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Hoje já é quarta, minha última conversa com Gabriel foi ontem a noite, ele me passou algumas ideias e resolvemos a lista de convidados também.

Fora isso, não trocamos um a sobre a nossa briga, a única coisa que ele me perguntou foi se estávamos bem e se eu estava bem.

Acabei pedindo um tempo pra ele, essa semana que vou estar no colégio, pra pensar melhor e deixar as ideias na cabeça mais ok.

Ele concordou comigo, e desde então não estamos mais nos falando, mas combinamos que na sexta a tarde ele viria me buscar aqui.

Nesse exato momento eu estava atrasada pra aula de vôlei e sai correndo do meu quarto pra quadra, mas no caminho acabei esbarrando em alguém.

Tinha que ser eu.

- Droga, me desculpa. - levantei com a mão na cabeça

- Tá tudo bem, relaxa. - uma voz grossa mas não desconhecida levantou me olhando com os olhos verdes e um sorriso lindo com suas covinhas a mostra

- Eu te conheço ? - encarei ele

- Acho que conhece - ele riu - sou Victor, a gente fez balé juntos antes daquele acidente que aconteceu com você, sinto muito por isso. - memórias veio na minha mente

- Tudo bem, isso já passou tem uns anos. - dei um sorriso frouxo

- Ouvi dizer que você tava fazendo balé aqui, vim conferir pra ver se era verdade mas aí não vi você nas aulas... - ele disse meio óbvio e eu o encarei

- É sério ?

- Não! - ele riu - tô brincando com você, nem eu nunca coloquei o pé na sala de balé, sou novo aqui.

- E o que lhe trouxe a essa belíssima escola ?

- Minha achou que eu precisava de uma lição. - ele piscou pra mim

- O que você andou fazendo ? - saímos andando em direção a quadra

- Vivendo. - ele disse óbvio - ela não gostou disso. - o encarei curiosa e ele riu antes de continuar falando

- Minha mãe é médica, e quer que eu siga os passos dela pra aumentar os médicos da família. Mas a minha paixão não é a medicina.

- E qual é a sua paixão ?

- Eu gosto de viajar, conhecer lugares novos.

- Eu também gosto de viajar. - falei na inocência

- Não quero dizer fazer simples viagens, como entrar em um avião e ir para um destino. Eu gosto de viver cada experiência diferente, botar uma mochila nas costas e no caminho decidir o que vou fazer de diferente hoje, sabe ? - fiz que não com a cabeça

- Qual a foi a sua última experiência, antes de vir parar aqui. - perguntei curiosa

- Eu fui procurar uma cachoeira escondida em São Paulo, não aquela que já é conhecida, era um desconhecida que eu juntei uns amigos e fomos em busca. Foi tudo incrível, mas a gente não achou a cachoeira, juro que ainda vou encontrar essa safada. - ele falou tão sério que me fez rir

- E então ? não achou a cachoeira e veio parar aqui ?

- Você é curiosa né ? - ele deu uma bagunçada no meu cabelo e fiz que sim com a cabeça

- Tinha um amigo que estava comigo, e ele corria um certo perigo porque o pai dele era um delegado bastante conhecido, só que do mesmo jeito ele quis ir conosco pra essa trilha, como a gente não achou a cachoeira iríamos voltar mas no caminho sequestraram a gente. - engoli seco - Durou 5 dias, torturaram a gente como nunca, parecia que estavam com o diabo no corpo, eles queriam muito se vingar do pai dele. A gente achou que tudo tinha acabado quando libertaram a gente do nada e o pai dele estava nos esperando do lado de fora - ele fez uma pausa antes de continuar - deram um tiro na cabeça dos dois assim que eles se abraçaram e depois se suicidaram largando a gente lá com os corpos e sem saber o que fazer.

- Meu Deus!! eu sinto muito, eu sinto muito mesmo - eu nem percebi mas estava chorando

- Ei - ele passou a mão no meu rosto secando as lágrimas - relaxa, já passou.

- É que me deu um gatilho enorme.

- Eu sei - ele levantou meu rosto de me olhou nos olhos - eu sei o que você passou.

- Como você ? - ele me cortou

- Passou em todos os jornais, Maria. - tinha esquecido o quão conhecido era o caso

Eu esperei uns segundo até conseguir controlar meu choro e ficar de boa.

Em todo momento Victor ficou do meu lado esperando e eu agradeci mentalmente por isso.

- Tudo bem ? - ele perguntou e eu concordei com a cabeça - que bom, você perdeu a aula né ?

- Droga! - ri de nervoso - primeiro dia e já to perdendo aula

- Para de se cobrar tanto, como vai a vida ? o que você anda fazendo ?

- Eu tô noiva. - ele se assustou

- Porra, eu vi esse anel gigante aí mas não imaginei que era de casamento. - eu ri

- Sim, é de casamento. - mostrei o anel pra ele e ele analisou

- É lindo. - senti um desconforto em sua voz

- Tá com inveja é ? - debochei

- Não, fiquei assustado mesmo.

- Porque ?

- Porque você é muito nova, casamento ? sério ? você ainda nem viveu o que tem pra viver, esse mundo gigante, tanta coisa linda pra conhecê e descobrir e você tá aí preocupada com casamento....

Fiquei pensando um pouco no que ele me falou, mas preferi não pensar muito porque sei que eu iria ficar paranóica com isso.

Eu e Gabriel já não estávamos em um bom momento, e ficar com essas coisas rodeando a minha cabeça não era bom.

Agradeci Victor pelo papo e me levantei pra voltar ao meu quarto, mas senti sua mão me segurar pelo braço.

- Me desculpa se falei algo que não gostou, mas pensa sobre isso, se quiser eu te levo em uma aventura. - ele piscou pra mim e abriu mais uma vez aquele sorriso que era lindo.

Colega de quarto Onde histórias criam vida. Descubra agora