LOGAN
Minha mulher arrumou as coisas do Dylan, dela e do Martin, claro que eu não esperava que me fizesse favores, então eu mesmo cuidei de arrumar minhas coisas. Antes de sair, conferi a casa e tranquei tudo.Já estava dirigindo há algum tempo, e sentia a cabeça rodar, meu desespero era imenso, lembrar oque aconteceu na minha casa, imaginar oque aquela serpente poderia ter causado me dá calafrios.
Mais porque raios eu não podia ter paz ? Porque esse doente não podia me esquecer ? Oque eu fiz de tão errado pra merecer isso ? Não consigo aceitar que essa coisas toda pode acontecer de novo e eu nem posse saber de onde vai vir, as minhas suspeitas e certezas são claramente o dono do cassino, mas e se por um infeliz acaso não for ele ?Sai do meu poço de pensamentos quando Olivia se arrumou no banco e me olhou de relance. Decidi falar, talvez seria nossa última conversa.
— Não sei se está falando comigo, mas...eu fiz aquele chá, que você gosta, está no copo térmico, então não esfriou, tá bom ? E...me desculpa por ter feito oque fiz, eu juro que não tinha a intenção de te machucar, eu só queria proteger minha família —
Ela me ignorou por poucos minutos até pegar o chá, fingi não ver mas deixei um meio sorriso escapar.
Deixei ela quieta, não vou forçar a barra.
Três horas de viagem depois, e ela não consegui nem cochilar, raiva e preocupação com certeza eram constantes.
Durante todo o tempo passava a mão na barriga da minha mulher, e eu todas as vezes eu sorria. Não importa o quanto Olivia esteja brava comigo, nossa filha sempre chuta.Num dado momento ela abri os olhos, esticou as pernas e ligou o rádio num volume baixo.
Suspirou e começou a falar.
— Me desculpa também...pelo tapa, eu não podia ter feito aquilo —
— Tudo bem, você estava com raiva —
— Estou — Tirou o cinto e abaixou a manta que coloquei nela antes de sair de casa. Levantou a blusa e esticou os braços se espreguiçando, uma vez me disse que as vezes as sensação de algo prendendo sua barriga, era perturbadora. — Mesmo assim, me sinto muito culpada foi muita falta de respeito com você, eu odiava quando acontecia comigo, então não posso fazer com você, me perdoa ? —
— É está, mas tá tudo bem Olivia e me desculpa — Mordi a boca. — Outra vez, não era minha intenção fazer mal a vocês —
— Logan ! Por favor, eu sei que não era, mas nós somos adultos, eu não vou expor isso pro Dylan que só tem quatro anos, mas você podia ter aberto o jogo comigo —
— Eu digo a mesma coisa, eu não estou jogando a culpa em você, mas, se tivesse me dito, eu teria criado coragem —
— Me desculpa por isso também, eu tinha que ter contado — Coçou a barriga. — A gente errou, nossos erros poderiam ter custado nossas vidas.
Logan, eu espero que isso não se repita mais, não falo só de você, falo da minha parte também, confiamos um no outro mas na hora de dividir problemas não queremos preocupar um ao outro ? Eu sei que é cuidado, mas de ambas as partes, não vamos repetir esse erro —
Secou os olhos.
— Não vamos...— Parei o carro num posto de gasolina e puxei Olivia para um abraço. — Me desculpa ? —
Fungou.
— Está desculpado, me desculpa também ? — Assenti e ela apertou o abraço. — Oque vamos fazer ? —
— Ainda não sei, mas...vamos ficar bem, eu prometo — Beijei o rosto dela e saí do carro pra abastecer. Ela saiu também, mas foi até a conveniência, comprou algumas coisas pra comermos e voltamos pro carro para seguir viagem.Vi Olivia abrindo um saco grande de petiscos e dei risada.
— Você mima muito ele —
— Ele merece, não é, meu amor ? — Fez carinho no Martin enquanto dava os petiscos e um pouco de água.
— Acho melhor eu levar ele pra fazer xixi — Tirei o cinto outra vez.
— No próximo acostamento é melhor — Concordei e dei partida, paramos num lugar mais afastado e quando soltei o Martin o mesmo latiu.
