego esses papéis com tudo marcado certinho, todo um cronograma que estou seguindo ao contrário e rasgo tudo. Faço em milhões de pedacinhos essas folhas bonitas com uma letra caprichada.

— Que se dane a lista, que se danem os convidados! A conta que eles possuem, os cartões que eles tiveram acesso são todos dele. Ele que pague por um casamento que não vai acontecer. Deixe os convidados irem à igreja com seus sorrisos falsos para encontrar outros se casando no meu lugar, não vai ser engraçado?

Olivia me olha assustada.

— Bruna, você está em surto? Esse é um daqueles momentos em que uma pessoa louca finalmente se liberta e mata a pessoa mais próxima?

A observo, ela me observa de volta e me movo finalmente.

— Vamos beber. Não vamos cancelar mais nada!

— Oba! Finalmente ser sua amiga vai servir para alguma coisa.

Ignoro a provocação gratuita, os papéis espalhados pelo espaço pequeno do chão, a roupa estranha que estou usando, pego a bolsa e saio. Antes que mude de ideia e volte a chorar pelos cantos.

DEGUSTAÇÃO - O irmão ERRADOOnde histórias criam vida. Descubra agora