Assim que vovó passa pela porta, volto para meu quarto, minha cama. Em um cabideiro dentro do closet está meu vestido de noiva. Eu deveria usá-lo hoje, é o dia dele, tenho esperado para vesti-lo há longos seis meses. Observo a peça branca elegante e algo dentro de mim parece romper. Me permito apenas sentir essa dor ao invés de tentar fugir dela. Espero senti-la toda, para que possa me livrar. Meu celular está desligado desde que me levantei esta manhã, não quero mensagens. Não quero ligações. Não quero palavras doces que me fazem ignorar as atitudes ruins. Chega disso.
De tarde Olivia aparece, tenta me levar para beber, para dançar, para voar de helicóptero, coisa que adoro e que ela nunca oferece, mas nada me tira dessa cama. Ela me faz comer algo feito por Theo e por fim vai embora. Já é noite quando me levanto da cama. Imagino que Theo tenha finalmente voltado ao trabalho. Tomo um banho e começo a me maquiar. Eu deveria fazer um penteado elegante como esse vestido, mas apenas deixo meus cabelos soltos. Então o visto.
Como imaginei, ele fica perfeito em mim.
Eu não experimentei meu próprio vestido de casamento por conta de uma superstição boba da minha mãe, mas que não tive coragem de desafiar. Ela dizia que o noivo deveria ser a segunda pessoa a ver a noiva. A primeira após a própria noiva. Que deveria ser privilégio dele admirar a mulher que se vestiu para entregar-se a ele. Que assim eles devem começar sua vida juntos, e por mais que eu soubesse que isso é apenas uma crença, como a de que o noivo ver a noiva antes do casamento dá azar, achei essa bonita demais para não seguir. Levando em conta que Otto desaprovou completamente meu vestido, seria ainda mais especial vesti-lo apenas neste dia.
E me sinto especial quando me olho no espelho. A peça branca é colada ao meu corpo, ela ressalta cada curva, seu decote não é fundo, mas comportado. Possui alças delicadas que se cruzam nas costas nuas. A calda é delicada e quando caminho balança em volta das minhas pernas. Não pareço uma princesa. Não uso joias e rendas caras. É elegante e me faz sentir deslumbrante.
Saio do quarto para caminhar pelo apartamento com meu vestido. Então dou de cara com Theo, bebendo algo na sala. Ele deixa a taça de lado quando me vê e se levanta. Me observa boquiaberto demoradamente. Seus olhos passeiam por cada centímetro do tecido repetidas vezes.
— Vai dizer que é simples demais? — pergunto. — Ou vai dizer que estou louca por vestir isso hoje?
— Você é a mulher mais bonita que eu já vi na vida. E eu já vi muitas mulheres, muitas mesmo.
Giro diante seu olhar atento e caminho até o sofá, me jogando nele.
— Obrigada — digo. — Não pelo elogio, mas por ontem.
Ele se senta ao meu lado. Uma chuva de verão começa lá fora e adoro o cheiro que entra pelas janelas abertas. Nenhum de nós se move para fechá-las.
— Está me agradecendo por ter limpado a barra do Otto?
— E por tê-la sujado, para começar. E pelo terraço e pela conchinha.
— Neste caso, vou dizer que você é louca, mas não ingrata. Disponha, Bruna.
Ficamos um tempo em silêncio apreciando a chuva, quando ele diz:
— As pessoas mereciam vê-la nesse vestido. Você é provavelmente a noiva mais gostosa que já passou por esse mundo.
Sorrio, ele também tem um sorriso quando o observo.
— Fiquei com pena de sequer vesti-lo. Hoje deveria ser o dia dele.
— Então torne este o dia dele — sugere.
— Como? Devo invadir um casamento usando-o? A essa hora da noite?
Ele se vira no sofá de frente para mim e faço o mesmo, observando-o atenta.
— Crie uma lembrança com ele que não tenha a ver com um casamento. Algo que vá marcá-la, da qual você não vai se esquecer.
