𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟏𝟎

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O som do fogo crepitando na lareira preenchia o ambiente, o calor enfeitava a atmosfera e mantinha o frio congelante de janeiro por trás das paredes. O homem impotente entrelaçava seus dedos finos na alça da xícara e levava até seus lábios, o líquido quente envolvia sua garganta e deixava um rastro de fogo. A xícara voltava para cima do pequeno prato e o chá acabava respingando para fora da cerâmica pela força extra usada para a posicionar. Severus volta a encostar suas costas na poltrona e fecha os olhos por um instante. A presença de Alya na casa já o estava fazendo enlouquecer, e momentos de silêncio como aquele eram raros, a loira estava sempre tão agitada, trazendo tanto barulho e inquietação para o local, os corredores antes mórbidos, agora estavam sempre tão cheios de vida.

E notando o silêncio incomum da casa, Severus se questiona o que Alya devia estar fazendo...céus, aquilo devia parar!

Resmungando alto, Snape volta sua concentração para os papéis a sua frente e retorna a corrigir e assinar provas. Severus murmurava desaprovações vez ou outra sobre seus "alunos cabeças-ocas". A chuva começará a cair e lentamente trovões altos partiam os céus. Foi quando um barulho veio das janelas que Snape virá uma coruja batendo com o bico no vidro, o professor rapidamente se levanta e abre os vidros para que o animal entrasse, o mesmo pega a carta que a coruja trazia e vê o nome de Dumbledore assinado na frente. Imaginando que poderia ser algo sério, Severus abre a carta e inicia uma leitura silenciosa . Seu corpo rapidamente arruma a postura e uma linha de expressão surge em sua testa, a preocupação e nervosismo era evidente. Dumbledore o estava convocando, alegando que sua presença era de total importância. O mestre de poções escreve uma resposta breve e leva a coruja até a janela, a solta e se apoia no batente da janela. Ir para Hogwarts tão cedo não estava em seus planos, mas talvez fosse melhor assim. Ele precisava urgentemente estar em um ambiente onde o perfume de Alya não o estivesse interrompendo, onde não ouvisse a agitação evidente da garota. Precisava ficar o máximo possível longe daqueles olhos azuis que sempre o hipnotizavam.

Snape aproveita a água chuviscando em seu rosto, o vento frio envolvendo o ambiente quente, e o maravilhoso cheiro da chuva. Seus olhos negros se abrem e a primeira coisa que o mesmo vê são suas roseiras, as lindas roseiras repletas de flores vermelhas que envolviam os muros da propriedade, trazendo um pingo de cor para o local, algumas vezes quando lhe sobrava tempo, Severus adorava cuidar de suas rosas, era como uma terapia necessária. Quando o mesmo volta sua atenção ao restante da paisagem, logo vê uma pequena cabeleira loira. Severus se inclina para ter certeza que está enxergando certo e se surpreende em ver Alya sentada em um dos bancos do jardim, Snape estranha o comportamento e se questiona se a garota finalmente havia enlouquecido de vez. A garota não faz movimento algum que indica que irá se mover, o professor então sai apressado seuescritório para ir até os jardins, enquanto ia em direção da menina ficou se perguntando o motivo para a mesma resolver sair com uma chuva daquela. Severus chegou até perto da garota e diminuia o passo, ao estar frente a frente a loira,a mesma levantou o olhar Snape pode ver lágrimas tomarem seu rosto, os olhos azuis agora avermelhados o encaravam com um certo medo. Suas lágrimas eram tão intensas que podiam ser confundidas com a chuva forte. Preocupado, Severus passou seus braços pelo corpo da menina e a pegou no colo, começou a andar firme até dentro da casa e se sentou no chão da sala assim que pode. A menina se agarrou ao professor e segurou firme na capa encharcada do mesmo e suas lágrimas voltaram a tomar conta de seu rosto.

- O que houve, pequena?- Perguntou o mesmo aconchegando a garota com a capa.

Alya não respondeu, apenas levantou a cabeça e negou calmamente. Tudo bem, ela não queria fala sobre aquilo, e Snape respeitaria isso. O professor passou a entender que forçar a menina a dizer coisas que ela não estava pronta para dizer, apenas a afastaria ainda mais.

