Mark Apollo

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Mark nos venceu no pebolim jogando sozinho pelo menos 3 vezes antes de eu me irritar e começar a me esforçar. Veja bem, eu não sou uma pessoa naturalmente competitiva, mas algo na forma como ele dançava a cada gol feito mais a cerveja que eu acabei provando de Will em algum momento ativou um lado desconhecido em mim.

Will não tinha esse lado. Ele bebia, sorria e jogava relaxadamente, como se não estivéssemos sendo surrados e humilhados. Era isso que chamavam de ponto de equilíbrio em um relacionamento? Só sei que na sexta vez nós ganhamos e eu passei minha primeira vergonha na frente do pai do meu futuro marido ao dançar enquanto chamava por Marco Polo.

Não acho que Will vai permitir que um dia eu esqueça disso devido a forma com que riu até literalmente começar a chorar. Sério, nenhum Deus atua do meu lado. Depois disso as pizzas ficaram prontas e acredito que o nosso momento de descontração deu alguma coragem para Mark conversar comigo de forma menos superficial. Ele perguntou meu signo. E me deu mais cerveja.

- Você fica engraçado bêbado. – Dissera em algum momento da noite. – Mas isso é o suficiente por hoje.

E assim ele voltou a me servir coca cola. Eu não estava realmente bêbado, estava mais para um bobo alegre, mas agradeci a preocupação. Eu não me dava bem com álcool e sempre tinha enxaquecas terríveis no dia seguinte, por isso evitava ao máximo. Contei isso para Will quando ele perguntou se eu não queria mais mesmo ou se eu só tinha acatado a vontade de seu pai.

- Uma pessoa que conhece seus próprios limites... você deveria ensinar isso a sua alma gêmea. – Foi o que respondeu, seguido de uma história patética de como Percy passou mal uma vez em um bar à beira mar e vomitou na areia da praia.

As pizzas de Mark foram as melhores que eu já provei na vida, sem nenhuma puxação de saco. E de alguma forma tivemos brownie para a sobremesa – que eu não sei quando Will comprou, mas era o nosso brownie.

- Sério, você não enjoa disso? – Questionei.

- Não. Tipo, isso é muito bom. Derrete na boca e é meio amargo... – Ele declarava-se ao doce enquanto seu pai ria.

- No começo também achei que era somente uma desculpa para ir vê-lo Nico, mas ele realmente gosta deles.

- Perdão?

- Pai!

Era a primeira vez que eu via Will desconcertado naquele dia – eu já tinha perdido a conta de quantas vezes aconteceu comigo. Depois da dança vergonhosa teve o molho que eu derrubei na toalha branquinha e que quando tentei limpar ficou pior, as 22 colorações diferentes que meu rosto adquiriu depois de Will me beijar na frente de seu pai enquanto comíamos e até mesmo um áudio de Jason - que driblou o sensor do celular e começou a tocar alto mesmo que eu tenha colocado no ouvido para escutar - que dizia que se passasse das dez horas da noite ele não me aceitaria em casa mais, o que resultou de alguma forma em mim concordando em dormir na casa de Will.

- Oh! Mas ele precisa saber disso antes de aceitar sair com um stalker como você. – Mark começou. – Quando eu vi a quantidade de gastos no cartão que ele estava tendo numa cafeteria eu soube na hora que tinha alguém envolvido. Ele não me disse nomes, mas falou que eram gastos necessários para ir ver o "amor da minha vida". – Ele desenhava aspas no ar com os dedos.

- PAI!

- O que? Não se faça de rogado agora. Ele ia lá para te ver, os brownies eram só um bônus, ou tô errado?

Will de repente exalava o mesmo ar que o meu quando decidi que escutar um áudio do Jason com pessoas por perto era uma boa ideia – o de quem estava disposto a se enterrar no chão caso um buraco milagrosamente abrisse no mesmo. Eu não precisei de confirmação nenhuma dele sobre os fatos explanados por seu pai.

"Eu tô REALMENTE a fim de você, sacou?"

Porra, eu não sou o único boiola.

Não acho que minha gargalhada tenha diminuído o constrangimento de Will, mas ele sorria em minha direção de forma calorosa enquanto seu rosto incandescia.

Quando fomos nos deitar era próximo da uma da manhã. Mark de alguma forma tinha conseguido me convencer a participar de uma competição de Just dance. A família Solace tinha algum charme estranho sobre mim. Controle de mentes e coisa e tal.

Ao entrar no quarto de Will parecia que estávamos mudando de universo. Um buraco de minhoca dentro daquela casa cheia de cores e juventude. As paredes eram opacas e o ambiente clean, completamente organizado e com poucos móveis – definitivamente diferente do meu quarto e do de Jason. A cama ocupava a maior parte do espaço... uma king size de burguês safado. O único traço de sua personalidade no quarto seriam os lençóis e cobertas do Toy Story.

Will me emprestou um par de moletons para dormir que ficaram gigantes, mas eram quentinhos. Eu não quis tomar banho e fui direto para a cama, e embora eu estivesse ansioso o álcool em meu sangue me deixava sonolento. Não sei em que momento apaguei, mas tenho fragmentos de memória de quando Will voltou do banho e se aconchegou ao meu lado, me puxando para perto. E então mais nada.

Akai ItoOnde histórias criam vida. Descubra agora