Capítulo X

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Alguns dias depois...

- O que foi, mi hija? - Alma se aproximou de Pepa, que estava na frente da casita Madrigal vendo o filho do meio indo em direção à vila.

- Não é nada, mamá. - Cruzou os braços, o que acabou contrastando sua expressão preocupada.

- Pepa, eu te conheço muito bem. Vamos, me diga qual o problema.

A ruiva deixou um suspiro escapar, enganchando o braço no do marido que havia acabado de aparecer perto das duas.

- É só que... Vocês não acham que Camilo está estranho? Quero dizer, ele está muito calado esses dias, pensativo. Meu Camilo não é assim.

- Nosso filho está crescendo, mi vida. Está na idade em que começa a aparecer caraminholas na cabeça, e outras mudanças também.

- Félix tem razão, Pepa. Lembra de quando você tinha a idade do Camilo e ficou completamente instável? Tínhamos praticamente as quatro estações por dia.

- Mamá...

- Bem, ela ainda é assi... - Não ousou terminar a frase depois que percebeu a nuvem crescendo sobre a cabeça de sua esposa, cantarolando logo depois enquanto fazia dois dedos ''caminharem'' pelo braço dela. - A mulher mais maravilhosa deste Mundooo!

- Ah, Félix! - Sorriu, voltando-se para a mãe que sempre ficava contente por ver a forte relação do casal. Porém, como nem todos os mimos de seu marido poderiam fazê-la esquecer o foco da conversa, deixou a expressão morrer aos pouquinhos. - O Camilo e aquela amiga da Isabela, a S/n, passam muito tempo juntos, já repararam? E, de uns dias pra cá, não os vi mais.

- Agora que você tocou no assunto, eu já ouvi alguns comentários pela vila. As pessoas reparam e comentam... - Alma enrugou a testa, forçando a memória. - Mas, realmente, não lembro mais de tê-los visto juntos.

- Será se eles brigaram? - Logo após a divagação do pai, Antonio apareceu de dentro da casita com um tucano em seu ombro, o que já era comum.

- Eu sei o que aconteceu. - O menininho puxou as atenções para si. - Os animais sempre me contam tudo.

- Mesmo, Tonito? - A abuela se interessou, trocando olhares com os outros dois adultos.

- Vamos, filhote, conte para sua mamá o que seu irmão tem.

Antonio e o tucano observaram um ao outro em uma atmosfera de cumplicidade, e depois o menino sorriu para cada um dos três em sua frente, negando com a cabeça a seguir.

- Não posso contar.

Enquanto Pepa procurava não se irritar ao tentar convencer o caçula a soltar tudo o que sabia, ninguém reparou na presença de Luisa escondida ao lado da casa. Ela já estava pronta para ir ao curral quando pegou o final da conversa e se interessou, porque tinha algo que estava lhe incomodando há um tempo apesar de não falar nada sobre. O seu primo, todo dia, parecia dar alguma desculpa para ajudá-la com os burros quando deveria estar com as crianças, e isso era mesmo muito, muito estranho.

***

Eu já estava prestes a sair quando alguém bateu em minha porta. Qual foi minha surpresa quando, bem em minha frente, estava Luisa Madrigal? Eu e a garota nunca tínhamos trocado mais do que alguns cumprimentos e então, mais do que de repente, ela veio me fazer uma visita.

- Luisa? - Franzi a sobrancelha, abrindo passagem. - Pode entrar. - Mas a mais velha apenas negou com a cabeça.

- Não se incomode, S/n. Prometo que não vou demorar... - Riu sem jeito, para então prosseguir. - Desculpe aparecer aqui assim, eu sei que deve ser estranho.

Metamorfosis (Camilo x S/n)Onde histórias criam vida. Descubra agora