— Xiiiiu, vai acordar o Dylan ! — Ele olhou pro meu filho e me olhou outra vez, em seguida saiu do carro.
Já na estrada outra vez, estava tudo calmo, mas dentro da minha cabeça eu imaginava oque aconteceria dali pra frente.
— Ei — Apertei a coxa da minha mulher. — Tá tudo bem ? —
— Sim, só pensando em algumas coisas — Suspirei. — Me diz, como sabia que aquela cobra era venenosa ? E como tem certeza que foi ele ? —
— No exército precisamos aprender, e outra coisa, ela é australiana, a famosa cobra da morte, não é típica daqui, foi mandada —
— Hmm — Passou as unhas pela minha nuca. — Oque mais aprendeu no exército ? —
— Aprendi a ter fé em Deus, mesmo nos piores momentos. Aprendi primeiros socorros, ser o melhor atirador da equipe, limpar muito bem as coisas, que sempre vão existir racistas. Aprendi também amar o meu país e que o governo é um filho da puta —
— Entendi....— Riu sem ânimo e se recostou no banco outra vez. — Mais duas horas e quarenta minutos de viagem, quer que eu dirija ? — Perguntou após olhar as horas.
— Pode ser — Parei o carro e trocamos de lugar. — Não bate meu corro, tá ? —
— Cala essa boca ! Sabe que eu dirijo bem melhor que você — Revirei os olhos a fazendo rir. — Troca de música, por favor ? —
A rádio tocava uma música dos anos oitenta.
— Essa é legal, mas não tenho boas recordações, lembro que estava ouvindo ela no meu quarto, num volume bem baixo quando criança.
O quarto dos meus pais era bem ao lado do meu, essa música foi trilha sonora de uma coisa que uma criança não quer ouvir os pais fazendo —
— Ai, que horror — Rimos. — Esse problema eu não tive, meu pai foi embora mesmo — Ela segurou a risada, mas eu não.
— Troca essa música logo ! —
Troquei de estação e começou a tocar Hallelujah. Olivia me olhou sorrindo.
— Te amo —
— Eu também te amo — Pegou minha mão esquerda e colocou em sua barriga. — Ela está agitada —
— Dá pra perceber — Ri. — Ei, oque foi ? — Falei com minha filha. — Vai dormir, o papai tá aqui com vocês —
— E vai ficar — Minha mulher complementou e sorriu de lado olhando a estrada. Eu não queria que nada de mal acontecesse, gostaria de poder sumir com eles, ir para bem longe e parecia que Olivia queria o mesmo. Suspirei limpando seu rosto.
— Porque isso ? Você não merece —
— Eu também não sei —
— Vai ficar tudo bem, não vai ? —
— Sim, eu prometo — Beijei a cabeça dela.
As horas passaram e quando enfim chegamos o dia já tinha clareado.
Dylan abriu os olhos há pouco tempo me perguntando onde estávamos.
— Na casa da Elie — Ele sorriu.
— Ebaaa, eu vou brincar com ela ? — Beijou o Martin.
— Vai sim, meu amor — Respondeu Olivia enquanto estacionava o carro e desligava o Waze.
— Bom, chegamos — Me espreguicei e tirei o cinto.
— É, vamos lá — Suspirou.Abri a porta e fui até o banco de trás, soltei o Martin que foi logo se esticar na grama e em seguida peguei meu filho que desceu rápido do meu colo todo animado. Mal sabe ele oque está por trás dessa visita a Elie.
Eu estava a ponto de surtar, eu queria muito esmurrar o culpado de toda essa merda, eu estava tão nervoso que podia sentir uma enorme pressão nos ouvidos. E em certos momentos meu coração disparava como se quisesse pular pela boca, imaginar oque me esperava aqui, só piorava tudo.
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Sonhos Perdidos
RomanceNa vida nós temos escolhas, apesar de poucas e muitas vezes acabarem nos destruindo por dentro, elas precisam ser tomadas, mesmo que acabe com nossos sonhos, nossos planos, e mude completamente o nosso destino. Logan, fez uma escolha errada e acabou...