Capítulo 3 - BRUNA - DEGUSTAÇÃO

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LIVRO EM DEGUSTAÇÃO, NÃO ESTÁ MAIS COMPLETO AQUI.

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Olivia me espera sentada em uma mesa, de frente a cafeteria, observando o movimento pelos ósculos escuros caros, como sempre, o cabelo platinado alinhado e a roupa perfeitamente escolhida. Se não fosse herdeira e dona de uma rede de salões de beleza famosa, minha amiga bem poderia ser modelo. Ela possui os olhos claros, lábios grandes e feições de uma boneca. Minha amiga é uma boneca Barbie ambulante e é linda.

Me jogo desengonçada na cadeira e ela ainda parece irritada. A encaro, ela me encara de volta, nenhuma de nós responde o pobre do garçom esperando que façamos nossos pedidos, até que por fim cedo e perco a batalha.

— Um chá gelado, por favor. Olivia, seja o que for que eu tenha feito naquela noite, não me lembro. Então refresque a minha memória pra eu saber se devo te pedir desculpas.

Ela me observa descontente e pergunta ao garçom.

— Ei, quer ouvir uma história vergonhosa de bêbada?

— Ele não quer! — retruco.

— Eu quero! — o desocupado responde.

— Essa daí é minha amiga, Bruna Vidal, advogada. Ela levou um pé na bunda há alguns dias e resolveu beber como um sertanejo para superar o ex. Eis que antes de ontem ela bebeu muito e deu meu telefone para um bartender, mas essa não é a pior parte. Eu tive que deixar meu boy no motel para ir buscar essa criatura que estava arrumando confusão na madrugada. Ela entrou chorando no táxi e vomitou, então o taxista nos expulsou. Estávamos na rua de madrugada, meu celular com pouca bateria, mas consegui pedir outro táxi. E ela deu meu número de telefone, que eu não sei porque diabos sabe de cor, para o taxista, um quarentão tarado. O taxista nos convidou a ir com ele para um motel e ela aceitou.

Abro a boca em choque, ela deve estar inventando isso.

— Então tive que abrir a janela e gritar por ajuda para ele aceitar parar o carro e aí fomos em busca do terceiro táxi, mas não havia mais táxis, meu celular descarregou, o dela ela nem havia levado e fui andando morro acima carregando essa daí bêbada e cantando no meu ouvido.

— Isso não é verdade. Minha memória volta na parte em que você me jogou para fora do táxi.

— Não, querida, o táxi estava parado em frente a portaria do seu prédio. Eu entrei nele para ir embora finalmente e você queria entrar comigo, foi por isso que te coloquei para fora.

— Você está inventado isso.

Ela pega o celular e gira a tela em minha direção, há dezesseis chamadas perdidas de um contato salvo como quarentão tarado.

— Será, Bruna, que você acha que preciso de desculpas?

— Será, Olivia, que você com sua conta bancária cheia e sua vida sexual ativa e maravilhosa, ao resgatar uma amiga bêbada, portanto fora de seu juízo, precisa de desculpas por exercer seu papel de amiga? Será que isso não era o mínimo que você podia fazer, já que são amigas?

Ela abre a boca irritada e encaro o garçom, o juiz dessa audiência.

— Eu pergunto, senhor garçom, se eu não mereço desculpas por minha amiga se aproveitar de um momento difícil da minha vida para fazer chacota dos meus problemas a um desconhecido? E também por sua negligência em me deixar em risco quando ela era a responsável por mim na madrugada. O que o senhor acha?

Ele encara Olivia com uma expressão zangada.

— Seja uma amiga melhor, ela está passando por um momento difícil.

Então se vai sem anotar o pedido dela.

— Bruna Patinha, eu odeio você!

Faço uma careta por ela usar o sobrenome que nunca uso e acabo com sua ira com uma frase.

— Tem alguém morando comigo.

— O quê? Como assim? Alugou o quarto de hóspedes para pagar o condomínio?

Pego meu celular e entrego a ela, que lê a mensagem desaforada de Otto com a boca aberta.

— Que cretino! O irmão dele está mesmo lá? — Assinto. — Você sabe o que ele quer com isso, não sabe? Impedir que você tome posse da parte dele do apartamento. Esse imbecil! Como é esse irmão dele?

Abro uma foto de Otto na minha galeria e viro a tela para ela. A confusão em seu rosto me diverte.

— O que é isso? Esse é o Otto.

— Mas poderia ser o Theo, irmão gêmeo do Otto.

Sua boca agora está escancarada.

— Está de brincadeira! Eles são parecidos?

— Gêmeos idênticos.

— Que traste! Como você vai esquecê-lo vendo o rosto dele todos os dias? Ele planejou isso! Esse safado está calculando cada movimento para foder com sua vida, eu vou matá-lo. Vou matá-lo e você me defende se eu for pega!

Ela fica mais dez minutos gritando insultos para meu ex, chamado atenção dos transeuntes para minha vida trágica e por fim, vai comigo ao meu apartamento conhecer o tal gêmeo de Otto.

DEGUSTAÇÃO - O irmão ERRADOOnde histórias criam vida. Descubra agora