Capítulo 03: Dia de Trabalho
Takemichi estava animado, o menino, vestido em um macacão jeans com uma camisa amarela por baixo, pulava pra cima e pra baixo enquanto esperava Rindou acordar para o levar consigo, ele era um dos que acordava mais tarde então o menino soube por Kokonoi com quem ele ficaria hoje.
Impaciente, Takemichi abriu a porta de Rindou com tudo subindo na cama do maior.
- Tioooo! Acorda! - Takemichi balançou a cama com toda sua força - Tio! Tio! Tio! Tio!
- Cala a boca, pirralho de merda! - A animação de Takemichi morreu.
Aquela não era a voz de tio Rindou, não mesmo, era uma voz feminina.
Mais quieto, Takemichi lentamente subiu em cima do corpo que ocupava a cama de Rindou e levou as mãos gordinhas até o lençol caído e o usou para apertar o pescoço da moça.
- Cadê o tio Rindou?
A mulher arregalou os olhos surpresa tentando tirar a criança de cima de si, mas sem sucesso, ela tentou gritar, mas o ar já faltava.
- Eu vou perguntar de novo: cadê o tio Rindou?
Enfim conseguindo agarrar o braço que a enforcava, ela o empurrou para longe fazendo Takemichi cair da cama.
O pequeno Sano caiu com tudo batendo com as costas na mesinha de cabeceira e começou a chorar alto com a dor.
Rindou, que estava no banheiro, saiu de lá preocupado encontrando a mulher que contratou aquela noite encarnado Takemichi com ódio, a mão na garganta, enquanto o menino estava caído e chorava muito.
Rindou se aproximou deles e pegou Takemichi no colo com cuidado o ninando.
- Shii, passou, o tio tá aqui agora, ele vai proteger você - Rindou o ninou.
Takemichi agarrou o pescoço do maior ainda chorando e Rindou encarou a mulher em sua cama que se encolheu com medo da reação do criminoso.
- T-tio - Takemichi fungou falando baixinho só para o maior ouvir - E-ela me machucou.
- O que acha de ir atrás do nosso café da manhã enquanto o tio ensina pra ela a nunca mais fazer isso uh? - Rindou sugeriu, mas Takemichi negou.
- Q-quero ficar com o tio.
- Tudo bem - Rindou buscou por uma arma em seu guarda roupa e encaixou o silenciador enquanto ainda ninava Takemichi.
A mulher suspirou aliviada, pelo menos ele não faria nada certo? Com a criança ali ela não seria machucada.
Rindou se virou atirando de uma vez ainda focado em ninar Takemichi que levou um dedo a boca fechando os olhos, a mulher caiu flacidamente contra os lençóis e ele amaldiçoou por precisar os trocar depois.
- O tio hoje tem muito trabalho a fazer, você vai ter que se comportar - Rindou voltou a dizer enquanto buscava suas coisas para pentear os longos cabelos roxos com mechas pretas, Takemichi murmurou em confirmação enquanto o dono dos olhos roxos terminava de se arrumar - Você já comeu?
- Já sim, comi com o papai - Takemichi murmurou, o dedo ainda na boca.
- Bom... eu vou comer também e então a gente vai sair, arruma uma mochila com tudo o que você vai querer passar o dia.
.
.
.
.
Takemichi balançava os pés enquanto lanchava, tio Rindou tinha o sentado em cima daqueles caixotes e pedido para se manter quietinho enquanto estava lidando com alguns despachos.
O menino ouviu som de disparos e se assustou derrubando a caixa de suco que tinha em mãos, os olhos enchendo de água ao ver que tinha derramado todo o suco.
Com dificuldade, desceu do caixote e caminhou lentamente para o lugar onde viu tio Rindou ir abrindo uma fresta da porta para ver se encontrava o mais velho.
Seus olhos se arregalaram enquanto via Rindou encarando um homem com indiferença, o cara tinha muito sangue escorrendo de várias partes de seu corpo, furos de bala em sua coxa e ele grunhia de dor enquanto implorava para que parasse.
- Bem, você tem razão, precisamos terminar logo com isso, fazem dez minutos que deixei meu pequeno sozinho e ele deve estar entediado então... tem algo que queria me contar ou eu posso te mandar direto pro inferno? - Rindou pegou uma faca a esquentando com um isqueiro.
- V-vai pro inferno! - O homem gritou cuspindo sangue em Rindou.
Takemichi sentiu seu sangue ferver e entrou na sala irritado, o ranger da porta fazendo Rindou se virar para ele.
- Takemichy! Eu te mandei esperar lá fora!
O menino sequer olhou Rindou enquanto ia até o homem chutando sua perna, o chute não doía nada, mas, somado ao número de cortes que o homem tinha, tornou a dor tão surreal que o fez gritar.
- Isso é pra aprender a ser educado! Não devia sair cuspindo nos outros! Responde direito a pergunta do tio!
Rindou sorriu com orgulho do pequeno antes de o pegar no colo.
- Takemichy, espere lá fora, eu já vou ok?
- Mas tio! O meu suco derramou! Não dá pra comer sanduíche sem suco! - Takemichi fez bico, Rindou suspirou, um mês da criança morando com ele e ele já tinha se tornado bem mimado.
Ele culpava Ran e Kokonoi por isso.
- Espere lá fora, eu vou terminar aqui e nós vamos em uma lanchonete uh?
- Promete?!
- Prometo.
O menino sorriu animado beijando a bochecha de Rindou antes de descer do colo do maior e sair saltitante.
.
.
.
.
Takemichi sorria animado enquanto Rindou limpava sua bochecha suja de ketchup, claro que o menino não sentia medo algum de quando precisava ir no trabalho de seus tios, afinal eles sempre explicaram o que aconteceria e tentava o tirar de lá o mais rápido possível e Takemichi sabia que seus tios nunca o machucariam, então, para ele, era só mais um dia comum.
E, além do mais, seu lanche era mais importante.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Herdeiro Bonten
FanfictionQuando Mikey e Sanzu desaparecem por um dia inteiro e aparecem com uma criança nos braços, Bonten muda completamente, se para melhor ou para pior é um completo mistério