LIVRO EM DEGUSTAÇÃO, NÃO ESTÁ MAIS COMPLETO AQUI.
_____________________
Acho que ela desmaiou. Ou isso, ou está morta.
Acho que ela é o completo oposto do que meu irmão disse que era. Se não me engano ele usou a palavra enfadonha para defini-la e também calma e tímida. Nos primeiros cinco minutos em que nos conhecemos, ela me bateu duas vezes, subiu no meu colo e me beijou. Meu irmão não conhece a própria namorada, o que não me surpreende.
Imagino que o quarto cheio de roupas espalhadas seja o dela. Ela ficou com a suíte principal, esperta. Vou então ao quarto de hóspedes, do qual me apossei e a coloco sobre a cama. Uma cama de solteiro, diga-se de passagem, enquanto a senhorita bêbada agressiva tem uma cama queen em seu quarto recheada de roupas.
Me viro para deixá-la aqui, quando percebo o sangue no meu braço. Olho para ela e vejo que ele vem de sua testa. E me lembro da pequena bagunça que ela fez na sala, derrubando garrafas de Gyn que sei que Otto nunca tomaria. Encontro uma toalha de rosto na bagunça de seu quarto, molho em água morna e limpo o sangue antes que grude em sua testa. Ela dorme com uma careta engraçada. Tiro seus sapatos, a cubro com meu cobertor e deixo meu quarto provisório para dormir na sala.
O dia mal nasceu, mas algo me desperta de repente. Um vulto passa correndo e entra em seu próprio quarto. Me viro para o lado para dormir de novo, mas minha mente é tomada pela conversa estranha que tive com meu irmão. Nunca antes Otto havia me pedido um favor. De forma que não tive opção a não ser prometer fazê-lo. Ele disse que seria fácil.
Me levanto ao ouvir um som estranho e vou na ponta dos pés até a porta do quarto dela, ela está vomitando. Minha mão paira na maçaneta enquanto decido se vou ou não abrir a porta.
"É uma coisa simples, não vai te dar trabalho. Passe um tempo lá e convença a Bruna a vender a parte dela do apartamento para mim. Convença-a a vendê-la rápido e por um bom preço. Ela não vai durar três dias ao seu lado se você for você."
Seu insulto me pareceu engraçado na hora. Mas aqui estou eu agora enquanto o sol nasce, indo cuidar daquela que ele jurou que não me daria trabalho.
— Bruna? Está tudo bem? — chamo entrando em seu quarto. Ela está no banheiro, vejo pela luz acesa. A porta está aberta e ouço o som desagradável de uma bêbada colocando tudo para fora. — Estou entrando, você está vestida, certo?
Entro no banheiro, ele não é muito espaçoso, mas é elegante e possui uma banheira. Cafona, a cara do meu irmão. Ao contrário do que imaginei, Bruna não está prostrada sobre o vaso despejando tudo, ao invés, ela está dentro do box, debaixo da água do chuveiro, de quatro no chão vomitando. Também percebo que ela não usa mais o uniforme que usava quando chegou, ela usa uma blusa e uma boxer minhas. Me recosto no box aberto e sorrio, não consigo evitar. Ela abaixa a cabeça e o corpo ao perceber minha presença, se encolhendo sobre os joelhos debaixo da água.
— Nunca tive uma ressaca, mas temo que possa morrer afogada se continuar aí. Será que você está sóbria?
Ela não responde, nem tenho certeza se me ouviu.
— Bruna, preciso intervir e tirar você daí à força antes que se mate afogada?
— Não — ela responde baixinho — me deixa morrer.
Se mexe levantando uma mão, e faz um gesto me enxotando do banheiro.
Desligo o chuveiro e ela continua encolhida no chão.
— Em alguns segundos acredito que estará morrendo de frio — alerto.
— Estamos no verão — retruca com a voz baixa.
— Está me desafiando?
Ela não responde. Começo a contar:
— Chamada para Bruna se levantar e agir como alguém normal iniciada. Um... dois... — Ela não se mexe, essa que ele disse que é obediente. — Ah, Bruna, começamos essa nossa relação com o pé direto. Acho que adoro você. Três! — provoco antes de virar a chave e ligar o chuveiro no frio.
Em segundos ela está de pé. Seu cabelo escuro está escorrido colado em seu rosto, ela está pálida e minha camisa branca molhada deixa transparecer o sutiã preto que usa. Ela me olha com olhos castanhos arregalados e finalmente escuto sua voz claramente.
— Você ficou maluco? Isso não se faz!
— Eu fiz a contagem antes, sua mãe não te ensinou o que acontece ao final da contagem?
— Quem é que espera o final da contagem?
— Exatamente.
Ela bufa irritada e tenta passar por mim, mas continuo tranquilamente recostado no box, impedindo sua passagem. Otto disse que devo irritá-la. Disse que não seria fácil tirá-la do sério, pois é centrada e calma, mas devo me esforçar. Seu corpo molhado esbarra no meu uma e outra vez, mas ela não abre a boca para me pedir licença. A observo divertido e seus olhos encontram os meus.
— Sai! — grita.
Uma gargalhada me escapa e ela aproveita a deixa para me empurrar e passar por mim. Calma, centrada, educada. A mulher que meu irmão descreveu definitivamente não é a que estou conhecendo agora.
— Como tanta porcaria pôde sair de um corpo tão pequeno? — provoco vendo-a deitar em cima das roupas, pingando água, aparentemente exausta.
— Precisava ver a quantidade de porcaria que entrou nesse corpo pequeno.
Há uma manta na poltrona em frente a cama, a pego e jogo sobre a bêbada molhada deixando então o quarto. Mas fico de olho para ajudá-la caso volte a vomitar.
![](https://img.wattpad.com/cover/294025792-288-k421020.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
DEGUSTAÇÃO - O irmão ERRADO
RomanceAPENAS ALGUNS CAPÍTULOS PARA DEGUSTAÇÃO. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. PROIBIDO ADAPTAÇÕES. Bruna está prestes a se casar, porém, às vésperas do casamento, Otto, seu noivo, decide cancelar tudo para curtir uma viagem pelo mundo sozinho. Destruída e...