6. Calmaria

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Naquela noite, Taehyung notou o olhar devorador que Alice lançou-lhe no elevador. O casal não havia conversado muito no caminho de volta da empresa para o apartamento. Não era como se o moreno não quisesse perguntar sobre o incidente durante a maquiagem de Jungkook. Ele tinha outras preocupações mais urgentes. E todas elas envolviam as intenções maliciosas que sua parceira acabara de deixar evidentes abraçando-lhe por trás e colocando as mãos sob seu peitoral.

— Parece que alguém mudou de ideia sobre todo aquele papo de ir devagar. — Ele disse assim que a porta se fechou, puxando-a pela cintura para perto de si.

— Era uma péssima ideia, por que você não me disse? — Respondeu sedutora, desabotoando sua camisa e arrancando-lhe um meio sorriso safado.

Aquela era uma pergunta justa. Por que ele estava tão calmo com aquele fato? Talvez fosse a segurança na amizade que tinham desde o começo. Talvez o trabalho estivesse tomando um pouco mais de atenção do que deveria. Por um tempo ele pensou em responder que aquilo não importava, desde que ela estivesse a seu lado, desde que ele tivesse sua companhia. Era isso que seu coração exclamava, mas aquelas palavras não eram apropriadas para o momento.

— Estava esperando você se adaptar, te dando espaço, foi uma grande mudança. — Desconversou colocando a mão sob sua nuca e beijando-a nos lábios.

— Okay. — Ficou na ponta dos pés e enlaçou os braços no pescoço dele. — Chega de espaço então, agora eu quero que você me dê outra coisa. — Após essa frase, sentiu seu corpo ser apertado contra o dele.

Estar com Taehyung era tão agradável quanto respirar o ar fresco da manhã após uma noite de chuva. Suas mãos escorriam sob o corpo de Alice como se fossem de seda. Ela se sentia segura, a cada contato, a cada olhar, a cada gemido abafado sob seu pescoço. Por que ela havia demorado tanto para perceber isso? Por enquanto ela enlaçava as pernas sob a cintura dele, Alice se perguntava: Então esse é o fim da minha história? Eu finalmente achei a minha pessoa? Ela sabia que a situação não era tão simples assim, afinal, ela já havia se equivocado antes. Mas naquela noite o sentimento predominante era de conclusão. A brasileira se sentia como se estivesse no final de um filme romântico. A cada beijo, ela podia ouvir a plateia aplaudir o casal principal que havia finalmente ficado junto.

E por algum tempo, aquele sentimento de calmaria foi tudo que Alice precisou para encarar a nova vida no país. Pela primeira vez, ela começava a pensar que um relacionamento poderia durar. Logo, ela se matriculou em aulas de coreano para estrangeiros. "Se eu vou morar aqui, preciso conseguir conversar com todos", pensava ansiosa.

Por enquanto isso, Jimin tentava levantar os ânimos de Jungkook. Com o passar das semanas, era difícil não reparar que o namoro entre Taehyung e a brasileira corria bem. Por mais que a agenda do grupo não lhes favorecesse tanto quanto esperado, o casal passava tempo junto com certa frequência sempre que a equipe de maquiagem era convocada. O maknae tentava acompanhar o loiro nas inúmeras baladas que ele o arrastava, porém sua atitude havia mudado. Não bebia de forma inconsequente e nem se envolvia com qualquer mulher que lhe desse atenção.

— Você parece melhor. — Era a primeira vez que o mais velho comentava sobre o estado de Jungkook. — E pensar que dois meses atrás eu achava que você seria preso e eu teria que pagar sua fiança escondido da Hybe. — Brincou enquanto pedia drinques em um bar.

O par de amigos se encontrava em uma boate no centro de Seul, comemorando o fim das gravações de um comercial de TV. Haviam combinado de encontrar EunWoo e Jaehyun para virar a noite se divertindo, já que era a primeira vez que a agenda dos dois amigos de Jungkook permitia um encontro.

— Como se alguém conseguisse esconder algo da Hybe. — Murmurou revirando os olhos enquanto bebia o copo que o bartender acabava de lhe estender.

— Jungkook, Jungkook... Você tem tanto a aprender. — Jimin respondeu dando-lhe alguns tapinhas nos ombros. — Tantos anos de carreira e você ainda não consegue fazer as coisas no sigilo? Céus, você realmente precisa parar de andar com a 97 line. — Concluiu ao ver que a dupla que eles esperavam surgiu do outro lado do local.

Corações de Papel #2Onde histórias criam vida. Descubra agora