Com calma, Severus passou a acariciar de forma desajeitada as costas e os cabelos molhados de Alya, ainda nervoso com a proximidade da menina. Com o tempo o som das lágrimas foi cessando e a respiração da garota voltou ao normal. Alya levanta seu rosto com calma e revela seus olhos inchados, o azul hipnotizante agora era invadido por um vermelho vivo, era como uma água pura sendo tomado de algo indevido. E ver a expressão de tristeza e medo, os olhos inchados e principalmente a ver chorando, fazia com que um aperto estranho surgisse no peito de Severus, como uma agulha que afundasse em sua carne e lhe impedia de respirar. Aquela sensação era nova e o fazia se questionar. Severus decidiu ignorar isso e voltou sua atenção para a garota que se sentava na sua frente.

- Precisaremos ir para Hogwarts hoje. Irei pedir para que Minnie lhe prepare um banho, temos de ir o mais rápido possível- Snape informa para a garota que apenas assente com a cabeça e se levanta.

- Tudo bem professor, irei arrumar minhas coisas- Alya começa a ir até as escadas e antes de subir encara seu professor uma ultima vez.

Severus apenas observa a garota sumir por entre os degraus e suspira fundo.

Um dia confuso.

~❦︎~

Severus esperava impacientemente na sala enquanto Alya ainda não chegava. Minutos se passavam e o professor ficava cada vez mais agitado. A garota não conseguia ser mais pontual? E quando Snape pensará em ir até lá chama-la, a menina apareceu descendo as escadas, com sua mochila nas costas e a vassoura em mãos. A mesma sorriu para o professor e parou ao seu lado.

- Desculpe a demora professor- a menina pede.

- Tudo bem. Vamos?- o mesmo pergunta com calma.

- Sim.

Severus se aproxima mais ainda da garota e passa uma das mãos em volta de suas costas. Seus rostos tão próximos e ao mesmo tempo como uma barreira entre os dois. Suas respirações misturadas e seus olhares encarando um ao outro. Snape rapidamente os teleporta ainda sem desviar o olhar de Alya. Quando o chão de pedra de Hogwarts aparece, a garota ainda encara os olhos de seu professor. E o mesmo parece enlouquecer, sua mão aperta mais as costas da menina, e Alya estremece. Após alguns segundos assim uma batida na porta os tira do transe.

Alya percebe que está na sala de Severus e se sente um pouco desconfortável com as lembranças de uma noite específica.

Severus tira seus olhos de Alya e caminha até a porta, rapidamente a abre e Dumbledore está do outro lado.

- Olá Severus, parece que chegamos no mesmo instante- O mesmo fala e ao ver Alya sorri simpático- Olá Srta.Malfoy!

- Dumbledore- a menina cumprimenta e então começa a ir até a porta- Com licença, irei me retirar.

Alya olha para Snape e sai para o corredor, começa a andar o mais depressa que pode e então quando vira a esquina começa a correr até seu dormitório.

Ao chegar em sua sala comunal, percebe não ter ninguém por perto, Alya caminha até seu dormitório e joga suas coisas na cama. Suas amigas ainda não haviam voltado para casa e passariam o fim de ano com suas famílias, o que significava mais alguns dias sozinha. Que tortura!

Alya deita na cama e suspira. Logo se recorda dos últimos minutos na presença do professor e um sorrisinho surge. Será que ele ia beijar ela? Não não, jamais, isso nunca irá acontecer, seu professor é apenas seu professor, ele a precisa proteger por causa do voto e nada além disso. Mas céus, não seria nada ruim beijar Severus. Não não, seria ruim sim! Isso não pode acontecer. Por outro lado, Alya gostava de quando eles estavam perto, como quando ele a abraçou hoje mais cedo. Céus, havia sido uma terapia.

Mas Alya não podia se beijar levar por momentos. Pés no chão!

Aquele dia estava cada vez mais confuso...

~ꨄ︎~

Oiê, tudo bem meus amores?

Voltei!! E dessa vez vou tentar postar mais frequentemente. Eu quero agradecer a todas as mensagens de carinho de vocês, aquilo aqueceu meu coração e me deixou mil vezes melhor e motivada a continuar. Obrigada por tudo, e principalmente por não desistirem de mim!

Espero que tenham gostado do capítulo, e me perdoem qualquer erro de escrita.

Beijos e amo vocês!

Voto Perpétuo~ Severus SnapeOnde histórias criam vida. Descubra agora