— Tipo me sentir abandonada no dia que deveria ser meu casamento? Já fiz isso, mas obrigada — digo e me levanto para beber o que quer que ele estivesse bebendo antes.
Porém, nem chego à taça, ele se levanta e me puxa pela mão de encontro ao seu corpo. Suas mãos seguram meus braços e seus olhos percorrem meu rosto.
— Isso é um tremendo erro — diz. — Então me impeça.
— Impedi-lo de quê?
Seus olhos parecem famintos, minha respiração acelera por nada e suas mãos passeiam por minha pele de maneira possessiva. Os olhos intensos estão sobre meus lábios e penso que vai me beijar, mas ele não o faz. Ao invés, sussurra:
— Me diga para não fazer isso.
Não digo, não digo nada. Não sei o que vai fazer, mas não vou impedir. Quando espero que seus lábios toquem os meus, ele gira nossos corpos e guia o meu até o sofá. Caio para trás sobre ele e Theo toca a barra do meu vestido. Não consigo desviar meus olhos de seus movimentos enquanto ele alisa o tecido macio.
— Me diga para não fazer isso — pede de novo baixinho e mais uma vez não consigo dizer nada.
Seus dedos tocam minhas pernas, por baixo do vestido e um arrepio me toma dos pés à cabeça. Ele acaricia a pele devagar, depois volta a segurar o vestido e num gesto único e rápido, rasga a peça. Seus olhos estão nos meus e ele pede:
— Não me peça mais para não fazer isso.
Ele se ajoelha entre minhas pernas e seus lábios tocam a pele suavemente. Suas mãos rasgam ainda mais o vestido enquanto seus lábios sobem e alcançam a parte interna da coxa. Me mexo involuntariamente quando sua língua desliza por minha pele em direção a minha calcinha. Sinto o calor de seus lábios, da sua língua por cima da calcinha e não sei dizer se quem a está molhando sou eu ou ele.
Um gemido me escapa e ainda o estou observando, seu cabelo escuro entre minhas pernas os movimentos suaves de sua cabeça enquanto sua boca faz meu coração disparar e meu corpo todo aquecer. De repente não sinto mais sua boca em mim e seus olhos verdes estão focados em meu rosto. Devagar ele tira a calcinha, descendo-a por minhas pernas e volta à sua posição anterior. Seus olhos permanecem em mim enquanto aproxima o rosto do meu centro e sinto sua língua dessa vez, deslizando devagar por meu clitóris, sem nada em seu caminho. Não consigo mais, fecho os olhos e me perco em gemidos altos quando esse passeio se torna seus lábios chupando com força.
Ele segura minha perna e a apoia em seu ombro, me abrindo mais para me penetrar com a língua. Minhas mãos involuntariamente puxam seus cabelos, meu corpo entra em frenesi, no ambiente há o som da chuva, agora baixinho, da sucção de sua boca em minha boceta e dos meus gemidos incontroláveis sempre que estou prestes a explodir.
E explodo.
Gozo em sua boca e ele continua chupando, lambendo, até que eu não tenha mais forças. Até que eu sinta o último resquício de prazer sair do meu corpo e esteja mole e saciada sobre o sofá. Só aí ele se afasta, seu corpo está sobre o meu, seus lábios brilham e seus olhos são ainda mãos intensos do que antes. Não dizemos nada, sequer voltei a mim. Ele deita o corpo firme sobre o meu se desfazendo e deposita um beijo casto em meus lábios.
Só isso, um toque leve, se levanta em seguida e vai para seu quarto.
E fico mais algum tempo no sofá aberta, saciada, quente e confusa.
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FIM DA DEGUSTAÇÃO.
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DEGUSTAÇÃO - O irmão ERRADO
RomanceAPENAS ALGUNS CAPÍTULOS PARA DEGUSTAÇÃO. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. PROIBIDO ADAPTAÇÕES. Bruna está prestes a se casar, porém, às vésperas do casamento, Otto, seu noivo, decide cancelar tudo para curtir uma viagem pelo mundo sozinho. Destruída e...