Nos últimos dois dias, Bruna tem estado na dela, mais quietinha e quase não a tenho visto. Penso que desistiu do seu plano maluco. A campainha toca na quinta à noite e abro a porta para encontrar uma senhora elegante. O porteiro está com ela, empurrando sua mala. Bruna aparece em seguida e parece perder toda a cor quando vê a mulher. Exibe um sorriso sem graça enquanto a mulher a abraça.
— Ah, que apartamento formidável, querida. Vocês têm muito bom gosto. Otto, meu querido — diz se dirigindo a mim, me prendendo em um abraço desajeitado.
Olho para Bruna que parece em pânico.
— Por que não avisou que vinha, vovó? Eu a teria buscado no aeroporto.
— Imagina, o casamento é em dois dias, você deve estar atolada de coisas para fazer, achei o caminho sozinha.
Ela me observa com curiosidade.
— Vovó, o casamento não vai mais acontecer — Bruna gagueja e fala tão baixinho que até eu tenho dificuldade de ouvir. O que sua avó responde é:
— Desde quando você tem essas tatuagens, Otto, querido?
Me dou conta que estou apenas de calça e visto rapidamente uma camisa. Ela não espera que eu dê uma resposta já vai logo falando com Bruna enquanto observa o apartamento.
— Tanto faz, o importante é que ele é um advogado com um futuro brilhante. O que aconteceu com o casamento? Por que não vai ser sábado? Por que não me avisou?
— Achei que a Olivia a tivesse avisado.
— E por que sua amiga me avisaria algo tão importante? Sou sua avó, não dela!
Ela observa com uma careta desconfiada Bruna e diz em tom de reprovação.
— O que você fez, Bruna Volpato? O que fez para que ele adiasse o casamento?
Bruna engole em seco, os olhos estão marejados, mas Constanza Volpato parece não perceber. Bruna baixa a cabeça derrotada, abre a boca para responder, mas faço isso por ela.
— Conseguimos um local melhor conceituado em poucos meses e preferimos adiar.
Não sei dizer qual das duas parece mais surpresa.
— Mas depois de distribuir os convites? E de pagar buffet, locação, banda? Tao em cima da hora?
— Nos desculpamos com nossos convidados, os gastos que tivemos não importam se é para dar o casamento dos sonhos para minha mulher. Sei que não foi de bom tom, mas não há nada que eu não faça por ela.
Sorrio para Bruna que ainda está atônita, mas a avó dela já tem um sorriso derretido de aprovação.
— Ao menos isso você fez direito, conseguiu um bom homem — diz para Bruna com escárnio e se afasta conhecendo o apartamento.
— Obrigada — Bruna sussurra seguindo a avó.
Termino de preparar o jantar, quando as duas chegam à cozinha, a velha com uma expressão de desagrado e me pergunto se Bruna disse a ela a verdade.
— Otto, querido, por que suas roupas estão no quarto de hóspedes?
Olho para Bruna que esconde o rosto nas mãos.
— Porque a Bruna tem muitas coisas, preferi deixar o closet principal apenas para ela. Como o quarto de hóspedes não está sendo usado, pensei em deixar minhas coisas lá até que ela se organize.
— Ah, você é um cavalheiro, Otto, querido. O que está fazendo aí? Está cozinhando? Não sabia que cozinhava.
— Ele não cozinha! — Bruna corrige imediatamente. — Eu fiz a comida, ele só estava vigiando as panelas enquanto fazíamos um tour.
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DEGUSTAÇÃO - O irmão ERRADO
RomanceAPENAS ALGUNS CAPÍTULOS PARA DEGUSTAÇÃO. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. PROIBIDO ADAPTAÇÕES. Bruna está prestes a se casar, porém, às vésperas do casamento, Otto, seu noivo, decide cancelar tudo para curtir uma viagem pelo mundo sozinho. Destruída e...