Prólogo

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Sano Manjiro, conhecido em sua adolescência como Invencible Mikey, estava entediado, o dono dos curtos cabelos prateados e opacos olhos negros era líder da maior organização criminosa do Japão, a Bonten, ele podia ter o que quiser e quem quiser, uma simples palavra sua e tudo seria providenciado, ainda sim ele se encontrava em profundo tédio.

Assim que seu braço direito saiu do escritório, Mikey ergueu seu frágil corpo, resultado da má alimentação e falta de exercícios físicos, e caminhou para fora do escritório.

Na sala estavam dois de seus homens mais altos, Mochi e Takeomi, os dois tinham sorrisos bobos nos lábios enquanto encaravam a tela do celular, isso intrigou Mikey, por que aqueles dois estavam sorrindo quando ele não conseguia? O que os deixavam felizes?!

A passos lentos, ele se aproximou dos dois.

Akashi Takeomi era irmão mais velho de seu braço direito, ele tinha os cabelos negros na altura do ombro sempre penteados para trás revelando duas mechas loiras, uma de cada lado do rosto, e possuia uma cicatriz fina que cortava a parte direita de seu rosto, resultado das brigas da adolescência, era comum ver o homem sempre com um cigarro em mãos como agora e ele era um dos mais indiferentes as atrocidades que os outros cometiam por diversão.

Já Mochizuki Kanji tinha os cabelos escuros mantidos em um corte militar, uma carranca era sempre vista em seu rosto enquanto suas longas sobrancelhas sempre pareciam franzidas, uma barba rala era sua característica mais marcante além dos olhos escuros, ele também era o mais indiferente entre eles, geralmente sequer estava perto enquanto os outros se divertiam.

- O que estão fazendo? - A voz arrastada de Mikey fez os dois se assustarem antes de o encararem, Mochi bloqueou seu celular em um ato automático - O que estão vendo?

- Nada importante, chefe - Mochi garantiu - Não vale o seu tempo.

- Eu vou decidir se vale meu tempo ou não, mostre.

Mochi suspirou antes de digitar sua senha entregando o celular a Mikey, o líder encarou a tela do smartphone confuso, eram duas crianças entre três e seis anos, duas meninas que sorriam grande para a câmera, a maior delas lembrava um pouco Mochi, mas elas eram bonitas, diferente do pai.

- São minhas filhas, eu estava as mostrando para Akashi - Mochi explicou.

- Estavam sorrindo para o celular por isso? - Mikey os encarou confuso enquanto devolvia o celular.

- Crianças são incríveis, chefe - Takeomi explicou - Eu mesmo já quis ter as minhas, elas são sempre uma alegria.

- Crianças são alegria?

- As outras eu não sei, mas as minhas são minha fonte de felicidade, chefe - Mochi sorriu, Mikey nunca tinha visto ele sorrir antes.

- Fonte de felicidade...

Mikey saiu dali deixando os dois mais velhos confusos, o que tinha acontecido?

O líder Bonten caminhou pelo prédio pensativo, mal notando os homens que o cumprimentava enquanto andava, então era isso que faltava em sua vida? Filhos? Por isso não era feliz? Certo, Mikey nunca teve sentimentos românticos por ninguém, nunca nem cogitou ter filhos.

Seus pensamentos foram para a irmã, Emma amava crianças quando eles eram mais novos, a irmã vivia dizendo de como ia casar, ter filhos e ser imensamente feliz...

Mikey congelou antes de correr para a sala de Sanzu abrindo a porta de uma vez, seu vice o encarou chocado enquanto Mikey o encarava de olhos arregalados.

- Eu quero adotar uma criança!

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Sanzu Haruchiyo estava cansado, esse já era o quinto orfanato que eles visitavam e nada de conseguirem o que seu chefe queria, não o levem a mão, Sanzu beijaria o chão de seu rei se isso fosse o fazer feliz, mas, infelizmente, nem toda sua devoção foi capaz de devolver os sorrisos que Mikey perdeu depois da morte da irmã, e ele realmente torcia para que uma criança fosse a resposta.

O problema? Todas as crianças que viram até agora saiam correndo e chorando quando o viam, Sanzu já estava se cansando e sentia vontade de estourar os miolos do próximo que não ficasse grato por estar na presença de seu rei.

Mikey soltou um suspiro antes de colocar as mãos no bolso começando a se afastar, Sanzu encarou os cuidadores do orfanato irritado.

- Não tem nenhum outro pirralho? - Indagou irritado.

- N-na verdade - Uma das mulheres começou - T-tem um sim, mas ele está sempre chorando, não deve ser o que procuram.

As outras assentiram, se Sanzu conseguisse perceber os sentimentos alheios saberia que nenhuma delas queria que aquele em específico fosse levado pelos criminosos.

Manjiro caminhou até a parte de trás do orfanato, ele estava ficando impaciente, quando essa merda de felicidade viria?! O que ele precisava fazer para essas crianças decidirem dar a si a felicidade?!

O criminoso escutou um choro baixo e se atentou olhando em volta, era para todas as crianças estarem lá na frente não?

Confuso, caminhou até a fonte do choro notando uma criança de cabelos escuros escondido atrás de uma árvore, a criança deveria ter seus seis anos e chorava sentido, o corpo todo balançando com os soluços.

Sem saber o que fazer, Mikey abaixou para sacudir a criança, mas, ao tocar seu ombro, o ser se jogou contra si chorando abraçado a si, isso assustou Mikey que nunca antes foi abraçado, pelo menos não desde a morte de sua irmã.

Todos temiam a si e, a menos que pedisse, seus antigos amigos não o tocava, ele não era abraçado espontaneamente por nada além de seus irmãos e eles estavam todos mortos, mas ali estava, uma pequena criatura chorona, agarrada a si.

Sanzu os encontrou assim e se assustou se adiantando para tirar a criança dos braços de Mikey, mas seu líder ergueu a mão o parando e os dois ficaram completamente imóveis até a criança se acalmar, o ressonar baixinho mostrando que havia dormido.

Mikey se ergueu ajeitando a criança nos braços conseguindo notar as bochechas redondas e o nariz vermelho pelo choro, os lábios finos tinham sido mordidos, mas, fora isso, não parecia ter nada errado com o serzinho em seus braços.

- Sanzu, peça a papelada, quero adotar esta - Mikey decidiu e Sanzu assentiu antes de se curvar voltando para dentro do orfanato.

Mikey seguiu para o carro mexendo na criança em busca de algo que indicasse seu sexo, afinal ele não tinha ideia do que era.

Quando Sanzu voltou, com a papelada já feita, ele assumiu o volante enquanto Mikey seguia no banco de trás, o menino em seus braços.

O Herdeiro BontenOnde histórias criam vida. Descubra agora