Capítulo IX

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- Tem certeza de que é ela? - Um senhor parrudo perguntou para o subordinado, sentado em sua poltrona de couro enquanto girava seu anel de ouro no dedo.

- Absoluta, senhor. Sua noiva pegou o barco sozinha e desembarcou na Colômbia. A mãe está trabalhando de doméstica em uma cidadezinha no interior do-

- A mãe não me interessa. - O interrompeu. - A fonte é confiável?

- O próprio imediato reconheceu a foto. Combinamos que ele entraria em contato se lembrasse de mais alguma coisa.

- Ótimo. Faça o que for preciso para recuperá-la, e então verás dinheiro como nunca sonhou antes.

***

- Vamos, ver... Está linda, mas falta alguma coisa. - Isabela resmungou, segurando o queixo enquanto dava uma volta em meu entorno para me analisar. Ela havia me convencido a vir me arrumar na casita, porque queria me deixar "glamurosa como uma flor" para o festival. Vesti a melhor roupa que eu tinha no armário: uma blusa branca de ombros caídos e mangas flare, saia verde esmeralda até os tornozelos e o cinto espartilho marrom de amarras trançadas na frente. Por mim, já estava de bom tamanho, mas Isabela é Isabela. - Talvez alguma coisa para tirar a atenção desse seu sapatinho surrado... Não tinha outro não? - Mas é o meu melhor sapato. - E é bom não usar a tornozeleira, que é para tirar o foco dos pés.

- Acho que já está ótimo assim, Isa.

- Não. Está faltando o diferencial, está faltando flores! Talvez, se eu fizer isso... - Com um gesto de mãos, margaridas começaram a rodear a barra de minha saia. - E mais um pouco assim. - Com outro, as mesmas flores, em miniatura, cresceram para enfeitar meus cabelos sem uma ordem específica. - Voilà! O que achou?

Rodei em frente ao espelho do quarto da garota, satisfeita com o resultado.

- Ficou muito bom.

- Bom?! Ficou magnífico! O seu garoto misterioso não vai ter olhos para nenhuma mais. - O comentário me divertiu ao ponto de me fazer levantar ambas as sobrancelhas para a Madrigal.

- Isabela, como você é fantasiosa. Nem lembro direito como é o rosto do menino.

Sem dar tempo para que ela me respondesse, ouvimos três batidinhas na porta antes desta ser aberta devagar, então Camilo botou a cabeça para dentro.

- Posso entrar, meninas? - Passou os olhos pelo local, até que os parou em mim. - Uou.

- E então, Camilito... - Girei outra vez, colocando as mãos na cintura quando fiquei de frente para ele de novo, que já adentrava o quarto com passos acanhados. - Estou hermosa? - Enfatizei a palavra, escolhida de propósito apenas por implicância.

Uma observação minha: percebi que sempre que se lembrava do que havia me chamado, ele tinha a reação; aquela curiosa trilha avermelhada que começava a surgir acompanhando suas sardas.

- Você sempre está, mi oruguita. - Riu sem jeito, já ficando com o tom forte no rosto, então se virou para a prima que nos observava em silêncio. - Caprichou, ein, Isabela.

Ela sorriu de canto.

- E você podia ter se arrumado de um jeito melhorzinho, né, querido.

- Ah, isso... - Analisou as próprias roupas, iguais as de sempre, dando de ombros em seguida. - Eu não vou ficar por lá, só vou levar a S/n.

- Ahn? - Como assim ele não vai ficar lá comigo? - Quando você se ofereceu para me acompanhar até a cidade, achei que tinha decidido ir ao festival também.

Metamorfosis (Camilo x S/n)Onde histórias criam vida. Descubra agora