16. Como neve na praia

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— Rosé ou tinto? — Taehyung indagava a Yoona, enquanto analisava o menu do restaurante. Era uma cena engraçada, pois ambos estavam com seus figurinos do dorama. Ela, parecia uma camponesa trabalhadora e ele um executivo poderoso. A maquiagem em seu rosto fazia parecer que Taehyung havia tomado um belo soco, mas tudo fazia parte do seu papel. 

— Você já sabe a resposta. — Quando namoravam, o casal sempre degustava vinho tinto em seus encontros. — Mas por favor, a comida precisa combinar. Não me venha pedir tteokbokki como acompanhamento.

Já passava da meia noite e aquele era um dos únicos restaurantes que ainda permanecia aberto próximo as locações de filmagem. A equipe ainda rondava a região, preparando-se para as gravações do dia seguinte. O trabalho não parava, mesmo quando os atores já tinham sido liberados. Após gravarem suas cenas, Yoona e Taehyung se encontraram no estacionamento e deliberaram sobre o que queriam comer. Algumas palavras jogadas fora depois, lá estavam eles sentados naquela mesa. O estabelecimento era pequeno, e as mesas ficavam do lado de fora do local, de frente a uma rua pouco movimentada. Do lado oposto onde eles se sentavam, era possível ver a luz da lua iluminando as quebras de onda do mar. O som da água batendo sob as rochas durante a maré alta criava uma bela trilha sonora para o local que estava silencioso, devido a baixa movimentação das ruas naquele horário. 

— Fiquei sabendo que você alugou uma casa em frente a praia. — Ela comentou enquanto degustava o vinho que acabara de decantar. 

— Pensei em me instalar por perto, os hotéis ficam muito longe dos locais de filmagem. — Respondeu sem mencionar que o principal motivo dele ter escolhido a casa era Alice. Durante todo o dia ele havia evitado falar de sua namorada. A situação já era um pouco desconfortável, afinal ele teria que beijar aquela mulher eventualmente. Então, ele evitaria falar de relacionamentos, se fosse possível.

— Esperto... Eu passo pelo menos trinta minutos no carro, vindo do hotel até aqui. — Lamentou. — Mas tem um lado bom, a vista da beira da praia é maravilhosa. — Quando ela terminou sua fala, ele concordou.

— Não consegui ver suas cenas hoje, mas obrigado por te assistido as minhas. — Ele introduziu um novo assunto, ao mesmo tempo que mirava de forma sutil o balcão do restaurante, pensando se sua comida já estava pronta.

— Tudo bem, não é como se você tivesse perdido algo. — Suspirou. — Alguém deixou escapar que preferia que tivessem escolhido a Suzy e isso me atrapalhou um pouco.

— Suzy seria uma escolha óbvia, ela é a rainha das pobres sofredoras. Você não devia se preocupar com isso, você vai trazer algo novo pro personagem. — Finalmente, os pratos de entrada haviam chegado. Logo, Taehyung se encarregou de cuidar das carnes por cima da pequena grelha que se instalou na parte central da mesa. O cheiro que se espalhava pelo ambiente os deixava ainda mais famintos.

— Eu só tenho feito esse tipo de papel. — Lamentou. — Os diretores não me oferecem vilãs, esposas, nem mesmo coadjuvantes. É sempre o mesmo biotipo, a mocinha solteira pobre encontrando o amor, no mesmo gênero, um romance.

— Ok, acho que eu não tenho muita propriedade para falar. — Comentou enquanto colocava um pedaço de carne grelhada no prato dela. — Meu primeiro papel foi um samurai. E agora me ofereceram isso, depois de Park Seo-Joon me falar que com certeza me escalariam pra fazer algum tipo de CEO. — Terminou a fala entre garfadas.

— Seu papel caiu como uma luva. — Ela abriu um sorriso. — Você tem a maior cara de vilão, Tae. Não dá pra dizer que você não faz um CEO ainda.

— Acho que você está analisando demais a sua situação. — Tomava um gole de vinho. — Nós só recebemos uma parte do roteiro. As vezes os personagens ainda vão mudar.

Corações de Papel #2Onde histórias criam vida. Descubra agora